O presidente da Federação Inglesa (FA), Greg Clarke, quer que sejam introduzidas substituições por concussão “o mais rapidamente possível” depois da publicação de um estudo que mostra uma correlação entre o futebol e a demência.
Um estudo da Universidade de Glasgow mostra que antigos jogadores têm 3,5 vezes mais probabilidades de morrer de uma doença neuro degenerativa que a população em geral.
O estudo, publicado na última segunda-feira, foi encomendado pela Federação Inglesa e pela Associação de Futebolistas Profissionais Ingleses (PFA) e analisou os registos médicos de 7.676 homens que jogaram futebol profissional na Escócia entre 1900 e 1976.
Clarke vai apresentar as descobertas do estudo no Conselho da FIFA em Shanghai, esta semana.
O presidente da FA afirma que é preciso perceber se o repetido cabeceamento de bolas, ou o tratamento deficiente de concussões, foram fatores que contribuíram para o risco de demência.
“Uma das coisas em que estamos focados, e já falei com a FIFA e com a UEFA sobre isto, é a introdução de substituições por concussão o mais rapidamente possível”, disse Clarke a um comité de deputados britânicos.
“Se alguém tem uma lesão na cabeça, não quer só ser observado pelo médico rapidamente e que ele diga ‘tu estás bem’ ou ‘tu não estás bem’ – podemos mandar outro para o campo enquanto o jogador é analisado para afastarmos a necessidade de imediatismo na decisão dos médicos, para que possam ser tomadas decisões médicas importantes”.
O órgão que faz as leis do futebol, o International Board (IFAB), vai discutir as concussões na reunião dos painéis consultivos técnicos e desportivos, em Zurique, na próxima quarta-feira.
Um problema sério
O chefe executivo cessante da PFA, Gordon Taylor, foi fortemente criticado pela inação, em particular pela família do antigo avançado do West Bromwich Albion, Jeff Astle, cuja morte em 2002 por Encefalopatia Traumática Crónica (também conhecida por demência pugilística) foi ligada ao repetido cabeceamento de bolas de pele pesadas.
O antigo internacional inglês, Chris Sutton, cujo pai sofre de demência, acusou Taylor de falhar com os jogadores.
“A confirmação que existe uma ligação entre o futebol e a demência não me traz qualquer satisfação. Deixa-me revoltado”, disse Sutton, numa coluna no jornal inglês ‘Daily Mail’.
“Revoltado por pessoas como o meu pai, Mike, e outros antigos futebolistas que estão a morrer da forma mais horrível e humilhante. Revoltado pelas futuras gerações que também vão sofrer, porque este estudo saiu 15 anos tarde demais”.
Sutton disse que o estudo devia de ter sido encomendado em 2002, depois da morte de Astle.
“A PFA, liderada por Gordon Taylor, tinha o dever de olhar pelos seus membros”, disse Sutton, “Falhou-lhes”.
A filha de Jeff Astle, Dawn, que fez campanha desde a morte do pai para que fosse feita pesquisa na área, disse estar “estupefata” quando descobriu os resultados.
“O meu sentimento geral é de estupefação, ainda que a minha pesquisa e o meu instinto me dissessem que havia um problema sério”, afirmou.
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