Connor McGregor vai tentar conseguir algo que ninguém conseguiu fazer: derrotar Floyd Mayweather desde que este se tornou pugilista profissional. Em caso de vitória sobre o lutador do UFC, ‘The Money’ alcança o seu 50º triunfo consecutivo.
Porém, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, um lutador búlgaro 'aproveitou' uma decisão polémica para conseguir a vitória sobre Mayweather Jr, tendo sido o grande momento da sua carreira.
“Sinto-me como um vencedor e fico orgulhoso por ser o único homem a ter batido o Floyd Mayweather Jr. Neste momento todo o mundo sabe quem eu sou. Tinha medo que já me tivessem esquecido”, afirma, orgulhoso, Serafim Todorov.
Orgulhoso, mas amargurado com o rumo que a sua vida tomou. No seu pequeno apartamento, Todorov vive dependente do subsidio do governo a rondar os 400 euros mensais.
“O dinheiro que recebo não é suficiente. A minha família não tem emprego. É difícil porque vivo numa pequena cidade e não há muito trabalho. Do que recebo, ainda há um empréstimo para pagar ao banco e contas para saldar. Tinha uma casa maior na minha terra [Peshtera] mas tive de vender porque não tinha dinheiro para sobreviver”, confessa o antigo pugilista búlgaro.
Longe vão os tempos gloriosos de agosto de 1996 e a vida de Serafim Todorov mudou muito desde os Olímpicos de Atlanta. Na altura sentia-se imbatível e confiante, tanto que treinou apenas nas três semanas anteriores ao combate.
“A minha experiência era muito mais forte. Tinha vencido todos os russos, os cubanos, alguns americanos, alemães e campeões olímpicos. Gozava com eles lá dentro e vencia-os a todos. E era muito inteligente. Era um pugilista com um estilo muito bonito e atraente de se ver. No ringue é preciso ser um artista. E eu era-o.”.
Arbitragem polémica
Floyd Mayweather, com apenas 19 anos, viu a sua mão ser levantada em sinal de vitória na meia-final, mas a contagem atribuía uma vantagem de 10-9 para Todorov. O árbitro egípcio enganou-se e acabou por corrigir. “Quando o combate terminou, achei que estava na frente ou pelo menos empatado”, disse o jovem Floyd.
Este capítulo gerou muita polémica na altura e a comitiva norte-americana protestou, referindo que os golpes de Mayweather não foram contabilizados. Para piorar o ambiente já pesado, o presidente da comissão de arbitragens da altura era búlgaro.
Floyd Mayweather recebeu a medalha de bronze mas (já) teve uma atitude de vencedor: “Vocês sabem e eu sei que não iria ser atingido na final. Eles dizem que ele é o campeão do mundo mas agora todos vocês sabem quem é o verdadeiro campeão. Eu sei que ganhei. Estou orgulhoso com o que fiz. Representei o meu país. Quando voltar a casa, quero toda a gente tão contente como se tivesse ganho o ouro”.
Todorov acabou por perder a final para o tailandês Somluck Kamsing e mergulhou as suas mágoas em álcool e pensou em desistir do boxe, tendo recusado dois promotores com propostas de luxo para futuros combates. O ‘não’ manteve-se.
Todorov e Mayweather, dois caminhos diferentes
Após a recusa, os dois promotores contataram Floy Mayweather e todos conhecemos a ascensão do norte-americano, tornando-se um dos melhores atletas de sempre da modalidade. Contudo, Serafim Todorov não atribui diretamente as propostas ao sucesso de ‘The Money’, acreditando que ele se tornaria de qualquer forma aquilo que é hoje.
“Floyd, dou-te os parabéns por continuares imbatível e espero que continues assim depois do combate com o Pacquiao. Isso vai fazer-me sentir mesmo muito orgulhoso por ter sido o único homem que alguma vez conseguiu derrotar-te”, afirmou.
*Este artigo foi adaptado de uma entrevista de Tedorov Serafim à CNN em 2015 e numa reportagem da edição de 28 de abril do mesmo ano ao jornal i.
Comentários