Paulo Faria, que esteve na primeira presença portuguesa num Mundial de andebol, em 1997, gabou hoje a seleção que se apurou para as meias-finais na Noruega, esperando voltar a tempo do jogo com a Dinamarca na sexta-feira.
“Tem sido inédito atrás de inédito. Este jogo foi soberbo. A maturidade incrível que estes jogadores tiveram. Estiveram a vencer grande parte do jogo, passam a perder o jogo, têm um vermelho [para Luís Frade] altamente discutível, aguentam, e conseguem voltar a passar para a frente”, diz, em declarações à Lusa, na ‘ressaca’ da vitória por 31-30 ante a Alemanha, na quarta-feira.
O triunfo, que colocou a equipa nas ‘meias’, evidenciou “a capacidade de sofrimento, mas também a qualidade individual”, de um grupo que já foi uma vez visitar durante esta fase final.
“Estão a mostrar-nos que temos jogadores do melhor que há no mundo”, afirma, sem reservas.
O sofrimento, refere, faz parte do nível alto a que estão a jogar, seguindo-se, sexta-feira, “a melhor equipa do mundo”, a tricampeã mundial Dinamarca, mas a ambição vai de mãos dadas com os feitos históricos.
“A partir do momento em que atingimos os quartos de final, o Paulo Jorge Pereira, e todos nós, pensam em ser campeões do mundo. Claro que é um passo de cada vez, mas o sonho é sermos campeões do mundo. No meu colégio, temos 500 alunos e estão todos a acompanhar o Mundial, todos querem ser campeões do mundo. A seleção merece que o país inteiro esteja a celebrar”, declara.
De olho em nova viagem para a Noruega, para voltar a estar perto desta histórica seleção, Paulo Faria vê este grupo de trabalho como estando no topo de todos os que Portugal já teve.
“Efetivamente, esta geração, e esta seleção não é bem uma geração, tem diferentes idades, este grupo de atletas, nos últimos quatro ou cinco anos, tem demonstrado muita qualidade. Fizeram coisas que nós no meu tempo não conseguiríamos fazer. Vencemos a Alemanha uma vez, mas esta maturidade lindíssima, esta capacidade de sofrimento... para não ofender ninguém, digo que pode haver outras gerações iguais, mas melhor que esta não há ninguém”, atira.
Assim, o que fica é “mesmo inveja boa”. “De todos nós. Quem me dera a mim estar lá dentro de campo, a jogar. Mas sei que o que estão a viver são momentos tão bons que temos é de estar orgulhosos. Termos inveja boa é a melhor coisa que há”, afirma.
Paulo Faria jogou no Sporting, no ABC e no Águas Santas, treinando depois os ‘leões’ e a formação da Maia, e atuou em 118 jogos da seleção principal portuguesa, que representou no Europeu de 1994 e, depois, no Mundial de 1997, o primeiro a que Portugal chegou.
Portugal já tinha assegurado anteriormente, com o apuramento para os quartos de final, o seu melhor resultado de sempre em seis presenças em Campeonatos do Mundo (1997, 2001, 2003, 2021, 2023 e 2025), ao melhorar o 10.º lugar alcançado em 2021, preparando-se para novo feito histórico.
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