O presidente da Federação Portugal Taekwondo, Nuno Semedo, defendeu hoje a “justiça” dos critérios de seleção para o campeonato do Mundo, que deixaram de fora o olímpico Rui Bragança e o também consagrado Júlio Ferreira.
“Temos de entender que o taekwondo esteve impedido vários anos de ir às provas internacionais. Desde 2017 que maioria dos atletas não o pode fazer por questão de política desportiva da anterior federação. Para sermos justos, temos de valorizar o seu desempenho a nível nacional e internacional. Não queremos que uma má prestação numa única prova seja razão para se colocar alguém de fora”, explicou o dirigente, à Lusa.
Rui Bragança, olímpico no Rio2016 e Tóquio2020, sagrou-se campeão nacional no sábado, tal como Júlio Ferreira, contudo, acabaram ambos preteridos face aos regulamentos que valorizam no somatório de pontos as competições nacionais em comparação com o nível competitivo bem mais exigente de quem disputa as internacionais.
“Temos de perceber que o Rui fez nesta época desportiva uma prova. E teve acesso às oportunidades de todos. Está em segundo lugar com uma só competição e ainda assim está em número dois do ranking”, ilustrou o dirigente.
Assim, o campeonato nacional vale 120 pontos e um regional 40, enquanto o feito de ser número um do ranking mundial vale somente 50: de igual modo, um open luso com mais de 100 participantes, em todos os escalões, equivale-se a provas pontuáveis para o ranking mundial, com outra exigência.
Na convocatória para o Mundial de Baku, Gonçalo Lopes é o eleito na categoria de -58 kg na qual compete Rui Bragança, enquanto Tiago Lopes superou o igualmente experiente Júlio Ferreira em -80 kg para a competição que vai decorrer entre 28 de maio e 06 de junho, em Baku.
“Com este regulamento tentamos proteger todos os atletas. Para valorizar o percurso internacional de competidores como o Rui e outros valorizamos pontos extra para quem está em determinados lugares do ranking mundial”, reforçou Nuno Semedo.
Apesar de tudo, o presidente da federação recorda que, neste momento, há somente uma pré-seleção e que ambos estão “elegíveis”, caso os titulares do direito a ir ao Mundial não o façam, uma vez que terão de custear a presença com recursos próprios.
“É aguardar, pois não queremos influenciar a decisão de qualquer atleta”, serenou.
Nuno Semedo revelou, ainda assim, “orgulho” por ter Rui Bragança no projeto olímpico, no qual poderá ser prejudicado por não poder amealhar pontos no Mundial.
“Temos o Rui no projeto olímpico e estamos orgulhosos por ele. Estamos a fazer de tudo para garantir-lhe as melhores condições para estar em Paris2024. Não é o único, pois acreditamos que podemos ter três elementos nos Jogos. É a nossa ambição e o trabalho que fazemos no terreno. Vamos fazer de tudo para que isso seja possível”, garantiu.
Ainda assim, recordou que a federação deve seguir as regras da “transparência e justiça desportiva” que norteia a sua ação.
“É importante percebermos que estamos num momento de transição, muito sensível. Estamos a congregar esforços e a reunir toda a comunidade do taekwondo. É normal haver sempre ajuste e reorganização dos clubes, felizmente para uma realidade diferente, muito transparente e honesta. É crucial que todos entendem que isto não é um processo imediato”, conclui o presidente do taekwondo.
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