Os comités Olímpico e Paralímpico da Rússia demitiram hoje o diretor da sua agência antidoping (RUSADA), Yuri Ganous, que desde a sua nomeação em 2017 denunciava a falta de empenho das autoridades na luta por um desporto limpo.
“A assembleia-geral decidiu destituir [Yuri] Ganous. A decisão foi tomada por unanimidade”, disse o presidente do Comité Olímpico Russo, Stanislav Pozdniakov, acrescentando que a medida foi “tomada apenas com base em revelações de violações administrativas e financeiras”.
Yuri Ganous disse à agência France-Presse que o seu despedimento “não significa nada de bom [para o desporto russo]”, porque a RUSADA se tinha “tornado numa ponte para restaurar a confiança” entre a Rússia e órgãos desportivos mundiais.
O dirigente, de 56 anos, denunciou no início de agosto a auditoria que lhe foi movida por alegada má gestão na RUSADA, que rotulou de “vingança” pela sua postura, muitas vezes contra o Kremlin.
Ganous acusou as autoridades de seu país de serem responsáveis pelas falsificações do laboratório antidopagem de Moscovo, que levou, no final de 2019, à exclusão da Rússia dos Jogos Olímpicos e competições desportivas mundiais por quatro anos.
Na altura, Yuri Ganous considerou lógico o afastamento da Rússia do desporto mundial, dada a extensão das fraudes praticadas pelo laboratório de Moscovo.
Encomendada pelos comités Olímpico e Paralímpico da Rússia, a auditoria a Yuri Ganous apontou “irregularidades financeiras, incluindo tarifas de táxi supostamente altas ou aulas de inglês do diretor da agência pagas pela RUSADA”.
No início de agosto, o conselho fiscal da RUSADA, órgão que já se tinha oposto a algumas das posições assumidas pelo seu diretor, tinha recomendado a destituição de Yuri Ganous.
A Agência Mundial Antidopagem (AMA) reagiu já à demissão do diretor da RUSADA, afirmando estar “extremamente preocupada”.
Comentários