Alexandre Mestre quer descentralizar o Comité Olímpico de Portugal (COP), estabelecendo polos pelo país, além de dotar cada município de um embaixador olímpico, um projeto que envolveria também o organismo na gestão dos Centros de Alto Rendimento (CAR).
“A vocação primeira do Comité Olímpico é o alto rendimento. […]. Quando eles [CAR] foram criados, não havia um modelo de gestão. Quando foi criado esse modelo de gestão, o COP não ficou nesse mesmo modelo, mas parece-me que não pode ficar de fora”, defendeu, em entrevista a agência Lusa.
Um dos 20 eixos programáticos da candidatura do antigo secretário de Estado do Desporto à presidência do organismo passa pela recuperação de uma participação ativa do COP na Fundação do Desporto, envolvendo-se na gestão dos CAR, um objetivo, que, segundo, o advogado potenciaria a descentralização.
“Com diferentes polos do COP no país, vai ser mais fácil a articulação com os municípios, porque os municípios são os donos da obra, são aqueles que têm aqui um papel fundamental também na gestão dos CAR, maximizando a sua utilização e também ajudando os nossos atletas e os que vêm de fora”, notou.
Embora reconheça que é “consensual” e “foi também diagnosticado” por Vicente Moura e José Manuel Constantino, os dois anteriores presidentes da entidade, que “não houve um total critério na escolha dos CAR e na sua alocação”, Mestre prefere focar-se em gerir estes centros “de forma a que sejam o mais possível proveitosos” e sejam “um elemento diferenciador”, como, por exemplo, se revelou o do ciclismo de pista, em Sangalhos, na Anadia.
“Diria que não foi o único fator [para as duas medalhas olímpicas na vertente em Paris2024], mas foi um fator importante, mas temos de pensar que é um centro também que alberga outras modalidades e que essas modalidades também não conseguiram ainda chegar lá. Portanto, é importante, temos de reconhecer essa importância, temos que os valorizar, temos de os gerir bem, mas temos de depois ver como é que todas as federações conseguem ter o seu espaço”, evidenciou.
Nesse processo, considera, será essencial a descentralização do COP, que passará por ter um espaço do organismo “no Norte, no Centro, no Alentejo, no Sul”, com alguém afeto que faça “uma articulação” com as federações desportivas, os clubes, as associações locais, servindo como “uma ponte entre o tecido associativo” e o alto rendimento.
“Que nos vá municiando de informação, que nos traga também todas as sugestões, todas as necessidades para que possamos trabalhar, porque só faz sentido trabalhar dando resposta às necessidades de quem está no terreno. E essa ponte é, desde logo, fundamental com os agentes desportivos”, vincou.
Esses polos regionais permitiriam ao COP ter “uma articulação direta com os próprios municípios”, segundo o lisboeta de 50 anos.
Nessa descentralização interviria também “a imprensa regional”, vital para “disseminar, divulgar as atividades que estão a ser feitas, para atrair mais praticantes, para veicular os valores olímpicos”.
“Há um trabalho que tem de ser feito de forma integrada, transversal, de norte a sul do país. E, para isso, a proximidade é fundamental”, acrescentou, assumindo que para isso também contribuiria a figura do ‘Embaixador Olímpico’, implementada em cada município e desempenhada por desportistas que estiveram em Jogos.
O candidato às eleições de 19 de março revelou à Lusa que foi um atleta que o “sensibilizou muito sobre essa necessidade”.
“Os atletas olímpicos, com a tal cultura olímpica que têm, o tal 'know-how' que têm, conseguem chegar muito facilmente às escolas e conseguem falar de igual para igual, também com o tecido associativo”, estimou.
Nesse sentido, quer que a Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) assuma uma influência crescente no COP: “Se os atletas estão - e nós sabemos que estão - no centro das políticas olímpicas, eles têm, como destinatários, que contribuir para a decisão. Têm que ter uma efetiva voz”.
“E essa voz é feita onde? É feita, desde logo no COP, quer do ponto de vista mais político ou institucional, mas também do ponto de vista técnico, e o mesmo nas federações”, argumentou.
Ainda assim, Alexandre Mestre preferiu não adiantar se a sua lista será integrada por atletas, assim como se a sua candidatura já foi subscrita por, pelo menos, oito federações olímpicas, as necessárias para ser admitida.
“Já tenho apoios de federações olímpicas, de federações não olímpicas, de outros membros do COP, mas, no seu devido momento, conhecerão os rostos e os nomes”, concluiu.
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