O atleta etíope Feyisa Lilesa, medalha de prata na maratona dos Jogos Olímpicos Rio2016, recusou regressar ao seu país, depois de ter feito um gesto de protesto contra o governo da Etiópia ao finalizar a prova. "Eu não acho que ele vá voltar para a Etiópia. Há muitas pessoas que dizem que isso não seria bom para ele", disse à AFP o agente do atleta, Federico Rosa.
Segundo a mesma agência, Feyisa Lilesa não estava no avião quando a delegação etíope regressou a Adis Abeba, na segunda-feira à noite. "Ele não quer vir para a Etiópia, ele quer ir para outro país. Os Estados Unidos seria muito bom, mas, por agora, nós não sabemos para onde ele irá. Ele estava muito feliz depois da prova, mas também um pouco confuso", disse o mesmo agente, citado pelo jornal The New York Times.
O agente acrescentou que o "atleta não planeou nada para ir para outro país". "Eu nem sequer sei quando é que ele decidiu fazer isso. Ele não me disse nada sobre isso. Eu fiquei surpreso. E você não faz algo parecido com isso por dinheiro. Ele fez isso para defender o seu país ", acrescentou.
No final da maratona, Feyisa Lilesa cruzou os braços acima da cabeça, um sinal associado ao grupo étnico a que pertence, o povo de Oromia, que vem alegando ser perseguido pelas autoridades policiais do país. No domingo, o atleta afirmou que o seu gesto político poderia colocar a sua vida em perigo e que estava a pensar pedir asilo político, mas que ainda não tinha decidido a qual país.
Após a prova, Feyisa Lilesa afirmou também ter parentes na prisão "e, se eles falarem sobre direitos democráticos, serão assassinados". De acordo com a organização de defesa de direitos humanos Human Rights Watch, mais de 400 pessoas já morreram desde o início dos protestos.
"Ele não enfrentará qualquer problema pelo seu posicionamento", já fez saber o porta-voz do governo, Getachew Reda, à emissora Fana Broadcasting Corporate, acrescentando: "Afinal, ele é um atleta que conquistou uma medalha de prata para o seu país."
A Polícia Federal não confirmou à agência Lusa se o atleta pediu asilo ao Brasil. Estando no país, o asilo teria de passar por esta entidade e não pelo Ministério das Relações Exteriores.
Contactado pela agência Lusa, o Ministério da Justiça do Brasil disse não poder revelar se o etíope pediu refúgio, por a legislação garantir "confidencialidade do processo de pedido e concessão de refúgio, preservando a identidade do solicitante e dos refugiados reconhecidos".
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