O Contrato-Programa para Desporto 2024-2028 tornou “mais exigente” o cargo de presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), defendeu Laurentino Dias, mostrando-se preparado para ter uma relação muito próxima com o Governo caso seja eleito.

O contrato-programa firmado entre o COP e o Governo, no valor de 49,6 milhões de euros para o período entre 2024 e 2028, não tornou mais apetecível a presidência do organismo olímpico, mas sim “mais exigente”, clarificou o candidato às eleições de 19 de março.

“Essa verba faz transformar o COP de uma instituição de sete, oito milhões de euros de orçamento para uma de 20 milhões de euros de orçamento ao ano nos próximos quatro anos. O que significa uma exigência e uma responsabilidade acrescida. E isso nós temos consciência”, assegurou.

De acordo com o jurista de Fafe, de 71 anos, foi por esse motivo que a sua candidatura e a de José Manuel Araújo, o atual secretário-geral do organismo, se fundiram, uma vez que ambos perceberam que “o esforço e a exigência” que se pedem ao COP são grandes.

Responsável pela tutela do Desporto entre 2005 e 2011, nos dois governos liderados por José Sócrates, e ‘pai’ dos Centros de Alto Rendimento espalhados pelo país – a entrevista à Lusa decorreu no do atletismo, no Vale do Jamor, em Oeiras -, Laurentino Dias evitou responder se o seu passado governativo o pode prejudicar ou beneficiar nestas eleições.

“Peço-lhe que faça essa pergunta a todos os agentes desportivos, das diversas modalidades. E que lhes pergunte se acham que o trabalho que eu fiz durante seis anos foi ou não um trabalho positivo. […] Com franqueza, acho que foi. Tenho orgulho no trabalho que foi feito”, resumiu, depois de ter evocado várias vezes o seu legado no desporto nacional durante a entrevista.

Caso seja eleito em 19 de março sucessor de Artur Lopes, que integra a sua lista como presidente do Conselho de Ética, o candidato defende que “a relação entre o Comité Olímpico e o Governo tem que ser uma relação muito clara de parceria”.

“O COP não é uma organização do Estado. O Comité Olímpico é uma organização privada. Aliás, segundo a Carta Olímpica, o COP é um representante em Portugal do Comité Olímpico Internacional. E, portanto, tem que ser respeitado como tal. Tem que ter uma relação muito próxima com o Governo”, argumentou.

Uma vez que o organismo vive de fundos públicos e congrega as federações desportivas nacionais, para Laurentino Dias “é preciso que haja uma grande unidade e uma grande convergência de opiniões e de entendimentos”.

“Essa convergência implica também uma bela relação com o Governo. Sempre tive uma grande disponibilidade e grande abertura e grande franqueza na minha relação com as pessoas e com as organizações. Eu não vejo que possa ter com este Governo atual ou com um qualquer que lhe venha a suceder qualquer tipo de problema na relação institucional”, garantiu.

O candidato ressalvou, contudo, que “com certeza” criticará o executivo caso dele discorde. “Mas é da crítica que nasce a luz, é da discussão que nasce a solução”, completou.