A Comissão de Cultura e Desporto da AR, presidida pela deputada Edite Estrela, classificou hoje de "boa" a participação paralímpica portuguesa nos recentes Jogos Olímpicos Rio2016.

Ao cabo de hora e meia de audição ao Comité Paralímpico de Portugal, a avaliação da campanha protagonizada pelos 37 atletas nacionais acabou por ser considerada positiva, apesar dos diversos constrangimentos ainda existentes.

Nos Jogos do Rio de Janeiro, a missão paralímpica lusa conquistou quatro medalhas de bronze e obteve 16 diplomas, que premiaram lugares entre o 'top 10' das sete disciplinas paralímpicas existentes.

"Os senhores deputados e os membros da comissão classificaram de positiva a nossa campanha nos Jogos do Rio de Janeiro. Mas, mais do que essa avaliação, é incontornável projetarmos já os próximos Jogos de Tóquio", observou Humberto Santos, presidente do Comité Paralímpico Português, que se fez acompanhar neste encontro de Rui Oliveira, secretário-geral do mesmo organismo.

Nesse contexto, Humberto Santos recordou que o programa de preparação portuguesa para o Rio de Janeiro "atingiu três milhões e 300 mil euros", uma verba que espera ver aumentada no próximo ciclo olímpico.

"A título de comparação, a Espanha gastou cerca de 21 milhões de euros com a mesma preparação", sublinhou o líder do Comité Paralímpico de Portugal.

A questão do financiamento foi uma das mais discutidas na Comissão Parlamentar da Cultura e Desporto. Humberto Santos apontou outras formas de apoio financeiro, insistindo no mecenato através das empresas.

"Os espanhóis já encontraram boas soluções no quadro do mecenato e dos benefícios fiscais às empresas. Não podemos estar apenas dependentes do apoio inscrito no orçamento de Estado", advertiu o responsável do Comité Paralímpico.

O dirigente insistiu: "Tínhamos matéria para discutir até ao jantar. Mas temos de alterar o paradigma do apoio aos atletas e da sua preparação para os Jogos. Quanto a uma hipotética profissionalização, nenhum dos quatro atletas que ouvi após os Jogos do Rio manifestou esse desejo."

Humberto Santos evocou também o axioma "de pequenino se torce o pepino" para garantir a evolução dos resultados alcançados pelas campanhas paralímpicas portuguesas. "Se não conseguirmos investir na escola e nos clubes iremos ter problemas sérios no topo da pirâmide. É que os outros países estrangeiros, nomeadamente europeus, estão a avançar numa velocidade muito elevada", concluiu.