Portugal parte para os Jogos Surdolímpicos de Caxias do Sul com dois medalhados na comitiva e a garantia de que todos “irão dar tudo” para conseguir os melhores resultados, mas sem “prometer medalhas”.
“Podemos prometer muito esforço e muita dedicação. Todos vão dar o seu melhor e deixar no espaço de competição aquilo que melhor sabem fazer”, disse Tiago Carvalho, diretor executivo da missão portuguesa aos Surdolímpicos, à agência Lusa.
Sem assumir “compromissos” em relação a medalhas, Tiago Carvalho, que também é um dos vice-presidentes do Comité Paralímpico de Portugal (CPP), deixa uma garantia: “Não posso prometer as medalhas, mas posso garantir lutamos para os nossos melhores resultados, não podemos impor essa pressão psicológica aos atletas”.
Portugal chega a Caxias do Sul, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, com uma comitiva de 12 atletas, que vão competir em seis desportos, entre as quais o tiro, modalidade na qual Vyacheslav Suchchyk será o “responsável” pela estreia lusa.
“É uma alegria o facto de podermos crescer em modalidades. Faz parte dos objetivos do CPP. Esta estreia representa um investimento por parte da federação de tiro, que tem sido uma federação bastante preocupada em termos de atletas”, refere Tiago Carvalho.
A judoca Joana Santos, atual campeã mundial de -57 kg, e dona de três medalhas em Jogos Surdolímpicos, todas na categoria -63 kg, é a única atleta feminina na comitiva lusa.
“É pena termos apenas uma atleta feminina, mas este é um problema do desporto em geral que, naturalmente, se reflete no desporto para surdos”, disse o chefe de missão lusa aos Jogos, que decorrerão entre domingo e 15 de maio.
O outro medalhado da comitiva é Hugo Passos, que participou nos Jogos Olímpicos Atenas2004, detentor de seis medalhas em Jogos Surdolímpicos, quatro das quais de ouro.
A representação no atletismo foi reduzida de quatro para três atletas, depois de Francisco Laranjeira ter sido vítima de um atropelamento com fuga, a 15 dias da competição, ficando a cargo de Hemilton Costa, Ricardo Gomes, e Rui Rodrigues.
Na natação, Portugal estará representado por quatro atletas - Miguel Cruz, Ricardo Belezas, Tiago Neves, e o estreante Diogo Neves -, enquanto no ciclismo as cores nacionais serão defendidas por João Marques e André Soares, que se estreia.
O adiamento dos Jogos em quase um ano, devido à pandemia de covid-19, teve, segundo Tiago Carvalho um impacto “mais negativo do que positivo” na preparação dos atletas.
“O único impacto positivo pode ter sido a possibilidade de baixar os níveis de treino e isso trazer algum descanso ao corpo, mas houve impactos negativos a vários níveis, nomeadamente na programação e intensidade da preparação, e no que se refere aos atletas mais velhos”, afirmou.
O chefe de missão lembrou ainda que a pandemia alterou os quadros competitivos, obrigando ao adiamento de grandes competições, e afirmou: “Em algumas modalidades, estes atletas competem também no desporto regular, tiveram pouca oportunidade de conhecer adversários, devido à falta de provas”.
Com as bolsas de preparação e prémios equiparados aos dos atletas paralímpicos, Tiago Carvalho defende que o futuro do desporto surdolímpico em Portugal passa pela celebração de “contratos plurianuais, como acontece com olímpicos e paralímpicos”.
“Tem sido um caminho com passos de bebé, e uma luta do CPP. O desporto para surdos está a crescer, mas em um crescimento lento. Os contratos que garantem o financiamento são anuais, já uma vitória, mas é preciso mais, o nosso foco agora é o estabelecimento de um contrato plurianual, que dê estabilidade e segurança a atletas, treinadores, e federações”, referiu Tiago Carvalho.
Portugal vai somar em Caxias do Sul a sua oitava participação em Jogos Surdolímpicos, competição na qual se estreou em 1993, em Sófia, na Bulgária.
Em sete edições, Portugal conquistou um total de 13 medalhas (cinco de ouro, quatro de prata e quatro de bronze), conseguidas por apenas quatro atletas: o lutador Hugo Passos (seis) a judoca Joana Santos (três), o meio-fundista Hugo Lousada (duas) e Hélder Gomes, do taekwondo (duas).
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