Jogadores da seleção portuguesa de andebol assumiram hoje o favoritismo no Grupo 4 da fase de qualificação para o Euro2022, nove meses depois da melhor prestação de sempre do país num torneio continental, finalizada na sexta posição.

“Acho que temos de assumir [o favoritismo]. Esse lugar tem de nos dar motivação e nos fazer ver que realmente temos qualidade e somos capazes. Durante alguns anos faltou isso ao andebol português. Passando duas equipas, temos de pensar que é impensável não ir ao próximo Europeu”, admitiu aos jornalistas o lateral Fábio Magalhães, do FC Porto.

Os pupilos de Paulo Jorge Pereira recebem Israel na quarta-feira, às 19:30, no Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos, quatro dias antes do reencontro com a Lituânia, oponente no apuramento para o Euro2020, realizado entre Áustria, Noruega e Suécia.

“São certamente equipas complicadas. Temos mais conhecimento da Lituânia, mas estamos neste momento a preparar Israel, que tem alguns jogadores interessantes. Já observámos alguns vídeos, mas ainda temos de aprofundar um pouco essa avaliação e trabalhar, de forma a estarmos preparados para termos uma boa vitória”, apontou.

A principal oposição chama-se Islândia, que infligiu uma derrota na ronda principal do Campeonato da Europa (28-25) e fará dois jogos com Portugal em janeiro de 2021, antes de novo cruzamento no Mundial do Egito, dois meses antes do torneio pré-olímpico.

“Este ciclo pode ser um problema, mas é um problema bom. É sinal de que estamos na alta roda do andebol. Será uma motivação enorme para conseguir vencer o cansaço e batalhar por objetivos que são todos importantes. Vai ser um ano muito longo, mas temos qualidade e muita gente para aguentar isso”, analisou Fábio Magalhães, de 32 anos.

O lateral esteve presente na apresentação das novas camisolas da seleção portuguesa, acompanhado pelo ponta-direita António Areia, também do FC Porto, que se mostrou “especialmente honrado” por voltar a vestir as cores nacionais e rever companheiros.

“O que fizemos no Europeu foi muito bom, mas é passado e não pode servir de suporte para aquilo que aí vem. As nossas expectativas são altas e a prioridade é cronológica. Por agora estamos a jogar o apuramento para o Euro2022 e queremos seguir com duas vitórias. Somos ambiciosos e é nessa linha que encaramos as competições”, frisou.

António Areia admite “ser possível” Portugal continuar a somar êxitos na elite do andebol, visando a sexta presença no Campeonato da Europa, “um excelente Mundial” após 18 anos de ausência e uma inédita qualificação olímpica, que “seria o auge da carreira”.

“Apesar de estarmos ansiosos para voltar a jogar com bancadas cheias, já não nos podemos agarrar muito a esse fator e temos de nos adaptar a esta realidade. Se não existe a força do público, temos de ter mais força dentro do grupo para fazer o tal papel dos adeptos nos jogos. Ao início foi estranho, mas não é uma coisa nova”, lembrou.

Depois de uma pré-seleção com 35 nomes, o treinador Paulo Jorge Pereira chamou 19 jogadores para um estágio de preparação, que decorre no Porto e assistiu no domingo à troca do guarda-redes Gustavo Capdeville (Benfica) por Manuel Gaspar (Sporting).

A seleção conserva a base do Euro 2020, sem os influentes Gilberto Duarte (Montpellier) e Tiago Rocha (Sporting), mas com as estreias do luso-cubano Víctor Iturriza (FC Porto) e dos jovens Leonel Fernandes (FC Porto) e Salvador Salvador (Sporting).

“São atletas que vêm das camadas jovens, ficaram em quarto lugar nos Mundiais sub-19 e sub-21 e estão habituados a alguma rodagem a nível internacional. É sempre diferente representar a seleção A, mas, se estão aqui, é por mérito próprio. Penso que é inevitável haver esta remodelação a espaços”, concluiu António Areia, de 30 anos.

Portugal vai lutar por uma das 20 vagas restantes no próximo Campeonato da Europa, que decorre entre 13 e 30 de janeiro de 2022, na Hungria e na Eslováquia, ambas já apuradas na condição de anfitriãs, tal como Espanha e Croácia, finalistas em 2020.