Uma carta assinada esta terça-feira por 11 atletas olímpicos apela ao primeiro-ministro que diligencie no sentido de serem encontradas medidas e soluções específicas que visem valorizar e garantir a prática desportiva.
Ao longo da carta, os atletas revelaram-se desiludidos com as atuações do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e do secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, referindo terem constatado que aquelas personalidades "não representam o desporto no seio do Governo da República".
"Antes, representam este último no movimento desportivo. Muitas vezes, tentando justificar o injustificável, outras, remetendo-se a um silêncio ensurdecedor. Ora, se é unânime que quer um, quer outro, já demonstraram ser sensíveis às legítimas e fundadas questões que o movimento desportivo, sucessivamente, tem apresentado ao Governo, porquê esta ausência de respostas ou este vazio de medidas àquelas?", acrescenta a carta.
Os desportistas questionam ainda o porquê de apenas "vagas referências ao papel que o desporto deve ter na sociedade, reconhecido por tantos organismos nacionais e internacionais".
"Só podemos depreender que tal fica a dever-se à importância que V. Exª atribui à atividade física e ao desporto em geral, residual e acessória", complementam.
Os atletas acrescentam que António Costa "certamente argumentará que foram acautelados os apoios aos atletas de alto rendimento e aqueles inseridos no Projeto Olímpico Tóquio 2020", que houve "sensibilidade para estes nas medidas que, entretanto, foram sendo aplicadas para conter e mitigar a pandemia que o mundo atravessa", mas que esses atletas representam o topo da pirâmide do movimento desportivo, sendo que o que os preocupa agora "são todos os restantes".
"Desde aqueles que aspiram um dia a ser atletas de alto rendimento e mesmo, quem sabe, olímpicos, até àqueles que fazem uso da atividade física", referem, adiantando: "Os diferentes níveis desta pirâmide não são estanques. Comunicam uns com os outros, contribuem entre si para a sua sustentabilidade. Pensar que, ao garantir-se as condições para que a última linha desta pirâmide continue a subsistir, todo o edifício manter-se-á, parece-nos uma visão redutora da realidade que todos os dias agrava-se, nomeadamente com a redução drástica de atletas federados, com o fecho de clubes, mas também com os indicadores que referem uma diminuição expressiva da atividade física da população, com especial incidência nos jovens."
Estes reforçam que, enquanto atletas olímpicos, por ser "uma honra, mas também uma enorme responsabilidade" representar Portugal, sentem necessidade "de contribuir para o seu desenvolvimento, por mais humilde que possa ser esse contributo".
"Temos plena consciência de que os nossos atos, a nossa forma de viver, são inspiração para milhões de pessoas. Essa inspiração move montanhas. Porque acreditamos profundamente na importância da atividade física e do desporto na sociedade, apelamos a V. Exª que diligencie no sentido de serem encontradas medidas e soluções específicas, que visem valorizar e garantir a sobrevivência destes sectores", finaliza a carta, assinada por 11 atletas olímpicos.
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