As “mulheres coragem” da seleção de andebol acreditam que vão fazer “história” com inédito apuramento para o Mundial, à distância de um ‘play-off’ de dois jogos em abril com uma equipa europeia, disse o selecionador.

“O ânimo, por estarmos perto de alcançar algo que nunca foi atingido, está em alta. Nunca estivemos tão perto de chegarmos a um Mundial pelo que está claramente em alta”, vincou o selecionador, Ulisses Pereira, ainda “inspirado” pela primeira qualificação do andebol masculino para os Jogos Olímpicos.

Em 22 de março, as lusas vão saber qual a adversária ao sonho do ‘play-off’, num conjunto “confiante” também pelo feito da formação masculina, que no domingo bateu a França, por 29-28, e conquistou o primeiro bilhete para uns Jogos Olímpicos, em Tóquio2020.

“Vibrámos todos com este feito absolutamente fabuloso. Sabemos que estamos uns patamares atrás, mas da mesma forma que há dois ou três anos parecia impossível pensar em Portugal nos Jogos Olímpicos, acreditamos que podemos fazer o mesmo em relação ao Mundial. Seria um feito ainda mais fabuloso do que o inspirador da seleção masculina”, defendeu.

No lote de possíveis adversários, o selecionador gostaria de evitar Rússia e Roménia, preferindo encontrar a República Checa ou Eslovénia.

A Rússia é “a seleção mais forte de todas (...) com títulos infindáveis”, enquanto a Roménia “tem uma média de altura superior à jogadora portuguesa mais alta”.

“Mas já provámos que as podemos surpreender”, sublinhou.

Frente à República Checa acredita que as suas pupilas podem “jogar de igual para igual”, enquanto a Eslovénia, uma “seleção muito criativa e com uma lateral direito muito forte”, é uma opositora em relação à qual as portuguesas se sentem “mais próximas”.

“Sendo certo que Portugal é claramente um outsider. Mas temos uma grande crença que vamos quebrar este enguiço e finalmente apurar-nos para o mundial, como nunca foi feito”, frisou.

Ulisses Pereira vai trabalhar até sexta-feira desfalcado de um quarteto que compete no campeonato alemão, respetivamente Mariana Lopes, Isabel Góis, Maria Pereira e Anaís Gouveia que foram impedidas de viajar para Portugal, devido às regras da covid-19 – ambas estarão aptas para o ‘play-off’, ao contrário das lesionadas Patrícia Rodrigues e Joana Resende.

“Felizmente, vão aparecendo muitos talentos jovens em condições de as substituir”, sublinha o técnico, que lamenta a pouca aposta do país no desporto feminino que, recorda, faz com que as atletas muitas vezes abandonem a modalidade quando têm de escolher entre o desporto amador e uma outra carreira profissional.

Reconhece que falta “dimensão física” às suas pupilas que trabalham “em dois ritmos diferentes”, com as que atuam em Portugal a treinar “quatro ou cinco vezes por semana e as que competem no estrangeiro oito ou nove”.

Elogia a “transição, jogo rápido e criatividade característica do andebol português”, considerando que a “inexperiência” da sua equipa pode ser compensada com o “fator surpresa”, por desconhecimento das opositoras quanto à valia de Portugal.

“É um ato de coragem ser mulher no desporto em Portugal. Tenho aqui 20 corajosas a quererem mostrar que é possível levantar às sete da manhã para trabalhar ou estudar e deitar à meia-noite depois dos treinos e ser possível sonhar com o apuramento para mundial. São 20 mulheres coragem a lutar por Portugal”, concluiu.