As colegas angolanas que participaram com o ator Pedro Lima, também ex-nadador, nos Jogos Olímpicos de Seul e Barcelona, lamentaram hoje a sua perda, recordando um atleta simpático e dedicado, de alto nível, que se distinguiu nas competições africanas.
Antes de se tornar conhecido como ator, Pedro Lima, que nasceu em Luanda a 20 de abril de 1971 e foi encontrado morto no sábado em Cascais, nos arredores da capital portuguesa, integrou a Seleção Nacional de Angola que participou nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, e de Barcelona em 1991.
Nádia Cruz, na altura com 13 anos, recorda-se de ver Pedro Lima chegar à piscina de Alvalade depois de ser pré-selecionado para Seul.
“Lá estava ele, uma figura esbelta, a rodar os braços e pronto a fazer o seu primeiro treino”, lembra a antiga nadadora que se juntou a Pedro Lima nas equipas selecionadas para os dois Jogos Olímpicos em que o ator competiu.
Em 1988, os atletas angolanos fizeram um estágio em Loulé e daí seguiram para a capital sul-coreana, seis raparigas e quatro rapazes, entre os quais Pedro Lima, orientados pelo então técnico nacional, Osvaldo Morais, para representarem Angola nas Olimpíadas
Nádia Cruz destaca as “qualidades técnicas avançadas” do então nadador, que descreve como “um rapaz super-inteligente, uma pessoa dada e simpática”, com quem conviveu em vários momentos em Portugal e que sempre se relacionou bem com a equipa.
“Havia diferenças culturais, claro, ele cresceu numa cultura portuguesa e nós numa cultura angolana, mas sempre nos demos muito bem”, disse à Lusa Nádia Cruz.
“O Pedro era uma pessoa muito animada e divertida, era muito brincalhão. Passámos bons momentos”, descreve Ana Lima, que conheceu Pedro Lima aos 16 anos em Luanda e integrou também a seleção para os JO de Seul.
Pedro Lima participou também no torneio Internacional de Maputo com as colegas Nádia Cruz e Elsa Freire, e nos Campeonatos Panafricanos e Africanos que tiveram lugar na Tunísia e no Egipto onde conquistou medalhas de Ouro e Bronze.
Participou ainda nos segundos Jogos Olímpicos Barcelona 1992, com as suas colegas Nádia Cruz e Elsa Freire e deixou posteriormente a natação, tornando-se modelo e ator de sucesso, protagonizando várias telenovelas.
“Foi um grande nadador, com recordes nacionais absolutos até hoje, foi o único angolano a ganhar ouro em Jogos Africanos”, realça Ana Lima, que conheceu Pedro Lima aos 16 anos e com ele convivei na preparação para os jogos de Seul e no estágio em Loulé.
“Uma curiosidade é que a mãe do Pedro era amiga de infância da minha mãe. Ela vivia em Luanda, mas o Pedro vivia em Portugal”, contou a atual vice-presidente da Federação Angolana de Natação à Lusa.
“Foi uma grande tristeza esta morte prematura de Pedro Lima, um nadador que foi da minha geração”, assinalou ainda a ex-nadadora.
Também Nádia Cruz sublinhou que a morte do ator foi um “choque para todos” e deixou um alerta à sociedade para os “problemas psicológicos” que afetam muitos atletas.
“O Pedro Lima era um grande homem, cheio de tudo para viver, mas pelos vistos tinha coisas pessoais interiores que não estavam resolvidas, a sociedade tem de pensar nisso. As pessoas têm de se abrir mais e pedir ajuda”, apelou.
No seu ‘site’ oficial, a Associação de Atletas Olímpicos de Angola, publicou uma nota expressando o seu pesar pelo falecimento de Pedro Lima e destacando os feitos do atleta nas várias competições onde participou.
Segundo fonte da Autoridade Marítima, pessoas próximas do ator manifestaram na manhã de sábado, cerca das 08:20, à PSP a sua preocupação pela ausência de Pedro Lima, por causa de uma carta deixada por este, tendo sido acionados os meios de busca.
O corpo foi encontrado às 10:20 na praia do Abano, em Cascais, por elementos de uma lancha salva-vidas.
Pedro Lima estava a interpretar uma personagem na novela "Amar Demais", a ser transmitida pela TVI.
A TVI lamentou a "partida inesperada e brutal" do ator, considerando que este é um "dia chocante que abre uma tormenta de emoções e deixa um pesar enorme entre todos".
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