Como contributo para este desígnio lançaram hoje na Faculdade de Medicina de Lisboa (FMUL) o livro “Toca a mexer”, que resultou de uma investigação científica durante dois anos e que promoveu a prática da atividade física em pessoas com problemas cognitivos de causa vascular.

“Neste momento temos 217 mil pessoas a viver com demência em Portugal é um número enorme e se nós conseguirmos reduzir atuando muito mais cedo seguramente vamos ter números melhores”, disse à agência Lusa a coordenadora da consulta de demências do Hospital Santa Maria, Ana Verdelho.

Segundo a investigadora e coordenadora do estudo, juntamente com a especialista em fisiologia do exercício Helena Santa-Clara, o estudo visou avaliar se a atividade física era benéfica para melhorar a capacidade cognitiva, bem como a parte motora, o estado emocional e a qualidade de vida dos participantes, que hoje estiveram presentes na apresentação do livro.

Apesar dos resultados do estudo estarem neste momento em submissão em revistas científicas, Ana Verdelho avançou que se foi apercebendo que o contacto também “é muito importante” para estas pessoas, bem como a maneira como se explica como se fazem os exercícios.

“Sentimos que quando o projeto terminasse se ia deixar de ter este guião, que eram os nossos monitores que estavam a orientar e, portanto, pensámos deixar este manual como um contributo à comunidade”, salientou Ana Verdelho.

A investigadora Helena Santa-Clara acrescentou, por seu turno, que a prática do exercício físico e o comportamento de ser fisicamente ativo são duas áreas que têm “uma possibilidade não só de prevenir a degeneração cognitiva como também de ajudar pessoas que já possam ter algumas debilidades”,

Sobre a experiência, a investigadora afirmou que “foi muito positiva”: “Todos os participantes sentiram-se apoiados, sentiram que a orientação do exercício supervisionado é uma mais-valia para eles, conseguirem no fundo corresponder àquilo que são as recomendações internacionais da prática de atividade física”.

O facto de trabalhem com os participantes em grupo confere também benefícios do ponto de vista social, disse a coordenadora do estudo que teve o financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia e decorreu no Instituto de Saúde Ambiental.

Segundo Helena Santa-Clara, o manual foi feito “para não deixar abandonados os participantes no programa”.

“As pessoas que estiveram envolvidas neste estudo sentiram-se melhor, sentiram que a sua autonomia funcional melhorou e esse é um aspeto que do ponto de vista da qualidade de vida do ser humano é extremamente importante e também temos a informação de que algumas das suas capacidades cognitivas acabaram por melhorar”, adiantou Helena Santa-Clara.

Maria do Carmo, 75 anos, participou no estudo e fez questão de estar presente no lançamento do livro, assim como outros cerca de 30 participantes, que receberam das mãos das investigadoras o manual assinado.

“Fui aqui tratada no hospital [Santa Maria] e a Dra. Ana Verdelho convidou-me a participar no estudo que me ajudou muito e me deu esperança, porque eu fiquei sem força na perna esquerda e no braço esquerdo e recuperei muito, quase tudo”, disse à Lusa, enquanto folheava o livro.

Disse, com orgulho, que apesar de o estudo ter terminado continuam a preocupar-se com os doentes e por isso escreveram o manual que, afirmou, “vai ser muito útil”.

“Vou continuar a fazer os exercícios, mas sozinha é mais difícil”, desabafou Maria do Carmo, recordando: “Aqui tínhamos o entusiasmo que nos transmitiam, a ajuda, o sorriso que nos animava, mas pronto, tenho aqui muito para me preocupar”.

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