A Confederação do Desporto de Portugal (CDP) alertou hoje para o “descontentamento generalizado” ao nível do movimento associativo e das federações desportivas sobre a situação atual do desporto em Portugal, e quer ser ouvida pelo poder político.
“Há uma soma de descontentamento generalizado das federações e do movimento associativo, e isso foi-nos, mais uma vez, dito na última Assembleia Geral, realizada na quarta-feira”, disse o presidente da CDP, à agência Lusa.
De acordo como Carlos Paula Cardoso, na base do descontentamento estão, entre outros, o problema do subfinanciamento do desporto, e falta de condições para a prática de desporto e a realização de grandes competições.
“Há um subfinanciamento do desporto em Portugal, do desporto de competição, daquele que traz medalhas e resultados e promove a autoestima dos portugueses”, referiu presidente da CDP.
Carlos Paulo Cardoso alertou também para a falta de condições que muitas federações encontram em Portugal: “Se quisermos ter uma competição internacional coletiva ‘indoor’ coletiva, só temos um pavilhão para o fazer, o pavilhão Atlântico [Altice Arena]”:
“As condições de trabalho que federações e atletas encontram para elevar ainda mais a sua atividade ao nível internacional são insuficientes”, disse
O líder da CDP aludiu ainda às dificuldades que o movimento associativo e as federações desportivas estão a ter em recuperar dos problemas causados pela pandemia de covid-19, que obrigou à interrupção de quase toda a prática desportiva.
Admitindo que já se fala “num dia de greve geral no âmbito desportivo”, Carlos Paula Cardoso assegura que a CDP quer “como sempre quis” sentar-se à mesa com o poder político e ser ouvida na discussão do Orçamento de Estado para 2024.
“Sempre quisemos [ser ouvidos] e nunca foi possível. Queremos que um conjunto de propostas apresentadas ao longo de anos pelo movimento associativo sejam atendidas”, afirmou o dirigente.
Carlos Paula Cardoso referiu que as “dificuldades das federações, associações e clubes são há muito conhecidas, mas continuam a ser ignoradas”, lembrando que a verba anual disponibilizada pelo Instituto Português da Juventude e Desporto para as atividades regulares das federações ronda os 35 milhões de euros.
Em janeiro, após uma cimeira que reuniu presidentes de 44 federações, a CDP alertou para a necessidade de colocar o desporto na agenda política e na discussão do Orçamento do Estado em cada ano.
“O desporto não é um tema na agenda política, nem tem lugar na discussão do Orçamento do Estado de cada ano”, refere a CDP, acrescentando: “É o momento certo para lutarmos em conjunto no sentido de conseguir, finalmente, alcançar um orçamento (para 2024) consentâneo com a posição do desporto”, referiu o organismo, em comunicado.
A CDP considerou também “necessário agir” para contrariar alguns números que indicou, entre os quais o peso de 0,045% do desporto no OE, cerca de 40% abaixo da média europeia; e o dispêndio médio anual por atleta federado que se situa nos 75 euros.
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