Muitos atletas ucranianos mobilizaram-se contra a invasão russa ao seu país. Alguns estão mesmo armados e prontos para a guerra.
- Pugilistas -
Vitali Klitschko, ex-campeão mundial de boxe, despiu o fato de presidente da Câmara de Kiev para organizar a defesa da sua cidade e dos seus 3 milhões de habitantes.
"Treino todos os dias, faço treino como ex-oficial e chefe da defesa territorial (…) sei disparar com quase todas as armas", disse à AFP em 10 de fevereiro.
O seu irmão mais novo, Wladimir, também ex-campeão de boxe, alistou-se igualmente como militar na reserva.
O ex-campeão mundial de pesos leves Vasyl Lomachenko juntou-se ao batalhão de defesa territorial em Belgorod-Dnistrovsky, perto de Odessa.
O pugilista de 34 anos apareceu vestido com uniforme militar, com uma metralhadora pendurada ao ombro, numa foto partilhada no Facebook.
Oleksandr Usyk, campeão mundial de pesos pesados, também deixou-se fotografar armado, numa publicação na conta do Instagram do clube de boxe de Kharkiv com a legenda: "Oleksandr Usyk juntou-se à defesa territorial da capital e da região de Kiev".
Entrevistado pela CNN no bunker da sua casa perto de Kiev, Oleksandr Usyk disse que quer "defender a sua casa, a sua esposa, os seus filhos e os seus entes queridos". "Não quero disparar, não quero matar", mas em caso de ataque, acrescenta, "não terei outra opção senão responder".
- Atletas do biatlo -
Os atletas ucranianos do biatlo desistiram de competir no Mundial que acontece neste mês de março. Nas redes sociais, Dmytro Pidruchnyi, campeão mundial de perseguição em 2019, publicou uma foto em traje de combate em Ternopil, no oeste da Ucrânia, onde diz ter entrado para a Guarda Nacional.
Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a Federação Internacional (IBU) informa que um ex-jovem biatleta ucraniano, Yevhen Malyshev, morreu esta semana ao serviço do exército ucraniano. Tinha 19 anos.
- Tenistas -
Serguei Stakhovsky, que já foi o 31º jogador do ranking mundial, também juntou-se à "resistência territorial". "Não tenho experiência militar. Apenas experiência com armas, a título particular", disse o antigo tenista, agora com 36 anos, na sua página no Twitter. "Espero não ter que usar uma arma", comentou à britânica Radio 4 na terça-feira.
Serguei Stakhovsky deixou a sua família na Hungria. "Não sei bem como cheguei até aqui. Sei que é muito difícil para a minha esposa. Os meus filhos não sabem que estou aqui. Eles não entendem a guerra".
A ucraniana Elina Svitolina, de saia azul e blusa amarela - as cores do seu país - venceu a russa Anastasia Potapova na terça-feira no torneio WTA em Monterrey, no México. "Todos o dinheiro que eu ganhar aqui irá para o exército ucraniano", garantiu, muito emocionada, sob aplausos dos adeptos no court.
"Atualmente estou longe de vocês, dos meus entes queridos, do meu povo, mas o meu coração está completamente cheio de vocês. Eu sou a Ucrânia, nós somos a Ucrânia", escreveu no dia anterior no Twitter.
Svitolina recebeu o apoio da campeã russa Anastasia Pavlyuchenkova, que expressou o seu "desacordo" com esta guerra. "Não tenho medo de dizer qual é a minha opinião. Sou contra a guerra e a violência".
- Jogadores de futebol -
Vários jogadores da seleção ucraniana - incluindo Oleksandr Zinchenko e Andriy Yarmolenko - pediram "resistência" contra a invasão russa, num vídeo publicado pela Federação Ucraniana de futebol (UAF).
"Pedimos a todos no futebol que se oponham à propaganda russa, que mostrem e digam a verdade sobre a guerra na Ucrânia por todos os meios possíveis", lançaram treze jogadores da "Zbirna".
Zinchenko (Manchester City), Yarmolenko (West Ham), Ruslan Malinovskyi (Atalanta Bergamo) ou Andriy Pyatov (Shakhtar Donetsk) aparecem no vídeo de dois minutos, intercalado com imagens do conflito.
Vários desses internacionais arrecadaram 500 mil euros para as forças armadas ucranianas.
O treinador ucraniano do clube moldavo Sheriff Tiraspol, Yuriy Vernydub, voltou ao seu país para ajudar a defendê-lo.
E o treinador-adjunto ucraniano do Dinamo de Moscovo, Andriy Voronin, demitiu-se e partiu para a Alemanha. Voronin contou ao jornal alemão 'Bild' que "não poderia mais trabalhar no país que está a bombardear a (sua) terra natal".
Andriy Shevchenko, ex-avançado do Dinamo Kiev, do AC Milan, do Chelsea, e ex-técnico da seleção da Ucrânia, é muito ativo nas redes sociais onde publica diariamente mensagens de apoio ao seu país. O Bola de Ouro 2004 participou numa manifestação no último domingo em Londres, onde posou para uma foto com um dos seus filhos e a bandeira ucraniana nas costas.
Na noite de terça-feira, antes do jogo da primeira-mão da Taça de Itália entre AC Milan e Inter (0-0), Andriy Shevchenko, ex-craque rossonero, apareceu numa mensagem de vídeo, envolto em amarelo e azul, e pediu paz, sob os aplausos de San Siro. Depois de se retirar dos relvados, Shevchenko tentou a política, mas não conseguiu tornar-se membro do parlamento da Ucrânia em 2012.
Além destes, dois futebolistas já perderam a vida na defesa do seu país. De acordo com a Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol, os futebolistas ucranianos, Vitalii Sapylo e Dmytro Martynenko, foram vítimas dos confrontos militares entre Rússia e Ucrânia.
- Outros atletas -
Mais discretamente, Serguei Bubka, lenda do salto com vara e presidente do Comité Olímpico Nacional da Ucrânia (NOC), transmitiu no Twitter o pedido para excluir os atletas russos e bielorrussos das competições desportivas internacionais, lançado na segunda-feira pelo Comité Olímpico Internacional.
Numa mensagem anterior, no terceiro dia da invasão russa à Ucrânia, o primeiro homem a passar a fasquia dos 6 metros agradeceu as mensagens de apoio de todo o mundo. "A guerra deve terminar, a paz e a humanidade devem prevalecer", acrescentou.
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