José Manuel Araújo perspetiva um caminho duro até Los Angeles2028, mas quer lançar já as bases para as edições seguintes dos Jogos Olímpicos, assente num projeto “revolucionário” de captação de talentos a nível nacional.
“O caminho vai ser duro e, felizmente, vai ter mais um ano do que teve o de Paris. Mas, para mim, o que é muito importante, é, de facto, criar as condições para que Los Angeles corra bem, mas que Brisbane [2032] também corra bem e que, depois, os Jogos de [20]36 também”, afirmou.
Em entrevista à agência Lusa, no Estádio Nacional, em Oeiras, o candidato à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP) reiterou que a aposta nas Esperanças Olímpicas é algo que o motiva muito.
“Deve ser por projeto, não é para apoiar o atleta A, B ou C, mas cada uma das federações pode encontrar projetos que peguem num conjunto de jovens com elevado potencial e que os coloquem, digamos, em condições de poder crescer”, de modo a evitar que, depois “de uns resultados fantásticos em Los Angeles”, não haja “ninguém a chegar” para tomar o testemunho, explicou.
O Projeto Esperanças Olímpicas visa criar condições de apoio a atletas e equipas que sejam identificados, através do seu valor desportivo, como esperanças olímpicas em preparação para os Jogos Olímpicos.
“Temos de apostar muito neste tipo de projetos para que, mais tarde, possamos ter esta consistência de resultados e possamos falar de um crescimento sustentado e não de um crescimento meramente conjuntural”, vincou.
No seu manifesto eleitoral, e neste ponto em específico, o atual secretário-geral do COP prevê um Programa de Deteção e Desenvolvimento de Talentos, sobre o qual não quis, para já, alongar-se.
“Não posso desvendar tudo, porque essa será uma parte importante deste projeto e que poderá, para mim, ser um pouco revolucionária. Acho que o Comité Olímpico, porque tem as condições de reputação da instituição e porque tem a dimensão desportiva adequada, tem a obrigação de liderar um programa que seja feito para que nós possamos detetar talentos, fazer o apoio certo e que possamos também, de alguma forma, diversificar o próprio encontrar desses jovens talentos para várias modalidades”, esclareceu.
Esse programa permitiria, segundo Araújo, oferecer um conhecimento mais amplo do potencial existente no país, garantindo que os jovens, “estejam em Vila Real de Santo António, Caminha ou Miranda do Douro”, possam ter “a perceção das suas qualidades morfológicas, técnicas, físicas para a prática de determinadas modalidades”.
“E, depois, possam ser acompanhados pelas federações para que possamos encontrar aqui as melhores soluções para que mais gente pratique desporto, mas mais gente pratique o desporto certo para as suas condições”, finalizou.
Tal como não quis desvendar os contornos deste novo programa, José Manuel Araújo também preferiu não adiantar quem o acompanhará na lista às eleições do COP, que acontecerão em março.
“Vamos ter gente de muita qualidade, felizmente muitos deles reconhecidos por tanta gente do mundo do desporto, mas naturalmente o foco agora é dizer-vos que a minha prioridade foi encontrar desde já pessoas que, como o João [Rodrigues] e como a Diana [Gomes], mostram que os atletas têm capacidade e competência para chegar aos mais altos níveis do dirigismo desportivo e que, tendo a experiência da prática e tendo também a capacidade da competência da gestão, farão de certeza muito bem e são claramente o futuro”, vincou.
Português com mais presenças em Jogos Olímpicos, com sete, João Rodrigues será membro da comissão executiva do COP caso Araújo seja eleito, tal como Diana Gomes, a presidente da Comissão de Atletas Olímpicos.
“Estamos sempre todos a dizer que é importante ter os atletas, toda a nossa política desportiva deve ser focada no atleta. E, depois, quando o atleta tem a disponibilidade, a capacidade, a competência que a Diana e o João têm, nós não podemos olhar para trás e dizer, ‘bom, então agora vou aqui escolher outra pessoa, porque os votos da Federação A, B ou C são mais importantes e eu tenho de voltar atrás na minha decisão’”, sustentou.
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