A judoca portuguesa Telma Monteiro mostrou-se hoje imensamente satisfeita por, finalmente, ter conquistado a medalha nos Jogos Olímpicos, o ‘título’ que faltava na sua carreira, ao arrebatar o bronze nos -57kg do Rio2016.
“Já perseguia esta medalha há 12 anos. Costuma dizer-se que à terceira é de vez... à quarta é medalha”, disse, com um enorme sorriso, a judoca do Benfica, que havia sido 12.ª em Atenas2004, nona em Pequim2008 e 17.ª em Londres.
Na quarta presença, Telma Monteiro conseguiu o ‘metal’ olímpico, para juntar a uma coleção que já inclui cinco medalhas em Mundiais e 11 em Europeus.
“Vou demorar algum tempo a assimilar este momento. Não se trata apenas de ganhar uma medalha que eu queira muito, é um momento em que aproveito para dizer que vale a pena não desistirmos dos nossos sonhos, vale a pena lutarmos”, disse Telma Monteira, na zona mista, onde entrou aos saltos.
Depois de muitos abraços, a vários elementos da comitiva portuguesa, a judoca do Benfica prosseguiu: “Não interessa a idade, não interessa o tempo que temos de esperar, o mais importante é não desistir”.
E foi isso que Telma fez, nomeadamente quando perdeu nos quartos de final com a mongol Sumiya Dorjsuren, a número um mundial, que viria a perder a final com a brasileira Rafaela Silva, para ‘loucura’ da Arena Carioca 2.
“Isso para mim, agora, não é importante. As coisas acontecem como têm de ser e o mais importante foi que soube reagir”, explicou a número oito do ‘ranking’ mundial.
Telma Monteiro, que selou a 24.ª medalha da história de Portugal nos Jogos Olímpicos e segunda no judo, depois de Nuno Delgado (bronze em Sydney2000), lembrou o que aconteceu “há oito anos, em Pequim”, onde não teve “essa maturidade”.
“Perdi na repescagem porque estava obcecada com a medalha de ouro. Hoje não, hoje sabia que o mais importante era fazer história pelo meu país, independentemente de tudo, e, portanto, quando perdi com a mongol, tendo sido por pouco, no ‘golden score’, pensei: ‘o judo é assim e agora não posso desistir’”, contou a portuguesa, de 30 anos.
A judoca lusa sabia, porém, que o caminho não seria fácil: “Tinha à frente a francesa campeã da Europa, que já me ganhou algumas vezes, mas treinei muito para poder vencer aquela adversária e disse à minha equipa: ‘se eu conseguir vencer a francesa, levo a medalha para casa’”.
A judoca portuguesa bateu mesmo a francesa Automne Pavia e, depois, a romena Corina Caprioriu e selou o bronze, mesmo com custos para o corpo: “Eu acho que lixei o ombro, mas se fosse de cadeira de rodas com a medalha, era indiferente”.
Telma Monteiro estava totalmente satisfeita com tudo o que fez ao longo do dia: “Às vezes, os treinadores das adversárias criticavam o facto de eu não ser boa no chão, mas hoje provei que sou uma atleta completa, que sou uma judoca completa e, principalmente, tenho uma grande mentalidade, tenho uma causa portuguesa, portanto tinha de chegar o dia”.
A judoca do Benfica fez história no Rio2016 e também agradeceu aos brasileiros: “Senti apoio desde o princípio. Quero agradecer à ‘torcida’ e ao povo brasileiro, que foram impecáveis. Senti-me em casa, não senti pressão nenhuma”.
“É ótimo podermos estar num país onde todos falam a nossa língua, onde todos apoiam nas derrotas e nas vitórias e hoje eu senti isso e quero agradecer”, finalizou, em passo de corrida, a portuguesa, para se preparar para a cerimónia de entregue de medalhas.
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