
Laurentino Dias questionou o amor "de última hora" de Fernando Gomes pelo olimpismo, lembrando que o seu adversário nunca participou das grandes decisões do Comité Olímpico de Portugal, enquanto foi presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
O candidato à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP) mostrou-se, em resposta a uma pergunta da agência Lusa, convencido de que não existe risco de futebolização do organismo, uma vez que Fernando Gomes não ganhará as eleições.
“Já temos, aliás, um secretário de Estado [Pedro Dias] que veio da FPF. Termos um presidente do COP vindo também do futebol dá azo àquilo que disse […], a futebolização do desporto português ou a futebolização do COP. Não, não creio que isso vá acontecer. Acho mesmo que me surpreendeu a candidatura do Fernando Gomes, porque, para nós sermos candidatos a uma instituição, é preciso que a sintamos ao longo da nossa vida”, salientou.
Para Laurentino Dias, o seu adversário podia ter feito algo pelo olimpismo durante os seus três mandatos e “não fez”.
“A FPF nunca apostou na seleção olímpica. E podia ter apostado e devia ter apostado. O Fernando Gomes esqueceu-se disso, talvez, ao longo destes 12 anos. Mas lembrou-se, nestes últimos meses, de chamar os atletas olímpicos para uma festa num estádio de futebol, de chamar os atletas olímpicos para lhes oferecer medalhas e preitos de homenagem na gala do futebol? Parece que só houve Jogos Olímpicos em Paris”, evidenciou.
Durante a presidência do portuense, apenas por uma vez o futebol português esteve presente em Jogos Olímpicos, mais concretamente no torneio masculino do Rio2016.
O líder da Lista A recordou que, antes de Paris2024, houve mais Jogos Olímpicos, e esses atletas não foram convidados “por ninguém para essas festas”.
“Foram agora porquê? Porque o Fernando Gomes estava a pensar em ser candidato? Sim, estes amores de última hora não são… não são bonitos. Mas, pronto, são legítimos, de qualquer forma. E iremos os dois a votos, e o movimento desportivo terá a oportunidade de fazer essa escolha”, pontuou.
O candidato às eleições de 19 de março comparou ainda a atitude do antigo presidente da FPF com a do atual, notando que Pedro Proença, no seu primeiro dia de trabalho, foi a uma Assembleia Geral do COP, uma opção que demonstra que vai respeitar o máximo organismo desportivo nacional.
“Disse há tempos que o que esperava do futebol era que o futebol não apenas fosse votar, como é a sua obrigação, mas, sobretudo, que desse, nos próximos quatro anos, um contributo sério. […] Estou a falar das grandes decisões do COP, que são as Assembleias Gerais, as Assembleias Plenárias, que acontecem sempre e todos os anos, onde se aprovam planos, orçamentos, perspetivas de futuro, discutem-se as dificuldades, discutem-se os problemas e encontram-se soluções”, enumerou.
Para essas assembleias, recordou, quem é convocado é o presidente da respetiva federação. “E, nessas reuniões, e foram muitas, quase quatro dezenas ao longo destes últimos 12 anos, o presidente da FPF nunca foi. E isso é que eu não acho bonito. Isso é o que eu não acho próprio de quem se diz gostar e amar o olimpismo”, defendeu.
Ainda que acredite que “o futebol tem que dar mais” ao movimento olímpico e que seja uma modalidade que o povo português muito gosta, Dias confia que os portugueses têm “a convicção de que, às vezes, o futebol abafa o resto do desporto”.
“E quando nós estamos a falar do COP, estamos a falar do desporto todo. E temos é que criar condições para que o futebol não abafe o resto das modalidades”, concluiu.
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