Cinco dos seis pugilistas franceses medalhados nos Jogos Olímpicos Rio2016, incluindo os campeões Tony Yoka e Estele Mossely, podem vir a perder as suas medalhas se for comprovada a manipulação das arbitragens, após os resultados de um inquérito independente.
“Nunca saberemos a verdadeira extensão do número de lutas manipuladas no Rio”, alertou o advogado canadiano Richard McLaren, especialista em investigações desportivas num relatório de 150 páginas sobre corrupção no boxe.
A sua equipa de investigação identificou um “sistema” de batota orquestrado dentro da própria federação internacional (AIBA), liderado pelo francês Karim Bouzidi, o seu antigo diretor executivo, demitido três dias antes do fim do Rio2016 e que há dois anos foi suspeito de agir em favor de alguns países.
O relatório de McLaren, que identificou onze “lutas suspeitas” nos Jogos, não acusa os pugilistas de terem intervindo diretamente para influenciar a luta, antes o amplo sistema de influência desde o topo da AIBA, que era liderada pelo taiwanês Ching-Kuo Wu.
Entre as cinco medalhas gaulesas sob suspeita de arbitragem estão os combates de Tony Yoka contra o britânico Joe Joyce (+91 kg) e da sua companheira Estelle Mossely contra a chinesa Junhua Yin (-60 kg).
Igualmente suspeitas são as meias-finais de Sarah Ourahmoune e Sofiane Oumiha, respetivamente medalhadas de prata em -51 kg e -60 kg, e a vitória nos quartos de final de Souleymane Cissokho, que lhe garantiu o bronze em -69 kg.
Estas conclusões "serão entregues” à AIBA, que "terá que determinar" se essas lutas foram de facto manipuladas e se o seu resultado deve ser alterado, esclareceu Richard McLaren, quando questionado sobre a possível reatribuição de medalhas.
Já o novo presidente da federação internacional, eleita no final de 2020, o russo Umar Kremlev, prometeu "examinar cuidadosamente o relatório e ver quais as medidas necessárias para garantir a justiça".
A AIBA está a debater-se para restaurar a sua credibilidade, de forma a manter-se no programa dos Jogos Olímpicos.
Comentários