O lutador Pedro Carvalho afirmou que o primeiro combate no circuito Bellator de artes marciais mistas (MMA), no qual venceu o inglês Daniel Crawford, foi o "mais especial da carreira" por lhe ter mudado a "vida pessoal e profissional".
Prestes a defrontar o brasileiro Patrício Freire, campeão mundial de peso-pena, em 13 de março, nos Estados Unidos, o atleta vimaranense recordou, em entrevista à agência Lusa, que o contrato firmado com o Bellator se cingia àquela luta, decorrida em 25 de maio de 2018, na arena de Wembley, em Londres (Reino Unido), pelo que vencer era decisivo para se manter no circuito.
"Se perdesse, não saberia quando é que ia ter [de novo] uma oportunidade daquelas. Talvez nunca. Talvez demorasse anos. Ia ser um enorme passo atrás na minha carreira e eu precisava daquela luta, não só a nível financeiro, mas também porque era o caminho que eu queria dar à minha carreira. Foi a luta mais especial para mim, até à data", disse, nas instalações da antiga fábrica têxtil Asa, em Guimarães, onde treina quando regressa da Irlanda.
Pedro Carvalho salientou que o combate era "basicamente a festa de entrada no Bellator" de Daniel Crawford, então visto como a "maior promessa do MMA europeu", com 10 vitórias e uma derrota até à data, quase todas por ‘knockout', mas o triunfo pendeu para o seu lado por decisão dos juízes, esgotadas as três rondas de cinco minutos.
Depois de ter vencido dois combates em Drogheda, na Irlanda, diante do brasileiro Janderson Castro, em 2017, e do russo Ibragim Kantaev, em 2018, Pedro Carvalho ‘apostou' as "fichas todas" no duelo com Crawford, postura que o levou até a despedir-se do ginásio SBG, onde treinava, em Dublin, capital irlandesa.
"Toda a gente na academia perguntou-me porque é que me despedi. Disse que não queria nenhum tipo de pensamento negativo no fundo da minha cabeça, do tipo: Pedro, se perderes o combate, tens sempre o teu trabalho. Não queria esse pensamento negativo. Queria 100% a minha cabeça limpa e focada só na vitória", confessou.
O vimaranense viu-se então numa situação em que "ganhava ou ganhava", num momento em que "estava sem trabalho", "não tinha dinheiro nenhum" e a "namorada estava grávida", prestes a ter o primeiro filho da relação.
O lutador mudou-se para a Irlanda em 2017, depois de cinco anos a competir em Portugal num desporto pelo qual "se apaixonou" graças a um programa televisivo sobre o circuito mais mediático de MMA, o UFC, que lhe despertou, por volta de 2008, a vontade de ser "o melhor do mundo" a lutar.
"Quando tomei conhecimento que havia na minha própria cidade a equipa RS Team, do Rafael Silva [o seu primeiro treinador], foi só uma questão de me inscrever e de me tornar cada vez mais forte, semana após semana. Eu queria provar a todos que iria estar no topo", recordou.
Apesar dos "primeiros tempos nunca terem sido fáceis", o atleta luso considera-se adaptado à "cultura irlandesa", numa experiência que o "obrigou a amadurecer" quer como pessoa, quer como atleta do ginásio SBG, com cerca de 80 lutadores profissionais de MMA e jiu jitsu, entre os quais o mais mediático do circuito UFC, o irlandês Conor McGregor.
"Apesar de ter aquela ‘persona' em frente à câmara, ele é como todos nós lá: vai todos os dias para o ginásio, dá o melhor dele, tenta melhorar naquilo que pode, para, ao fim e ao cabo, quando é a altura de lutar, ter a melhor ‘performance' de todos", disse.
Questionado sobre a diferença entre o Bellator e o mais mediático UFC no universo do MMA, Pedro Carvalho realçou que a principal diferença é mesmo o "prestígio" da marca UFC, existindo lutadores de qualidade em ambos os circuitos.
"Há atletas do UFC que conseguem vencer os do Bellator e atletas do Bellator que conseguem vencer os do UFC. Houve atletas do Bellator que foram campeões no UFC", concluiu, a título de exemplo.
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