Os andebolistas Aléxis Borges, Luís Frade e Manuel Gaspar encaram com otimismo a participação no Mundial, que esperam de consolidação da seleção e no qual o objetivo passa por melhorar o 10.º lugar de 2021.
Para o pivô Aléxis Borges, de 31 anos, o segredo do êxito da seleção portuguesa nos principais palcos do andebol passa por “acreditar na equipa” e na “possibilidade de, com muito trabalho, poder atingir patamares ainda mais elevados”.
“Hoje em dia, nós olhamos para os nossos rivais olhos nos olhos e esse facto tem-nos levado a alcançar bons resultados”, refere à agência Lusa o pivô do Benfica, que conta com passagens por FC Porto, FC Barcelona e Montpellier.
Aléxis Borges partilha do desejo de superar no Mundial de 2023 o 10.º lugar alcançado em 2021, que constitui a melhor classificação em quatro edições (1997, 2001, 2003 e 2021) e que “é a meta traçada por todos à partida para a Suécia”.
“Esse é um dos objetivos [superar a classificação de 2021]. Obviamente que gostaríamos de ir mais longe, mas temos de ir passo a passo e trabalhar muito, para poder ascender a patamares ainda maiores”, disse o experiente pivô luso-cubano.
O pivô defende que a seleção portuguesa está já num nível que não receia qualquer adversário e assegura que irá jogar de igual para igual com os seus opositores no Grupo D, em Kristianstad, na Suécia.
“Tanto a Islândia como a Hungria jogam bom andebol e têm bons jogadores, mas nós estamos preparados para isso. Temos de estudar as suas debilidades e aproveitar os erros”, disse Aléxis Borges, que regressa para o Mundial após falhar o Euro2022.
Aléxis Borges vai reencontrar no Mundial o treinador ‘encarnado’ Chema Rodriguez, selecionador da Hungria, mas o pivô admite que Portugal pode anular essa vantagem teórica de conhecimento de jogo do espanhol com a experiência dos seus jogadores.
Além de Aléxis Borges, também o pivô Luís Frade, do FC Barcelona, que falhou o Euro2022 por lesão, regressa aos eleitos de Paulo Pereira para o Mundial de 2023. De fora ficaram os pivôs Daymaro Salina (FC Porto) e Tiago Rocha (Rennes).
Luís Frade, de 24 anos, defende que Portugal, com a quinta presença consecutiva numa fase final de uma grande competição, “já não é um ‘underdog’ [o vencedor menos provável], mas sim um adversário já temido pelas restantes seleções”.
“Temos uma seleção muito boa. Jovem, que está em processo de renovação, e que combina a experiência dos mais velhos com a irreverência dos mais jovens e isso é muito bom”, declarou à Lusa Luís Frade, bicampeão europeu em título.
Segundo o pivô, a seleção portuguesa pode fazer coisas “muito boas” no Mundial que se avizinha, “embora seja difícil de prever o que poderá acontecer, atendendo que o jogo é imprevisível: são 60 minutos e jogam sete contra sete”.
“Claro que nós vamos tentar fazer o nosso melhor, como tentamos fazer sempre, e procurar melhorar as últimas classificações. Sinto que se fizermos o nosso trabalho e dermos o nosso melhor, somos uma seleção a respeitar”, disse o pivô.
Luís Frade é já uma certeza do andebol nacional, apesar da sua juventude, e vê com bons olhos a integração de novos valores, como os irmão Martim e Francisco Costa, do Sporting, na seleção principal e a disputar provas ao mais alto nível.
“Nós demos um grande salto desde o Euro2020 [6.º lugar]. Foi um resultado ótimo para nós e que se calhar ajudou a mudar a nossa mentalidade. O nosso ‘chip’, tanto a nível interno como externo”, disse Luís Frade, eleito o jogador jovem mundial do ano em 2020.
O jogador refere que “Portugal sempre teve boas seleções jovens”, com as quais se identifica, pois ainda há pouco tempo também jogava nesses escalões, e que isso abre boa margem de progressão e evolução para o futuro da equipa principal.
Para Frade, o patamar a que o andebol nacional chegou, com a presença assídua em fases finais, proximidade dos pódios e jogadores nos principais campeonatos, reflete ainda o investimento de clubes, como FC Porto, Benfica, Sporting e Águas Santas.
Luís Frade defendeu ainda que o formato competitivo do Mundial, com três jogos de “grande impacto” em seis dias na primeira fase, “que definem logo o trajeto no resto da prova”, não permite falhas, pelo que “serão três batalhas que a seleção terá que ultrapassar”.
O guarda-redes Manuel Gaspar, que em dezembro saiu do Sporting para os franceses do Nantes, considera realista a seleção portuguesa melhorar na presente edição o 10.º lugar de 2021, e que “para atingir esse objetivo terá que pensar jogo a jogo”.
“Estamos num grupo com duas seleções muito fortes [Islândia e Hungria], com grande nome, e a Coreia do Sul, que de há uns anos para cá tem trabalhado bastante. Temos de pensar jogo a jogo, mas sempre com mentalidade de fazer melhor”, disse.
Manuel Gaspar, de 24 anos, destaca a renovação em curso na seleção, “com a integração de novos valores desde o Euro2020”, e o êxito desportivo de Portugal, que “trouxe uma maior visibilidade internacional aos jogadores portugueses”.
“[A renovação] é um trabalho que está a ser muito bem feito pela seleção e que nos irá permitir continuar nos grandes palcos ao mais alto nível”, afirma o guarda-redes, atribuindo também parte do sucesso ao trabalho desenvolvido nos clubes.
O guarda-redes considera que a seleção portuguesa terá que “ganhar dois ou os três jogos” da fase preliminar para poder encarar com otimismo a ‘main round’ e assim poder pensar no objetivo de melhorar o 10.º lugar alcançado em 2021.
Portugal integra o Grupo D da fase preliminar do Mundial, a decorrer em Kristianstad, na Suécia, com as seleções da Islândia, Hungria e Coreia do Sul. Passam à fase principal as três seleções mais bem classificadas.
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