A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) considera "bastante incompleto" o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no que diz respeito à mobilidade, apontando a ausência da bicicleta como "pouco prudente".
"Os investimentos previstos na mobilidade sustentável apenas dizem respeito ao transporte público, o que nos parece bastante incompleto. Falar de mobilidade sustentável e não incluir a utilização da bicicleta e o andar a pé parece-nos impossível e pouco prudente", afirma a FPCUB num comunicado enviado à agência Lusa e onde revela as propostas da federação no âmbito da consulta pública do PRR.
O organismo critica que a bicicleta esteja "cada vez mais omissa" da política de descarbonização e da bioeconomia, recordando que "andar a pé e de bicicleta são os dois únicos modos de transporte que não emitem CO2".
Assim, a FPCUB aponta 13 recomendações que considera "indispensáveis" no PRR, com destaque para a necessidade de uma reforma profunda no planeamento e desenho urbano dos centros das cidades, onde pede que seja devolvido espaço ao peão, promovida a segurança rodoviária e incrementado o serviço de partilha de bicicletas partilhadas, em articulação com uma Rede Nacional de Infraestruturas Cicláveis ligada aos equipamentos coletivos de transporte.
No universo da Administração Pública Central, a FPCUB aponta a necessidade de reforçar a capacitação técnica das estruturas e serviços públicos que trabalham na área da mobilidade e dos transportes.
A terminar, a federação lembra ainda que, além de acelerar uma reforma estrutural que apoiará a recuperação económica e a resiliência do País, a introdução da bicicleta no PRR "é uma forma de apoiar hábitos de vida saudável, atividade física moderada e modos de transporte mais ecológicos", apontando o reforço o apoio financeiro à aquisição de bicicletas como um caminho a seguir.
"Não pode ser possível investir em mais quilómetros de rede rodoviária sem, pelo menos, garantir a sua compatibilização com a mobilidade pedonal e ciclável em segurança e conforto", termina a FPCUB.
O PRR, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, está em consulta pública até hoje e prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.
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