Uma exibição quanto baste levou na noite de terça-feira Angola à segunda vitória consecutiva no 22.º africano de andebol feminino que decorre no Multiusos de Luanda, ao vencer o Senegal por 31-18 para o grupo A.
Este triunfo, que ocorreu sob um ambiente muito mais perto do habitual em termos de presença do público, permitiu a seleção nacional assumir a liderança isolada do grupo e também assegurou já presença nos quartos-de-final em que se apuram os quatro primeiros de cada uma das duas séries.
Embora não tenha influência na vitória das anfitriãs pelo seu potencial, as senegalesas podem queixar-se da ausência da sua melhor unidade na estreia vitoriosa e MVP no jogo com a RD Congo.
A meia distância Awa Diop, melhor jogadora no triunfo 28-22, ante as congolesas e eleita melhor jogadora desse jogo, foi terça-feira poupada pelo seu treinador por ter uma ligeira lesão no ombro direito.
A exibição da equipa de Filipe Cruz, 11 vezes campeã de África, foi muito acima da anterior, o que mostra que Natália e companheiras respondem de acordo com as necessidades.
De resto, deixaram ao muito público que ocupou metade dos 12 mil lugares do multiusos e sobretudo foi mais interativo durante toda partida a impressão de que pode ainda mais. Ou seja, responde às exigências da competição.
Na estreia, depois de uma exibição espetacular nos primeiros 30 minutos, teve uma segunda etapa frouxa. Já neste encontro os recursos táticos, técnicos e a inspiração individual estiveram mais pendulares.
A prova disso foi a "branca" imposta ao adversário na primeira parte, como "punição" pela ousadia do Senegal fazer o único empate do encontro (3-3 aos 7 minutos.)
Fruto de uma defesa 5x1 pressionante, perturbadora, e sobretudo com uma eficiência no ataque com destaque para a pivot Albertina Kassoma (5 golos), Angola obrigou o Senegal a "parar" nos três golos à passagem do minuto sete. O adversário só voltou a acertar na baliza contrária por volta do minuto 20 (11-4).
A capitã Natália Bernardo foi a goleadora da partida com oito golos, apesar de ter ficado muito mais tempo no banco, nomeadamente na segunda parte em que Cruz utilizou por longo tempo uma segunda equipa - que não deslustrou da principal.
Os especialistas, porém, elegeram como melhor do jogo a suplente Magda Cazanga, autora de quatro golos, que substitui assim Juliana Machado, que com seis golos diante da Costa do Marfim, foi a primeira angolana distinguida como MVP nessa prova.
Mesmo sem Diop, o Senegal confirmou o que já mostrara na vitória sobre a RDC - trata-se de forte candidato para lugares cimeiros, caso não tenha percalços físicos. É que frente a Angola registou a segunda lesão no plantel, com uma das guarda-redes a contas com uma entorse no tornozelo direito, tendo sido transportada para uma unidade hospitalar da capital angolana.
Como prova, nos momentos, ainda que breves de desconcentração do sete angolano, as senegalesas conseguiram recuperar da "branca" de mais de 13 minutos sem marcar, e aproximaram-se no placar a 10 minutos do intervalo.
Aos 23 minutos o jogo estava 12-7, ou seja, Angola consentira quatro golos contra apenas um feito. Depois voltou a consentir uma aproximação de 14-9 a beira do intervalo, que ficou fixado em 16-9.
A segunda parte iniciou melhor para as angolanas, mesmo com o selecionador a rodar o banco todo. Aos 10 minutos já vencia por 11 golos (23-12). Nessa etapa a seleção anfitriã estava em velocidade cruzeiro e nos 10 minutos seguintes conseguiu a maior diferença no jogo (31-16), com Kassoma e Neganga a assumirem maior protagonismo.
Mas, provavelmente, a defesa aguerrida a mostrar boa forma física, as saídas para o contragolpe (porém muitas vezes nada bem finalizadas) ou a interação do público ruidoso perturbaram o adversário cuja exibição foi importante por ter exigido um comportamento mais "real" do sete angolano.
A parte final do encontro valeu pelo protagonismo da guarda-redes Teresa Almeida "Bá", a tal que foi sucesso total na media durante os Jogos Olímpicos Rio2016. Esta guarda-redes de compleição robusta entrou com o marcador em 31-16 e "comunicava-se" com os adeptos, que não se fizeram rogados e encontraram mais um motivo para se envolverem no jogo.
Com os gestos de braços abertos elevando-os sistematicamente, Bá pedia o apoio do público que lhe foi completamente fiél e ela não desmereceu, pois fez uma mão cheia de defesas, incluindo um livre dos sete metros e fechou o jogo com uma defesa nos últimos segundos que permitiu a Angola não sofrer mais do que os 18 golos da estreia. Foi o delírio no Multiusos. Um efeito colateral de um jogo há muito armado.
Esta exibição, da guarda-redes do Petro de Luanda, "escondeu" inclusive a pobreza da finalização na ponta final do jogo. Pois, desde a passagem do 22º minuto que o placar mostrava 31-16, as anfitriãs fartaram-se de falhar ataques, inclusive livre de sete metros e suspensões de dois minutos. Mas golos, estes terão ficado para esta terça-feira às 19h00 ante os Camarões, em que uma vitória dará definitivamente o primeiro lugar do grupo A.
Marcaram por Angola, Natália (8), Kassoma (5), Cazanga (4), Guialo (3), Machado (3), Viegas (3), Nenganga (2), Venâncio (2) e Azenaide (1). Pelo Senegal, Sylla (4), Paye (4), Keita (2), Camara (2), Lerus (1), Dabo (1),Sawaneth (1), Ndiaye (1), Dapina (1), Niouma (1).
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