A seleção portuguesa de andebol vai tentar o difícil apuramento para os Jogos Olímpicos, num momento sensível dada a morte de Alfredo Quintana, com o “compromisso de lutar até ao fim por Tóquio2020”, disse hoje o selecionador Paulo Pereira.
“Por nós e por ele [Alfredo Quintana]” é o mote de Paulo Pereira para o torneio olímpico de qualificação, frente às seleções de França, Croácia e Tunísia, de sexta-feira a domingo, em Montpellier, e que apura os dois primeiros para Tóquio2020.
Paulo Pereira abordou o momento de enorme emotividade que a seleção atravessa, com a perda de um dos seus pilares, e reconhece que “é necessário fazer alquimia”, nos quatro treinos de que dispõe antes da prova, para “consolidar a equipa, adaptá-la ao jogo dos adversários e melhorar detalhes”.
Sem o malogrado Alfredo Quintana, que morreu em 26 de fevereiro na sequência de uma paragem cardiorrespiratória num treino do FC Porto, nem Humberto Gomes, por lesão, o selecionador deposita “total confiança” nos jovens guarda-redes Gustavo Capdeville, Diogo Valério e Manuel Gaspar.
Sem o lateral Gilberto Duarte, igualmente ausente por lesão, Paulo Pereira admite que também o pivô Alexis Borges “só terá 1% de hipóteses de se juntar à equipa”, uma vez que se encontra a recuperar de uma lesão, mas está nos convocados dado encontrar-se em Montpellier (onde joga).
Para colmatar a mais do que provável ausência do luso-cubano Alexis Borges, o selecionador chamou o experiente pivô Tiago Rocha, que “tem estado a jogar muito bem no Sporting”, e que terá ainda um papel suplementar, no que toca a “ajudar o grupo de trabalho a superar este momento difícil”.
“O que vai acontecer nós não sabemos, mas vamos fazer tudo o que pudermos para garantir a qualificação”, referiu Paulo Pereira, considerando crucial vencer os dois primeiros jogos frente à Tunísia (sexta-feira) e Croácia (sábado).
O selecionador recordou a “resposta excecional” dada pelos jogadores do FC Porto na vitória sobre os noruegueses do Elverum (38-31), para a Liga dos Campeões, no primeiro jogo sem o guarda-redes Alfredo Quintana entre os postes, e espera “algo idêntico” no torneio olímpico.
“Vamos defrontar das melhores seleções do mundo, incluindo a Tunísia, que se está a preparar há um mês. A França e a Croácia lutam sempre pelas medalhas”, referiu o selecionador, admitindo que, no atual contexto, as condições de Portugal “modificaram-se bastante e vão exigir uma adaptação rápida”.
Paulo Pereira reconheceu que “jogar três jogos em três dias consecutivos vai exigir uma entrega excecional dos jogadores, sobretudo ao nível físico”, e que a seleção vai ter que “gerir muito bem a questão das trocas, para ganhar o primeiro jogo e ir para o segundo lutar pela vitória”.
“A nossa mentalidade é a de vencer e aceder aos Jogos Olímpicos, mas temos que ter os pés bem assentes no chão e lutar por esse objetivo”, disse Paulo Pereira, que anunciou que irá deixar fora dos eleitos para França, tal como estava previsto, o jovem central André José, do ABC.
O ponta Pedro Portela reconheceu que “todo o grupo de trabalho sente muito a falta de Alfredo Quintana”, a quem desejam dedicar o apuramento olímpico, mas que “todos os jogadores estão preparados mentalmente para conseguir a qualificação”.
“A Tunísia é uma seleção difícil. A França e a Croácia são equiparadas e as candidatas a passar”, admitiu Pedro Portela, reconhecendo que Portugal, com a qualidade de jogo que possui, “também quer estar nos Jogos Olímpicos e irá fazer tudo para alcançar esse objetivo”.
O lateral Alexandre Cavalcanti admitiu que a seleção tem pouco tempo para preparar os jogos, mas, como esteve junta em janeiro no Mundial, tem a possibilidade de consolidar esse trabalho e corrigir alguns erros, para “entrar com tudo e ganhar os jogos da qualificação”.
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