O andebolista internacional português Diogo Silva sagrou-se campeão esloveno pelo Celje na quinta-feira, após a federação ter decretado a conclusão antecipada da fase regular da Liga, devido à pandemia da COVID-19.
“Claro que sabe sempre muito bem. Apesar de tudo, demonstrámos superioridade ao longo da fase regular, só perdemos um ponto num conjunto de 21 jogos e tínhamos uma vantagem confortável para o segundo lugar. Mesmo que jogássemos a fase final, acredito que o resultado seria o mesmo”, afirmou à agência Lusa o lateral-direito portuense.
A uma jornada do fim da primeira etapa, o Celje era líder isolado, com 41 pontos, mais seis do que o Ribnica, mas viu anulado os torneios de apuramento do campeão e de manutenção e tornou-se heptacampeão, num total de 24 títulos.
“O principal sabor amargo é não termos a hipótese de festejarmos todos juntos, mas ficámos extremamente satisfeitos por alcançar o objetivo mais importante do clube, porque confere a possibilidade de disputar a Liga dos Campeões”, enalteceu Diogo Silva, que abriu a temporada com a conquista da Supertaça diante do Gorenje Velenje (25-23).
O canhoto, de 21 anos, estreou-se na maior prova de clubes europeus e ajudou o Celje a seguir para os oitavos de final, na sexta e última posição de apuramento do grupo A, com seis pontos em 14 encontros, atrás dos 'colossos' FC Barcelona e Paris Saint-Germain.
“Iam ser jogos complicadíssimos e tínhamos um grupo muito competitivo, mas a vantagem de estarmos nessas séries iniciais é que passavam bastantes equipas. Sabíamos que tínhamos hipóteses e o fundamental foi termos somado a maior parte dos pontos possíveis contra os nossos adversários diretos”, observou.
A eliminatória frente aos polacos do Vive Kielce, terceiros colocados na ‘poule’ do campeão nacional FC Porto, deveria ter sido disputada no final de março, mas todas as provas sob a égide da Federação Europeia de Andebol (EHF) foram adiadas para junho.
“Para jogos desse calibre os jogadores têm de estar preparados e é impossível competirmos sem haver duas ou três semanas prévias de trabalho em conjunto a nível tático e técnico. Estamos a falar de um regresso à normalidade em maio, o que não se prevê que seja provável”, defendeu o autor de 74 golos em 33 partidas.
O “fim inimaginável” não apaga uma época “espetacular”, na qual o campeão europeu em 2003/04 atingiu os quartos de final da Taça da Eslovénia em 11 de março, um dia antes de a propagação do novo coronavírus ditar a interrupção das provas por todo o país.
“Tendo em conta que este país faz fronteira com a Itália e está próximo de um dos epicentros desta pandemia na Europa, acho que foi a jogada acertada e a maneira correta de lidar com a situação, protegendo todos os intervenientes da manobra desportiva. Mesmo esperando mais uma ou duas semanas, a situação iria ser a mesma”, lamentou.
À semelhança de outras modalidades, os andebolistas do Celje passaram as últimas semanas de março confinados a planos individuais de treino à distância, enquanto o primeiro-ministro esloveno, Janez Jansa, ampliava as medidas restritivas.
“Tinha de sair pelo menos uma vez por dia para fazer exercício e via mesmo muito pouca gente na rua, mesmo quando o tempo estava apetecível para sair. Claro que há exceções aqui e ali, mas a maioria das pessoas são respeitadoras e estão a cumprir a quarentena de forma autónoma”, descreveu acerca de um país com 802 infetados e 15 mortes.
Mal soube da conclusão das provas internas, Diogo Silva encetou esforços para regressar a Portugal e conseguiu aterrar no Porto no domingo, seguindo para Vila Nova de Gaia, onde ficará confinado com a família por tempo indeterminado.
“Será um momento muito perigoso e difícil para todos, incluindo o desporto e sobretudo modalidades como o andebol, que não têm tem a magnitude do futebol. Esperemos que isto se resolva o mais rápido, não traga tantos estragos e seja possível recuperar sem haver uma grande queda”, afiançou o lateral integrado nos quadros do FC Porto.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já infetou mais de 791 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 38 mil morreram.
Dos casos de infeção, pelo menos 163 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o último balanço feito pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 160 mortes e 7.443 casos de infeção confirmados.
Comentários