A maioria dos praticantes de desportos ao ar livre admite ter treinado menos devido à pandemia de COVID-19, com grande parte a não sair de casa e alguns a adquirir aparelhos para treino em casa.
A paragem está a deixar marcas e grande parte dos praticantes considera que a crise deixa marcas na sua capacidade física e mesmo técnica, só esperando um regresso à normalidade dos treinos num prazo de quatro meses, com competições sem restrições somente em 2021.
As conclusões são de um estudo ibérico agora divulgado sobre os impactos ao nível da prática dos principais desportos de ar livre (como o trail, running ou BTT) que resultam das medidas extraordinárias de confinamento impostas aos cidadãos perante a situação que se vive devido à pandemia.
Um total de 2.310 respostas portuguesas e 468 respostas espanholas foram tidas em conta, no trabalho elaborado pelo Grupo de Investigação Sistemas de Modelação e Planeamento (MaPS) da Universidade NOVA, e pelo Grupo de Investigación Social y Educativa de la Actividad Física y del Deporte (GISEAFE), da INEFC/UdL, de Espanha. O inquérito foi feito entre 30 de abril e 08 de maio.
No perfil desportivo, 879 dos portugueses responderam que se dedicam mais à corrida (761 ao trail), a maioria treina duas a três vezes por semana (mas o grupo de quatro a seis treinos também é elevado) e 2045 (de 2310 repostas) usam GPS ou outras aplicações. Correram (em média) 2.445 km no ano passado (345 horas) e apenas 43,3% admite recorrer a exames médicos (a percentagem dos espanhóis é de 65,6%).
Cerca de 61% afirma que treina com menor frequência, com 920 a responderem que fazem menos treinos semanais. É de 30% a percentagem dos que referem que treinam em casa e fora, com 26% a admitir que passou a treinar só em casa e 6,2% a referir ter adquirido aparelhos para treino em casa.
Um total de 2.085 considera estar afetado pelas alterações de calendário. Participariam em média em 10,9 provas em 2020, tendo feito 2,8 provas em janeiro e fevereiro e viram 2,2 provas serem canceladas. Cerca de um terço refere que a situação teve impacto económico nas suas despesas e 37% gastou dinheiro em inscrições não reembolsáveis.
Em relação ao futuro, 94% manifestam a intenção de manter a atividade, mas 24% admitem que farão alterações. É de 58% o total dos que responderam estar afetados na sua capacidade física (22% consideram-se muito afetados) e 56% admite que a sua capacidade técnica foi afetada.
Sobre a exposição ao perigo representado pelo novo coronavirus, 242 respostas admitem preocupar-se pouco, 1.200 ter alguma preocupação e 886 referem grande preocupação.
Quanto às consequências a nível de organização das provas, 1.100 refere que vai mudar qualquer coisa e um milhar dos inquiridos acredita que vai mudar muito. A estimativa de regresso à normalidade é de quatro meses, para treinos, e de oito meses, para competições.
A nível global, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 346 mil mortos e infetou mais de 5,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios.Quase 2,2 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.342 pessoas das 31.007 confirmadas como infetadas, e há 18.096 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
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