O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), reagiu hoje com prudência à proposta da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em criar de uma entidade externa que possa gerir a arbitragem nas competições profissionais.
“Tudo o que seja para defender os árbitros e para que possamos ter independência na arbitragem estaremos de acordo. Mas é importante perceber em que moldes é que funcionará essa alteração e o que está pensado”, disse Luciano Gonçalves, à margem da tomada de posse de Pedro Proença, para mais um mandato da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.
O líder da associação de árbitros de futebol considerou positivo que a FPF “tenha dado o mote para lançar a discussão”, mas lembrou que é um tema que necessita de uma análise prolongada.
“É impensável estar a lançar um projeto a curto prazo, pois, como tudo na vida, quando as coisas são feitas à pressa, os resultados podem não ser os melhores. Iremos sempre defender a independência da arbitragem", reforçou.
Luciano Gonçalves mostrou-se satisfeito por ser o Conselho de Arbitragem da FPF a liderar o grupo de trabalho que vai elaborar a proposta, confirmando que a APAF também foi chamada a envolver-se no debate.
“Entendo como uma valorização do trabalho do Conselho de Arbitragem, e também me deixa satisfeito estarmos envolvidos no processo. Mas é, ainda, tudo muito embrionário. Temos de ver se pode ser igual ao modelo inglês ou alemão e perceber qual a moldura legislativa que o permita”, acrescentou.
Também José Pereira, presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) comentou o assunto, à margem da tomada de posse de Pedro Proença, embora revelando algum desagrado por ainda não ter sido ouvido pela FPF sobre o tema.
“Ainda não analisei a proposta com a profundidade que merece, mas, neste momento, acho estranho que a FPF tenha tomado esta iniciativa sem consultar os seus sócios. Ainda não fomos ouvidos sobre isto”, confessou o dirigente.
José Pereira considerou que “a arbitragem é sempre um tema polémico” e mostrou algumas dúvidas sobre esta proposta da FPF para o setor.
“Acho que não será por este caminho que resolveremos os nossos problemas. Resolver-se-á com muita competência dos seus profissionais e uma grande orientação por parte de quem os lidera”, completou o líder a ANTF.
A Federação Portuguesa de Futebol propôs hoje a criação de uma entidade externa que possa gerir a arbitragem nas competições desportivas profissionais, que obrigará a alterações nas normas que regulam a gestão da função de arbitragem em vigor.
O objetivo da proposta, pode ler-se em comunicado daquela entidade sediada em Oeiras, distrito de Lisboa, é criar “uma nova resposta” para esta tarefa, e aproximar esta entidade externa do modelo “que já sucede em outros países”.
Na opinião da FPF, isto permitirá “utilizar ferramentas e mecanismos legais que garantam a constituição e desenvolvimento do quadro de árbitros mais adequado”.
Para elaborar a proposta foi criado grupo de trabalho liderado pelo presidente do Conselho de Arbitragem (CA) da FPF, fazendo ainda parte a Liga Portuguesa de Futebol Profissional e a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, que serão “convidados de imediato”, tendo a FPF informado a secretaria de Estado da Juventude e do Desporto e os sócios federativos.
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