As possibilidades de seguir uma carreira de estudante e atleta deram “um grande passo em frente nos últimos anos” na Europa, disse hoje à agência Lusa a presidente da Rede Europeia da Carreira Dupla Estudante-Atleta (EAS).
“Desde que sou presidente da EAS, há quatro anos, tenho presenciado um grande passo em frente. Seja porque temos mais dados, que nos permitem ver uma imagem mais clara, quer pelo aumento na investigação sobre este tópico, bem como no número de projetos europeus e atenção das instituições e dos governos”, explicou a italiana Laura Capranica, à margem da Conferência de Reitores que antecede a abertura dos Jogos Europeus Universitários, no domingo, na Universidade de Coimbra.
Apesar das boas notícias, “ainda há muito caminho a percorrer”, principalmente “aumentar a consciencialização sobre o tópico” e de promover mais parcerias e a abertura de diálogo entre instituições europeias, de governos a clubes, federações e universidades, o que configura a missão da rede.
Segundo Capranica, os meios de comunicação social podem ter um papel “relevante a desempenhar como mediador da imagem de um estudante-atleta”, uma vez que podem “focar-se na educação como um lado tão ou mais importante que qualquer outro” ao abordar os feitos desportivos de um qualquer atleta.
“Na nossa conferência anual, que este ano vai decorrer aqui em Coimbra, em setembro, vamos aproveitar esta boa oportunidade para passar a incluir media e associações de media na nossa rede”, revelou.
Se, por um lado, o Eurobarómetro aponta um recuo no que toca à atividade física da população europeia, uma questão “dramática para os sistemas sociais e de saúde”, os bons indicadores deixados pelos “exemplos de pessoas bem sucedidas no desporto como modelos” devem ser aproveitados para fomentar a participação, considerou.
Dentro do que oferece o caminho de estudante-atleta, seja de alta competição ou de níveis mais baixos, as possibilidades “de ‘marketing’ e outras competências” levam também “a um aumento nas possibilidades de empregabilidade”.
“As oportunidades são o mais importante na carreira dupla, e as instituições têm o dever de lhes fornecer essas oportunidades”, considerou Laura Capranica, pedindo mais apoio a todos os níveis para algo que, diz, acaba por melhorar, na sua maioria, os resultados académicos e desportivos de quem o segue.
Outra questão pertinente sobre a carreira dupla é um “problema de género”, uma vez que “muitas mulheres no geral, acabam por privilegiar os estudos sobre o desporto” na hora de entrar para uma instituição de ensino superior.
“Esta é a perceção, e estamos a trabalhar para ter mais dados sobre isto. Esta perceção aponta para razões sociais, como as expetativas diferentes sobre mulheres e homens, mas também a existência de diferenças no apoio técnico e financeiro, mais baixo no feminino, entre outras questões”, acrescentou.
A conferência da EAS, em setembro, terá a participação de uma representação da Comissão Europeia, entre outras instituições, e visa “continuar o diálogo, criar novas parcerias e novos projetos”, referiu a dirigente, num esforço para dotar a próxima geração “de melhores oportunidades para se desenvolverem ao máximo”.
Antes, durante a abertura, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, reforçou o "compromisso" do Governo em apoiar a carreira dupla e "os estudantes que queiram representar as suas universidades em provas desportivas".
A norte-americana Cari van Senus, chefe de ‘staff’ da NCAA, a instituição que gere o desporto universitário nos Estados Unidos, reforçou o número de 450 mil atletas inscritos a estudar um pouco por todo o país, mas “nem todos vão ser atletas profissionais”.
“Destes, só dois por cento serão profissionais, por isso focamo-nos muito na importância do seu sucesso académico, para que depois tenham sucesso na vida. Queremos dar-lhes equilíbrio entre sucesso académico e ser atleta de topo”, resumiu.
A Conferência de Reitores antecede o arranque oficial dos Jogos Europeus Universitários, marcado para domingo, e reflete durante o fim de semana sobre o papel do desporto como fator positivo durante a vida académica em várias vertentes, do nível federado à prática amadora.
A quarta edição dos Jogos Europeus Universitários decorre até 28 de julho e traz 13 desportos diferentes a Coimbra, com a participação de cerca de 4.500 atletas – a sua maioria campeões nacionais universitários nas 13 modalidades em competição, entre eles meio milhar de portugueses -, de 300 universidades de 40 países.
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