Visitar Londres por estes dias, em vésperas de uns Jogos Olímpicos, é sem dúvida aterrar num cenário diferente daquele a que a capital britânica já habituou aqueles que a conhecem, como eu.
Até a meteorologia parece ter-se aliado às mudanças e o sol brilha intensamente e leva para os vários jardins os londrinos sedentos de raios de sol tão pouco comuns por estas paragens. A chuva deve chegar com o fim de semana, por isso, por enquanto, é aproveitar esta verdadeira dádiva.
Se o bom tempo certamente é motivo de regozijo para quem por estes dias visita Londres, já o trânsito e as apertadas medidas de segurança por toda a cidade devem estar a deixar loucos aqueles que durante o resto do ano estão habituados a rotinas bem menos complexas. A cada esquina há um militar, são várias as ruas cortadas ao trânsito e as filas são de perder de vista. Tudo pelos Jogos Olímpicos e pela arte de bem receber quem chega para a maior prova desportiva do mundo. E nesse aspeto é notável a estrutura montada por Londres.
À chegada a Heathrow, a principal porta de entrada em Londres, os Jogos Olímpicos estão por todo o lado. É precisamente no aeroporto que fica o primeiro ponto de contacto com os jornalistas e tratar da acreditação é assunto que demora poucos minutos. Prático e eficaz, à boa maneira britânica, sempre com uma alegria e simpatia genuína.
Mas não só os sorrisos que cativam quem chega. Falo pelo menos dos jornalistas. Os voluntários estão por todo o lado e não há pedido que não encontre resposta.
«Qual o modo mais rápido de chegar ao centro de Londres?», perguntei eu. «Para que zona?», devolveu uma voluntária na casa dos 40 anos. «Russel Square.». «O melhor é apanhar o expresso… eu vou consigo!». E assim foi: escoltado até à porta do comboio. Na “despedida” mais uma informação: «Quando chegar a Paddington vai estar uma colega minha à sua espera e diz-lhe como seguir viagem. “Bye, enjoy the Olimpics!”».
Confesso que fiquei surpreendido, agradavelmente surpreendido, com tanta simpatia. Mas pensei: quando chegar lá tenho de ir procurar o metro para chegar ao hotel. Puro engano. Havia mesmo alguém à minha espera. Novamente escoltado e qual não é o meu espanto quando depois de percorrer a estação apenas me perguntam «Qual é o hotel?». À minha frente, uma frota de carros à espera para levar os jornalistas até à porta dos hotéis. E não era um carro qualquer. Não, não era luxuoso ou se destacava pela rapidez… um carro hibrido, ou não fizesse Londres questão de publicitar que estes Jogos são também marcados pelas preocupações ambientais.
A viagem termina, tal como prometido, à porta do hotel, depois de pouco mais de 30 minutos a ludibriar o trânsito londrino. Nem as malas sou autorizado a tocar na hora de abrir o porta bagagens. O condutor, sérvio por sinal, despede-se de mim, mais uma vez de sorriso no rosto e com votos de boa estadia para os Jogos.
A viagem seguinte até ao Parque Olímpico é menos personalizada mas nem por isso menos agradável. Do centro de Londres partem autocarros panorâmicos que só param no interior do Parque Olímpico, com a ajuda de vias especiais criadas para a circulação de viaturas olímpicas.
Antes de finalmente pisar o palco dos jogos, mais uma nota de segurança. À entrada do Parque Olímpico, como na mais comum fronteira, o autocarro é mandado parar e um militar irrompe pelas portas e verifica se tudo está conforme deve estar. Em Londres, só a segurança parece estar mais presente do que a simpatia em receber quem nos próximos 18 dias vai levar o desporto e a cidade a todo o mundo.
Comentários