Iúri Leitão elevou-se ao estatuto de principal figura da Missão portuguesa em Paris2024, ao tornar-se no primeiro português a conquistar duas medalhas nos mesmos Jogos Olímpicos, incluindo um ouro ao lado de Rui Oliveira no Madison.
No espaço de dois dias, o vianense, de 26 anos, inscreveu para sempre o seu nome na história do olimpismo português: primeiro, foi prata no omnium, prova em que é campeão mundial em título, e, depois, juntamente com Oliveira, sagrou-se campeão olímpico no madison, com os dois ciclistas a conquistarem o primeiro ouro para Portugal fora do atletismo.
O feito de ambos é ainda mais extraordinário, porque foi alcançado na estreia masculina do ciclismo de pista português nos Jogos Olímpicos. Leitão entrou, assim, de rompante na galeria dos melhores olímpicos lusos de sempre, superando Rosa Mota, Fernanda Ribeiro ou Fernando Pimenta e igualando o ‘pecúlio’ de Carlos Lopes e Pedro Pichardo, que em Paris2024 juntou a prata no triplo salto ao ouro de Tóquio2020.
Para entrar na lista dos olímpicos mais medalhados por Portugal, o saltador ‘voou’ 17,84 metros, ficando a apenas dois centímetros do ouro, conquistado pelo espanhol Jordan Díaz.
Na zona mista do Stade de France, após a final do triplo salto, Pichardo assumiu ter vontade de retirar-se com efeito imediato, descontente também com a falta de apoio do Governo, “que só olha para o futebol”.
Pelo menos, nestes Jogos, o país olhou mais para as modalidades e ficou a conhecer outra promessa tornada certeza, a judoca Patrícia Sampaio, bronze nos -78 kg, depois de um percurso praticamente imaculado, em que derrotou três adversárias, incluindo a francesa Madeleine Malonga, então vice-campeã olímpica, por ippon, e só perdeu com a italiana Alice Bellandi, que haveria de chegar ao ouro.
Foi essa a primeira medalha lusa em Paris2024, alcançada em 01 de agosto, mas a sorte da Missão portuguesa, que até aí acumulava deceções, começou a mudar um dia antes, nas provas individuais de triatlo: Vasco Vilaça e Ricardo Batista fizeram uma prova de trás para a frente e ‘colaram’ os espetadores ao ecrã, conquistando dois diplomas, ao serem, respetivamente, quinto e sexto classificados.
Os dois ainda se uniriam a Maria Tomé e Melanie Santos para darem um novo diploma ao triatlo nacional, ao serem quintos na estreia de Portugal na estafeta mista, um momento testemunhado pela ‘ídola’ Vanessa Fernandes, prata em Pequim2008, que viajou de surpresa para a capital francesa para aplaudir os seus sucessores.
Numa Missão de ascensão de novos valores, a ginástica mostrou uma renovada vitalidade, com a experiente Filipa Martins a ser a primeira portuguesa a chegar à final ‘all around’ da ginástica artística em Jogos Olímpicos e o jovem Gabriel Albuquerque, o ‘caçula’ da delegação com apenas 18 anos, a tornar-se no melhor de sempre nos trampolins, com o quinto lugar na final.
Na senda dos ‘diplomados’, destaque para os velejadores Carolina João e Diogo Costa, que na distante Marselha foram quintos classificados na classe 470, mas também para o ciclista Nelson Oliveira, sétimo no contrarrelógio, Maria Inês Barros, pioneira no tiro com armas de caça e oitava no fosso olímpico, e Jéssica Inchude, oitava no lançamento do peso.
Menções honrosas ainda para Salomé Afonso, que retirou mais de seis segundos ao recorde pessoal pré-Jogos e se tornou na segunda melhor portuguesa de sempre nos 1.500 metros atrás de Carla Sacramento, e para Fatoumata Diallo, que ficou perto do recorde pessoal nos 400 barreiras.
Se uns surpreenderam, outros ficaram aquém do esperado, como os canoístas Fernando Pimenta, que procurava a terceira medalha olímpica e foi sexto no K1 1.000 metros, e a dupla João Ribeiro/Messias Baptista, os campeões mundiais que foram quintos no K2 500 metros.
No entanto, os três saíram com diplomas (e uma imensa tristeza) da capital francesa, ao contrário do que aconteceu com o skater Gustavo Ribeiro, a primeira esperança lusa para abrir o medalheiro e apenas 17.º na prova de street, mas, sobretudo, Diogo Ribeiro, que falhou na piscina e ainda mais fora dela.
Campeão mundial em título dos 100 metros mariposa, o jovem nadador de 19 anos só conseguiu o apuramento para as ‘meias’ nos 50 livres, mas a cair prematuramente nos 100 livres e na sua distância de eleição.
Pior do que a prestação na piscina, foi mesmo a fora dela, com Ribeiro a disparar em vários sentidos, num discurso em que, contudo, foi reconhecendo ter mais para dar nas eliminatórias dos 100 mariposa e algo ter falhado no treino rumo a Paris2024.
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