Pedro Fraga vai apresentar-se em Tóquio2020 focado no seu terceiro diploma olímpico, acreditando que “num bom dia” poderá atingir a final de seis no ‘double-scull’ ligeiro com Afonso Costa.
“Sei que é difícil, mas acredito. O ‘top 10’ acho que está ao nosso alcance e o diploma também, o oitavo lugar. Se estivermos num bom momento, é possível discutir a passagem à final A, os seis primeiros”, assumiu, em declarações à agência Lusa.
Antes de remar com Afonso Costa, Pedro Fraga destacou-se com Nuno Mendes, com quem chegou ao quinto lugar em Londres2012, depois do oitavo em Pequim2008. A dupla acabou por falhar o apuramento para o Rio2016.
“Podemos esperar muito empenho, muita vontade de competir, de fazer boas regatas e de trazer o melhor resultado para Portugal. Estamos a trabalhar para isso, sabemos que é muito difícil, mas que é possível”, reforçou.
Em janeiro, o portuense vai completar 39 anos sendo que a última presença olímpica já foi há nove: “Mudou muita coisa, a idade vai evoluindo. Em relação ao barco e o meu desempenho, tenho mais experiência, também estou mais velho”.
“Experiência com a frescura e motivação do Afonso traz um barco com mais opostos. Tenho um percurso mais curto com ele, porém com muitos dias, muitas horas de treino e o andamento também é muito bom. As circunstâncias são diferentes, contudo estamos com muito boa velocidade, como em 2012”, revelou.
Pedro Fraga enfatizou a importância de ambos partilharem “o mesmo sentimento, vontade e ambição”, além de estarem “focados e em sintonia nos treinos”, entendendo que essa atitude “e uma boa relação” são fundamentais para que as coisas funcionem.
“O segredo é haver um equilíbrio na equipa. Os barcos quando funcionam melhor é quando um pode ter mais calma e outro ser mais stressado, um ser rigoroso e outro mais relaxado. Equilibramo-nos um ao outro. Como [anteriormente] eu e o Nuno”, exemplificou.
A sua terceira participação no maior evento desportivo do planeta vai ter um sabor diferente, pois Pedro Fraga entende que “estes não vão ser uns verdadeiros Jogos Olímpicos”.
“Será uma regata olímpica, porém os Jogos Olímpicos não os vamos absorver. É como se fossemos fazer um campeonato do mundo de remo a Tóquio. Perante todas as restrições impostas, regras de segurança, isolamento: praticamente é ir, aterrar, fazer a nossa prova, competir com os adversários e vir embora com o melhor resultado possível, mas aquele espírito de aldeia olímpica, estar com outros atletas, publico… (…) isso não vou viver. É muito importante que isto retome rápido a normalidade”, desejou.
A chegar aos 39 anos, assume que dificilmente pensará ir a Paris2024 representar um desporto que lhe deu “uma forma de estar na vida, de foco, dedicação, empenho, de disciplina e rigor”, e que lhe permitiu “conhecer outras modalidades” e partilhar experiências.
O veterano remador da Académica inicia a competição, juntamente com o estreante em Jogos Afonso Costa, de 25, do Clube Naval Setubalense, no primeiro sábado de competição em Tóquio.
Os Jogos Olímpicos vão ser disputados entre 23 de julho e 08 de agosto, depois do adiamento em um ano devido à pandemia de covid-19.
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