A comissária da polícia de Londres, Cressida Dick, disse hoje ter sido apresentado um pedido de desculpas à atleta britânica Bianca Williams, pelo “sofrimento” causado durante uma ‘operação stop’ que envolveu também o português Ricardo dos Santos.
Durante uma audição com a comissão parlamentar para a administração interna, Dick disse que dois agentes falaram com Williams sobre o caso que aconteceu no fim de semana.
“O meu agente pediu desculpa à senhora Williams pelo sofrimento que claramente causou e eu digo o mesmo”, disse a comissária, que admitiu " empatizar com alguém cujo automóvel é parado, tem uma criança no banco de trás e não sabe o que se passa e acaba por se descobrir que não está na posse de quaisquer substâncias ilícitas”.
Questionada sobre se era justificado o uso de algemas no casal, Cressida Dick disse que este “deve ser sempre justificado e de acordo com a lei”.
“Se houver lições a aprender, nós vamos aprendê-las e sobre o algemamento em particular”, vincou.
A Polícia Metropolitana de Londres tinha anunciado na terça-feira ter pedido voluntariamente um inquérito independente à Agência Independente para a Conduta Policial (IOPC).
“Registámos este incidente como uma queixa pública. A decisão de se referir à IOPC foi tomada devido ao registo a uma queixa ter sido apresentada e ao significativo interesse público nesse assunto, e agradecemos o exame independente dos factos”, referiu em comunicado.
O atleta do Benfica, dos 400 metros, preparava-se para ir para casa, quando, devido ao trânsito e a cinco minutos do local, resolveu mudar o trajeto, com a mulher e o filho bebé no carro, num percurso que acabou em ‘perseguição’ pela polícia.
No momento em que parou o carro à porta de casa, Ricardo dos Santos e Bianca Williams foram obrigados a sair, num incidente em que o atleta português acusa a polícia de ter tirado os bastões e de o acusar de cheirar a canábis, antes de o algemar.
Segundo Bianca Williams, especialista dos 200 metros, Ricardo dos Santos já foi parado cerca de 15 vezes desde que adquiriu um carro de marca Mercedes.
“É sempre a mesma coisa com o Ricardo. Eles pensam que ele está a conduzir um carro roubado, ou que esteve a fumar canábis. É discriminação racial. A forma como falaram com o Ricardo, como se ele fosse ralé, tivesse feito alguma coisa mal, foi chocante”, disse ao jornal Sunday Times.
A polícia disse que duas análises dos vídeos filmados pela polícia e por Williams concluíram que não houve conduta imprópria por parte dos agentes.
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