
Kirsty Coventry considerou hoje que ser a primeira mulher e a primeira africana a presidir ao Comité Olímpico Internacional (COI) é “um sinal poderoso”, com a sua eleição a demonstrar que o organismo é verdadeiramente aberto à diversidade.
“É um sinal muito poderoso. É um sinal de que somos verdadeiramente globais, e que evoluímos no sentido de sermos uma organização que é verdadeiramente aberta à diversidade. Vamos continuar a percorrer esse caminho nos próximos oito anos”, prometeu, nas suas primeiras declarações após a eleição.
A antiga nadadora zimbabueana surpreendeu ao ser eleita presidente do COI, por maioria absoluta, logo na primeira ronda de votações, uma vez que era expectável que os candidatos fossem sendo eliminados um a um durante a 144.ª Sessão do organismo, a decorrer em Costa Navarino, na Grécia.
Coventry, de apenas 41 anos, tornou-se a primeira mulher e a primeira africana a ser escolhida para presidir ao COI nos seus 131 anos de história. A 10.ª presidente é também a segunda não europeia, sucedendo ao norte-americano Avery Brundage (1952-1972).
“É como ganhar a minha primeira medalha olímpica, em 2004. É um pouco surreal. Passei seis meses a trabalhar muito, a falar com todos os membros. Estou verdadeiramente agradecida a todos eles por depositarem tanta confiança em mim. Estou ansiosa por trabalhar com eles para desenvolver o movimento olímpico”, afirmou.
Campeã olímpica nos 200 metros costas em Atenas2004 e Pequim2008, a atual ministra do Desporto do Zimbabué conquistou a primeira de sete medalhas olímpicas na capital grega, país onde hoje foi eleita, o que a levou a qualificar a Grécia como o seu “amuleto da sorte”.
Na corrida com maior número de candidatos de sempre, a zimbabueana recebeu 49 votos, superando o espanhol Juan Antonio Samaranch Jr. (28), o britânico Sebastian Coe (8), o francês David Lappartient e o japonês Morinari Watanabe, ambos com quatro votos, e o jordano Feisal Al Hussein e o sueco Johan Eliasch, que tiveram apenas dois cada.
“É extremamente importante [ter vencido na primeira ronda]. Temos de ser uma frente unida. Podemos nem sempre concordar mas temos de conseguir unir-nos para o bem do movimento. Tive mentores incríveis nesta minha jornada olímpica e uma das coisas que um me disse foi que somos os guardiões, os protetores, e que temos de servir o movimento para assegurar que perdura para as próximas gerações”, notou.
Coventry vai agora reunir-se com Thomas Bach, o alemão a quem vai suceder a partir de 23 de junho, com os meses até à transição a servirem, nas suas palavras, para receber o testemunho.
“O meu foco agora é reunir todos os candidatos. Há tantas ideias boas resultantes dos últimos meses, quero mesmo tirar partido disso e promover o encontro de todos e fazer um reset, com os membros do COI e o nosso movimento olímpico, para decidirmos em que sentido vamos no futuro”, antecipou, numa ‘conferência de imprensa’ dada aos canais do COI.
Embora tenha as suas ideias, a presidente eleita insistiu na ideia de querer decidir em conformidade com “a família olímpica” o caminho para os primeiros seis meses.
Sobre o facto de suceder a outro campeão olímpico – na esgrima, em Montreal1976 -, a desportista africana mais bem-sucedida em Jogos Olímpicos referiu que tanto ela como Bach sabem o que os atletas sentem.
“Diz muito quando verdadeiramente percebemos aquilo que os atletas estão a passar. Estão no centro do nosso movimento. O presidente Bach assegurou-se disso e eu continuarei a fazer o mesmo”, admitiu.
Coventry, que entrou no movimento olímpico em 2013, como representante dos atletas, será também a segunda presidente mais jovem do organismo, depois de Pierre de Coubertin, o ‘pai’ do olimpismo, que presidiu ao COI com apenas 33 anos.
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