O lateral-direito Diogo Silva é uma das figuras de proa da nova geração jovem do andebol português, determinada em prosseguir o sucesso acumulado pelos seniores no regresso aos grandes palcos internacionais.
“Já demos bastantes provas de que o futuro também passa por nós e pode ser risonho para a modalidade em Portugal. Juntar jogadores muito experientes e esta malta com vontade de crescer é uma mais-valia para a seleção e uma receita para o sucesso”, sustentou à agência Lusa o andebolista cedido pelo FC Porto aos eslovenos do Celje.
Com 76 golos em nove encontros, o canhoto foi o melhor marcador do Mundial sub-21 em 2019 e acompanhou o pivot Luís Frade no sete ideal de uma prova em que a estreia do conjunto das ‘quinas’ acabou premiada com a quarta posição.
Registo idêntico alcançaram os pupilos de Nuno Santos um ano antes, no Campeonato da Europa sub-20, com o atleta do Sporting a repetir a proeza de melhor pivot, enquanto Diogo Silva arrebatou o prémio de melhor individualidade do torneio em solo esloveno.
“Desde o início da nossa formação houve uma grande aposta nesta geração. Repararam que havia alguma qualidade e bastante potencial para ser trabalhado e depois também tivemos a sorte de contar com imensos treinadores e associações de andebol focados no trabalho destas gerações. Tudo isso ajudou-nos a crescer imenso”, explicou.
O lateral, de 21 anos, valoriza ainda o investimento dos principais clubes nacionais, que catapultou FC Porto e Sporting até aos oitavos de final da Liga dos Campeões em épocas consecutivas, após brilharetes na Taça EHF e na Taça Challenge, respetivamente, numa tendência amparada pela melhor prestação lusa de sempre no Euro2020.
“Surpreendeu-me ligeiramente que tenham obtido tantos bons resultados com consistência. Claro que tinha perfeita noção da imensa qualidade do grupo e já estava a contar com uma excelente prestação, mas a forma autoritária como derrotaram a Suécia por tantos golos [35-25] causou-me alguma surpresa”, admitiu.
Diogo Silva participou em três encontros sob alçada de Paulo Jorge Pereira na preparação para o evento sediado entre Áustria, Noruega e Suécia em janeiro, mas uma entorse no tornozelo contraída no final de novembro gorou uma possível convocatória.
“Perdi uma oportunidade excelente de representar a seleção, mas nessa altura tive o mês todo para recuperar com calma e a 100 por cento para evitar mazelas, estar bem fisicamente e disponível para o resto da época”, contou o meia-distância, que se iniciou no Colégio dos Carvalhos e rumou ao FC Porto em 2014/15 para completar a formação.
O sexto lugar no Europeu conduziu Portugal a um dos três torneios pré-olímpicos para Tóquio2020, no qual contará com oposição da multicampeã França, da experiente Croácia e da competitiva Tunísia em Paris, numa data incerta devido à pandemia da covid-19.
“Vai ser uma qualificação extremamente difícil de alcançar. Passam duas equipas de cada grupo e isso aumenta as possibilidades, mas temos de ter noção de que estamos a defrontar equipas muito fortes. Provámos no Europeu que temos qualidade e só temos de ir com ambição e vontade de ganhar para que tudo seja possível”, aconselhou.
Vinculado aos ‘dragões’ até 2023 e com rodagem no Maia/ISMAI e no Avanca, Diogo Silva foi amealhar “tempo de jogo e experiência” para o estrangeiro esta temporada e venceu a Liga e a Supertaça da Eslovénia pelo Celje, campeão europeu em 2003/04.
“Vivi sozinho fora de casa pela primeira vez e não podia pedir melhor: cresci muito como pessoa, melhorei imenso o meu nível defensivo e tornei-me um jogador muito mais completo”, partilhou, falando de uma realidade “semelhante” a Portugal, distinguida por causa de uma maior cultura andebolística desde as camadas jovens.
O lateral regressou da terceira maior cidade eslovena no domingo e está isolado do novo coronavírus numa residência em Vila Nova de Gaia, onde vai recuperar forças para lutar pelo seu espaço no Mundial2021 do Egito e no plantel principal dos campeões nacionais, sem perder de vista a conclusão da licenciatura em Ciências do Desporto, no Porto.
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