O presidente da Federação Cabo-verdiana de Andebol (FCA), José Eduardo dos Santos, afirmou esta quinta-feira, em Assomada, que “em nenhum momento”, a direção “atropelou” os estatutos, os juramentos e as normas da instituição.
José Eduardo dos Santos reagia assim, ao seu abordado pela Inforpress, sobre o comunicado enviado à FCA, pelos treinadores dos sete clubes de andebol de São Vicente, em diversos escalões, no qual manifestam a sua indignação pela exclusão da maioria dos 18 jogadores da ilha indicados para integrarem os trabalhos das seleções.
Disse que toda a informação que a Federação dispõe foi através da comunicação social, uma vez que ainda não conseguiram baixar o documento, enviado para o endereço eletrónico da Federação devido a problemas na Internet.
“Nós já temos esta informação há mais de dois dias, o que quer dizer que o assunto foi primeiro para a comunicação social antes da Federação. Devo dizer que, enquanto dirigente da federação e agente do andebol, há abertura total da parte da federação e da minha pessoa para resolver questões do andebol, mas não pela imprensa”, afirmou.
José Eduardo dos Santos assegurou que a Federação não vai esclarecer aos treinadores de São Vicente pela imprensa, mas adiantou que, a única cosia que pode dizer é que a direção está consciente de que “a federação até agora e em nenhum momento atropelou nem os estatutos, nem os juramentos e as normas da FCA”.
Sublinhou, entretanto, que “é da competência exclusiva da direção da federação nomear os seleccionadores e é da competência dos selecionadores escolherem os jogadores que entendem”.
Em nota enviada à FCA, com conhecimento da Associação de Andebol de São Vicente e da Direção-geral dos Desportos, a que a Inforpress teve acesso, os treinadores solicitam explicações pela integração na lista divulgada pela FCA de jogadores de São Vicente “estranhos” à lista previamente elaborada pelo técnico Adelino Duarte, também conhecido por Didi.
Adelino Duarte, treinador da seleção do escalão sub-20, indicou 18 jogadores de São Vicente para integrarem os trabalhos das pré-seleções, mas “a maioria foi excluída”, pelo que o grupo solicita uma explicação aos responsáveis federativos.
Os signatários manifestam “estranheza” pelo facto de 79 por cento (%) dos 62 atletas escolhidos para as referidas pré-seleções serem da ilha de Santiago, quando, apontam, “não houve” um “trabalho sério” de seguimento e avaliação do potencial dos atletas de todas as ilhas, capazes de integrarem a seleção de Cabo Verde nos diversos escalões.
Ao mesmo tempo que se solidarizam com o treinador Adelino Duarte, pela forma com este foi “desautorizado” enquanto técnico da seleção de sub-20, estranham ainda a escolha de uma jogadora do Seven Star e de um técnico português “fora do ativo” como treinadores da seleção sub-17, quando, esclarecem, “há vários treinadores” em Cabo Verde que poderiam assumir tal função.
“Os atletas de São Vicente escolhidos são livres de comparecerem à concentração na Cidade da Praia, porque jogar pela seleção é um prémio conquistado por mérito próprio”, lê-se no documento, mas o coletivo dos treinadores avisa que se FCA continuar a “discriminar” São Vicente, a região desportiva vai deixar de colaborar nas próximas seleções de Cabo Verde.
Na sequência desse imbróglio o treinador Adelino Duarte confirmou que se demitiu do cargo de treinador da seleção de sub-20.
A nota enviada à FCA é rubricada pelos treinados do Atlético (sénior e sub-20), Liceu Ludgero Lima, Liceu José Augusto Pinto, Liceu Jorge Barbosa (sénior e sub-20) e Geração Benfica.
Comentários