O treinador Luís Pinto admitiu hoje o peso emocional que representou a substituição do estádio do jogo entre Leça e Sporting, dos quartos de final da Taça de Portugal de futebol, mas prometeu superação para desafiar as probabilidades.

“Há um entusiasmo muito grande à volta do jogo e retiraram-nos um pouco a essência da Taça de Portugal, que é um pequenino poder agigantar-se e encarar qualquer adversário em sua casa. Não teremos essa felicidade. Obviamente, os adeptos estão extremamente tristes e não vou dizer que no balneário também não sentimos, porque gostávamos mais de competir na nossa própria casa”, lamentou o técnico, em conferência de imprensa.

O Leça, do Campeonato de Portugal, recebe o campeão nacional Sporting na terça-feira, às 20:45, num embate deslocado, por questões de segurança, para o Estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira, com arbitragem de Manuel Mota, da associação de Braga.

“Vamos transportar para Paços de Ferreira as possibilidades que tínhamos de passar frente ao Sporting em casa. Vai ser extremamente complicado, mas não será o facto de jogarmos em Leça ou fora que nos vai retirar esperanças. Iremos dar tudo pelo jogo à mínima possibilidade e tentar o máximo para ganhar. Isso é ponto assente”, garantiu.

Luís Pinto acredita num Sporting indiferente aos reflexos anímicos causados pela derrota sofrida no terreno do Santa Clara (2-3), na 17.ª jornada da I Liga, tendo distinguido no treinador Rúben Amorim um “exemplo para muitos técnicos” a nível de comunicação.

“Não quer dizer que me reveja nele como uma pessoa a quem procuro seguir as pisadas, mas vejo muita competência e, principalmente, uma educação e forma de estar que são muito importantes conseguirmos trazer para o futebol. Quanto à forma de jogar, acho que já vai muito do cunho pessoal de cada um. As ideias dele são fantásticas e percebe-se que tem coisas mesmo muito boas e porque é que passa tantos jogos a ganhar”, notou.

O treinador apontou como maior preocupação na estratégia dos ‘leões’ a vontade do Leça em “continuar a fazer história”, depois de já ter afastado Arouca (2-1 nos penáltis, após 1-1 no prolongamento) e Gil Vicente (1-0), ambos da I Liga, da Taça de Portugal.

“O que pode preocupar o Sporting? Ir a penáltis [risos]. Do outro lado há uma equipa técnica que já esteve neste patamar e isso traz conhecimento do que se vive aqui. É um momento em que a qualidade de atletas e ‘staff’ pode ser mostrada e o clube está a ser falado por muita gente. Isto pode ajudar a que os jogadores se transcendam, assim que seja preciso dar um último pique, fazer um carrinho e estar mais concentrado”, admitiu.

O Leça já igualou a melhor prestação de sempre na prova ‘rainha’, ao deixar ainda pelo caminho Lusitânia de Lourosa (1-0), da Liga 3, Sporting de Pombal (4-0), dos escalões distritais, e Paredes, do quarto escalão, (6-5 nos penáltis, após 1-1 nos 120 minutos).

“Vamos ter uma prova de caráter incrível, porque iremos defrontar o campeão nacional com menos um dia de descanso. Quantas vezes os meus jogadores falaram disso? Zero. Sou eu que estou a falar para fazer um aparte, que era bom que tivesse sido levado em conta. Temos jogadores que trabalham ou estudam, enquanto do outro lado há uma equipa totalmente profissional e com mais um dia de descanso”, comparou Luís Pinto.

O líder da Série C do Campeonato de Portugal, a par do Salgueiros, é o único clube não profissional presente nos quartos de final da Taça de Portugal, fase que já não jogava desde 1994/95, quando, então na II Liga, foi goleado na receção ao FC Porto (0-4).

O conjunto treinado por Luís Pinto fez mesmo regressar um emblema do quarto escalão aos oito finalistas da Taça de Portugal, 22 anos após os Dragões Sandinenses, que, em 1999/00, então integrados na III Divisão, apenas perderam no estádio do Sporting (0-3).

“Além de motivados, também estamos crentes. Acredito que vai ser um jogo que exigirá de nós coisas diferentes face à maior parte dos jogos do nosso campeonato, mas é possível lutar por passar mais uma eliminatória e continuar a fazer história. Temos de fazer um trabalho muito dedicado. No final, vemos se somos felizes ou não”, concluiu.