FC Porto sagra-se campeão em ano atípico
Devido à pandemia, o mês de julho foi, excecionalmente, sinónimo de festejos no futebol. A começar pelo FC Porto, que conquistou o 29.º título de campeão nacional numa época inevitavelmente marcada pela COVID-19, que ditou um interregno de três meses e jogos à porta fechada.
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Graças ao triunfo no clássico com o Sporting (2-0), a equipa ‘azul e branca’ fez a festa (possível) a duas jornadas do fim do campeonato, numa temporada que chegou a parecer perdida: no final de janeiro Sérgio Conceição colocou o lugar à disposição, mas, mesmo a sete pontos do Benfica, o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, segurou o treinador.
Longe das multidões que encheram as ruas em vitórias passadas, os adeptos portistas viram as celebrações reduzidas devido à pandemia, mas nem assim deixaram de comparecer na Avenida dos Aliados, bem como na Alameda do Dragão, para dar vivas ao novo campeão nacional.
A consagração aconteceu na jornada seguinte, após o duelo com o Moreirense, no qual os portistas golearam, por 6-1. Perante as bancadas vazias do Dragão, Danilo Pereira levantou a taça de campeões nacionais.
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Aves e Vitória de Setúbal descem ao Campeonato de Portugal
Face aos resultados da última jornada da I Liga, o Portimonense seria a equipa que iria acompanhar o Aves na descida ao segundo escalão do futebol português. Não foi o que aconteceu. Aves e Vitória de Setúbal foram impedidos de se inscrever nas competições profissionais, depois de a Comissão de Auditoria da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) ter reprovado os processos de licenciamento, tendo por isso descido ao Campeonato de Portugal.
Em comunicado, a Liga explicou que os dois clubes não cumpriram os requisitos para se inscreverem nas provas profissionais. Nesse sentido, o organismo convidou o Portimonense, que tinha sido 17.º posicionado e despromovido, a manter-se na I Liga, e o Cova da Piedade e o Casa Pia a manterem-se na II Liga, depois de terem sido despromovidos administrativamente, com o cancelamento do segundo escalão, devido à COVID-19.
O mês de julho foi especialmente atribulado para o Aves, na sequência dos incumprimentos salariais por parte da SAD, que originaram uma onda de rescisões unilaterais com o plantel. A SAD chegou a ameaçar faltar às duas últimas rondas, mas os anseios da administração tropeçaram no empenho do clube presidido por António Freitas, que organizou a receção ao Benfica (0-4) e suportou diversas despesas na visita ao Portimonense (0-2).
Também no final de julho, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) aceitou a providência cautelar pedida pelo Olhanense relativamente às decisões do Campeonato de Portugal, o que deixou em suspenso as subidas de Vizela e Arouca à II Liga. O organismo acabaria por rejeitar o recurso do clube algarvio no mês seguinte, confirmando assim as subidas de Vizela e Arouca ao segundo escalão.
O regresso de Jorge Jesus e uma dança infindável de treinadores
A saída de Bruno Lage (fora substituído interinamente por Nélson Veríssimo) do Benfica abriu porta a muita especulação sobre um possível regresso de Jorge Jesus à Luz. Os rumores acabariam por ser confirmados a 17 de julho: Jorge Jesus deixava o Flamengo (ainda conquistou o campeonato carioca) e voltava ao leme das 'águias', onde esteve entre 2009 e 2015. A apresentação do técnico só aconteceria em agosto, depois da Taça de Portugal.
O regresso de Jorge Jesus, treinador mais titulado da história do Benfica, era o grande trunfo de Luís Filipe Vieira, poucos dias depois da sua recandidatura à presidência dos ‘encarnados’ e de ter sido constituído arguido "pela alegada prática de um crime de fraude fiscal qualificada" – a SAD, a Benfica Estádio e Domingos Soares de Oliveira também foram constituídos arguidos. João Noronha Lopes e Rui Gomes da Silva também apresentaram as respetivas candidaturas em julho.
Mas o Benfica não foi o único clube da I Liga a trocar de treinador com vista à temporada 2020/21. Neste mês, Carlos Carvalhal foi o escolhido no SC Braga para suceder a Artur Jorge (passou para os sub-23), que por sua vez já havia substituído Custódio. Tiago Mendes assumia o lugar de Ivo Vieira no Vitória de Guimarães; Vasco Seabra foi oficializado pelo Boavista; Daniel Ramos substituía João Henriques no comando técnico do Santa Clara; Vítor Oliveira deixou o Gil Vicente; e José Gomes transferiu-se do Marítimo para os espanhóis do Almería.
Sai mais um título de campeão para CR7
Julho foi pródigo em festejos também lá fora. A Juventus sagrou-se campeã em Itália pelo nono ano consecutivo, depois de vencer a Sampdoria por 2-0, na 36.ª jornada. Cristiano Ronaldo, autor do primeiro golo, chegou ao seu sétimo título de campeão nacional (30.º coletivo): soma agora dois títulos de campeão de Itália pela Juventus, depois de ter erguido três em Inglaterra pelo Manchester United e dois em Espanha pelo Real Madrid.
Nas redes sociais, o internacional português de 35 anos fez uma dedicatória especial pela conquista da Serie A.
"Feito! Campeões de Itália! Estou felicíssimo por conquistar o segundo campeonato consecutivo e por continuar a construir a história deste enorme clube. O título é dedicado a todos os adeptos da Juventus, mas em particular aos que sofreram e sofrem com a pandemia que nos surpreendeu a todos e derrubou o mundo. Não foi fácil! A vossa coragem, atitude e determinação foram a força necessária para enfrentar este final apertado do campeonato e lutar até ao final por este título, que pertence a toda a Itália. Um grande abraço a todos", escreveu Cristiano Ronaldo.
Já o Real Madrid sagrou-se campeão de Espanha pela 34.ª vez na sua história. A conquista foi garantida após a vitória por 2-1 frente ao Villarreal, em jogo da 37.ª e penúltima jornada da La Liga. Karim Benzema foi a figura da vitória da equipa de Zinedine Zidane, ao bisar na partida.
Acentuava-se assim a crise no Barcelona, com a direção dos catalães, ainda assim, a optar por segurar o treinador Quique Setién. Lionel Messi terminava a temporada como melhor marcador da Liga espanhola, pela sétima vez, mas não escondeu a insatisfação face ao momento da equipa: “Temos de fazer muita autocrítica. Não perdemos porque o rival foi melhor.”
O mês de julho fica também marcado pela consagração do campeão Liverpool, num jogo que foi também um verdadeiro hino ao futebol, em que esteve a vencer o Chelsea por 3-0, relaxou, permitiu que chegasse a 4-3 e acabou por vencer por 5-3. No final da partida, a equipa de Jurgen Klopp recebeu o troféu de campeão na mítica bancada ‘The Kop', em Anfield Road. Nesse mês, Bruno Fernandes e Nuno Espírito Santo dominaram os prémios mensais da Premier League, para melhor jogador e melhor treinador, respetivamente.
O Paris Saint-Germain conquistou a Taça de França ao vencer na final o Saint-Étienne por 1-0, numa partida marcada pela lesão de Kylian Mbappé, que ficava assim em dúvida para a Liga dos Campeões. A equipa parisiense acabou por fechar com chave de ouro a época em França, com a conquista do terceiro troféu da temporada, ao vencer o Lyon na final da Taça da Liga, após marcação de grandes penalidades. Já o Bayern de Munique venceu o Leverkusen na final da Taça da Alemanha (4-2) e conseguiu a 'dobradinha'.
Destaque ainda para André Martins e Luís Rocha, que sagraram campeões na Polónia pelo Legia Varsóvia, e para Rafael Lopes e o 'seu' Cracóvia, que por sua vez arrebataram a Taça da Polónia. O Young Boys venceu o campeonato suíço pela terceira vez consecutiva, enquanto o Zenit sagrou-se bicampeão russo, tendo ainda conquistado a Taça da Rússia. O Basaksehir fez história na Turquia ao conquistar o seu primeiro campeonato, e o Trabzonspor venceu a Taça da Turquia.
O mês fica ainda marcado pela confirmação da 'final a oito' da Liga dos Campeões em Lisboa, mais concretamente na Luz e em Alvalade, a ser disputada à porta fechada; e o Manchester City recebeu 'luz verde' para jogar nas competições europeias depois de vencer o recurso no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) contra os dois anos de suspensão das competições da UEFA.
O regresso da Fórmula 1, do MotoGP e da NBA
Enquanto os principais campeonatos de futebol terminavam em julho, outras competições foram retomadas neste mês, como foi o caso da Fórmula 1, do MotoGP e da NBA, entre outras. O mais importante, todavia, foi o anúncio de que Portugal voltaria a receber um Grande Prémio de Fórmula 1, a realizar-se entre 23 e 25 de outubro, pela primeira vez no Autódromo Internacional do Algarve.
Valtteri Bottas foi o vencedor da primeira prova da época, no Grande Prémio da Áustria, antes do domínio de Lewis Hamilton, que igualou o recorde de Michael Schumacher como piloto com mais triunfos num GP. E a Renault anunciava o regresso de Fernando Alonso à Fórmula 1 em 2021, três anos depois de ter abandonado a modalidade.
No regresso do MotoGP, Miguel Oliveira igualou o seu melhor resultado de sempre na competição, ao terminar no 8.º posto em Jerez de la Frontera. Seria o início de uma temporada superlativa para o piloto português.
Outro dos regressos mais esperados era o da NBA, quase quatro meses e meio de Rudy Gobert (Utah Jazz) ter sido o primeiro positivo conhecido de COVID-19 e a competição ter sido dada como suspensa (11 de março). Transferida de armas e bagagens para o complexo da Disney World, em Orlando, a fase regular da liga norte-americana de basquetebol realizou-se num ambiente de 'bolha', envolvendo apenas jogadores, treinadores, staff e poucos elementos de produção.
Também em julho, o Governo aprovou a retoma competitiva das modalidades coletivas de pavilhão (andebol, basquetebol, futsal, patinagem e voleibol), sem a presença de público; o Sporting sagrou-se campeão nacional de ténis de mesa masculino pela quinta vez seguida; Francisca Jorge tornou-se tetracampeã nacional, enquanto Nuno Borges conquistou pela primeira vez o título do Campeonato Nacional Absoluto; e Rui Costa venceu o contrarrelógio da Prova de Reabertura do ciclismo português, que voltou à competição em Anadia, Aveiro, após meses de suspensão.
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