Depois de nesta terça-feira ter surgido uma investigação publicada pelo 'Diário de Notícias' sobre seis jogadores do União Serpense (clube da Primeira Divisão Distrital de Beja) que chegaram a Portugal com a promessa de jogar e que acabaram por não ficar inscritos, o SAPO Desporto esteve agora à conversa com um dos visados em toda a situação.
Djalma Galhardi, ex-diretor desportivo do clube de Serpa e que acabou por sair no início da temporada, foi um dos principais nomes apontados pelos jogadores e pelo presidente do clube. Diz estar "indignado e chateado", nega qualquer envolvimento em casos de 'Tráfico Humano' e reforça que nunca fugiu com o dinheiro de ninguém.
"Como eu não estou aqui [está no Brasil], eles aproveitam para dizer tudo nas minhas costas, mas eu não tive culpa nenhuma!", esclareceu Galhardi, que garante não ter fugido com o dinheiro referente à inscrição e despesas dos jogadores:
"Falam que eu fugi com dinheiro, mas eu nunca fiz isso (…) Eu vim para o Brasil com dois mil euros meus, e até dinheiro coloquei no clube"
Um dos casos noticiados foi o do jogador João Brilhante, que teve de pagar as suas próprias despesas, mas Galhardi nega ter tido algum contacto com esse dinheiro:
"O dinheiro que o João Brilhante mandou foi direto para a conta do presidente, eu nunca toquei nele"
O antigo diretor desportivo foi mesmo mais longe e revelou que ficou com salários em atraso: "Eu era um funcionário do clube e em dois meses que estive lá não recebi um salário".
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Outra das acusações é de que também terá fugido no início da temporada, algo que Galhardi nega ter acontecido:
"Eu já tinha avisado o presidente um mês antes que tinha de me ausentar porque a minha mãe estava doente. Depois coincidiu com a altura em que seria fechada a [janela de] inscrições", explicou.
Sobre a alegada culpa da não inscrição dos jogadores, a posição também é clara:
"Eles [jogadores] acham que a culpa foi minha. A parte da documentação da inscrição cabia à esposa [Vanda] do mister [Paulo Fernandes], e ela não fez".
Segundo Galhardi, a inscrição apenas poderia ser feita quando fosse paga uma dívida do clube, algo que não tinha acontecido. Depois de todas as notícias que saíram, assume que não voltou a ter qualquer contacto com os atletas.
O antigo diretor desportivo do União Serpense deixou ainda duras críticas ao treinador da equipa na altura, Paulo Fernandes, que, na sua ótica, terá sido um dos grandes responsáveis por esta situação toda.
"O treinador [Paulo Fernandes] começou a dizer a cada jogador que eu tinha roubado dinheiro", explicou, acrescentando ainda que o objetivo do técnico seria mudar todo o plantel para um empresário seu conhecido, o que no futuro lhe traria uma comissão: "Ele sabia que os jogadores não iam ser inscritos e queria mandá-los embora".
As reais habilitações do atual treinador do Guarda Desportiva FC também foram mencionadas por Galhardi: "Ele [Paulo Fernandes] nem a [licença] UEFA B tem, que é preciso para ser treinador em Portugal".
Quando questionado sobre uma alegada dívida de 200 mil euros que envolveu Emerson Conceição e o ADC Rebordelo, também negou todas as acusações:
"Não devo nada. Ele [Emerson Conceição] deu a parcela de entrada em setembro e logo depois saiu do clube, alegando um monte de mentiras", explicou.
Djalma Galhardi assume que vai avançar com um processo de difamação e confirma que ainda não foi contactado pelo Ministério Público no caso em investigação, que envolve o União Serpense.
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