O aumento do nível competitivo, as condições de treino e falta de aposta na formação de novos atletas são algumas das causas apontadas no relatório da missão paralímpica portuguesa para uma das participações «menos bem conseguida de sempre».
«Portugal, ao conquistar três medalhas, posicionando-se no 63.º lugar do medalheiro, sai de Londres com uma das menos bem conseguidas participações em Jogos Paralímpicos», refere o relatório da missão paralímpica Londres2012, aprovado quarta-feira pelo Comité Paralímpico de Portugal (CPP).
No documento, o chefe de missão, Carlos Lopes, destaca «a aposta crescente de inúmeros países no desporto paralímpico» que «fez aumentar significativamente o nível competitivo das provas» e deixa sugestões para o futuro do desporto paralímpico português.
Carlos Lopes considera «urgente apostar claramente no recrutamento e na formação de novos atletas em diferentes modalidades» e defende a necessidade de melhorar as condições de treino e de competição ao longo de todo o ciclo paralímpico.
O chefe da missão, que integrou 30 atletas, com uma média de idades de 32,7 anos, sugere a integração de um psicólogo em futuras equipas olímpicas, de forma a acompanhar «áreas a descoberto e que, reconhecidamente, são hoje mais-valias significativas na prestação desportiva».
Carlos Lopes reconhece que «apesar das inúmeras solicitações» inerentes ao cargo, poderia ter estado mais próximo dos atletas e admite uma evidente escassez de recursos humanos na missão.
«Talvez, apesar das inúmeras solicitações dirigidas ao Chefe da Missão, tivesse sido possível um maior esforço da minha parte para acompanhar mais de perto os atletas», refere.
No relatório, o chefe de missão admite que o atraso no pagamento das bolsas pode ter tido influência negativa na prestação dos atletas.
Por isso, Carlos Lopes defende «a necessidade, num esforço conjunto de quantos intervêm na preparação desportiva dos atletas, de evitar ou minimizar constrangimentos ou situações preocupantes (por exemplo, atrasos no pagamento de bolsas) que acabam por perturbar a preparação dos atletas e os seus momentos de competição».
O chefe de missão mostra-se «certo de que todos os atletas deram o seu melhor, procurando, com as condições que lhes foram disponibilizadas, alcançar as melhores classificações, representando com dignidade o país».
Nos Jogos Paralímpicos Londres2012, o primeiro preparado sob a égide do CPP, Portugal esteve representado em cinco modalidades, tendo conquistado três medalhas – uma de prata e duas de bronze – no boccia e no atletismo.
Nas análises dos coordenadores técnicos de modalidade, anexadas ao relatório, é também destacado o aumento do nível competitivo dos Jogos Paralímpicos e a necessidade de maior investimento na preparação.
A verba disponibilizada para a preparação do ciclo paralímpico Londres2012 rondou os dois milhões de euros e a proposta apresentada pelo CPP para os Jogos Paralímpicos Rio2016 é de 3,5 milhões de euros, prevendo um aumento das bolsas a atribuir aos atletas.
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