Sporting de Braga e o detentor do troféu FC Porto exibem favoritismo e força mental similares na final da Taça de Portugal de futebol, domingo, no Jamor, admite o treinador Nuno Campos, ex-adjunto de Paulo Fonseca nos dois clubes.
“As equipas têm capacidade de disputar o jogo para ganhar e vai ser 50/50 em termos de mais-valias. O FC Porto chega em força a esta altura e o Sporting de Braga também está muito forte mentalmente e preparado. Por isso, todas as possibilidades estão em cima da mesa”, reiterou à agência Lusa o técnico, que ajudou os minhotos a baterem os ‘dragões’ na final da edição 2015/16, travando 50 anos sem êxitos do clube ‘arsenalista’ na prova.
O Sporting de Braga, que soma três conquistas, e o detentor do troféu FC Porto, com 18, medem forças no domingo, às 17:15, no Estádio Nacional, em Oeiras, na decisão da 83.ª edição da Taça de Portugal, com arbitragem de João Pinheiro, da associação de Braga.
“A motivação não faltará a nenhuma equipa. Apesar de as grandes situações já estarem trabalhadas, já que estamos no final da época, estes últimos dias de preparação passam pela parte mais minuciosa e estratégica do jogo. A vertente emocional também terá peso, mas as duas equipas estão habituadíssimas a realizar jogos muito importantes e acredito que os atletas com essa experiência já não irão ter uma situação emocional tão vincada em termos mentais do que se estivessem a representar uma equipa pequena”, projetou.
Nuno Campos, de 48 anos, pede que os dois finalistas possam “proporcionar um grande espetáculo e um dia de festa para os adeptos”, um ano após ter comandado o Tondela, então recém-despromovido à II Liga, na final perdida face aos ‘dragões’ (1-3), no Jamor.
“A profundidade do FC Porto dentro do último terço é bastante forte. É uma equipa muito agressiva a chegar à baliza contrária e, quando pressiona o opositor na primeira fase de construção, faz de forma a condicioná-lo bastante. Quanto ao Sporting de Braga, tem o [Ricardo] Horta como um dos seus elementos mais valiosos, mas vale pelo coletivo e é uma equipa que tem demonstrado que faz muitos golos e gera oportunidades”, detalhou.
Os minhotos surgem moralizados pelo terceiro posto alcançado na I Liga, com recordes absolutos de pontuação (78), de vitórias (25) e de golos (75) numa edição da prova, que viabilizaram o acesso às rondas preliminares da edição 2023/24 da Liga dos Campeões.
“Têm vindo a evoluir imenso nos últimos anos e a nova academia traz essa mais-valia. É um clube que está muito sólido e cada vez mais forte. Existe um grande mérito de todos aqueles que têm feito o Sporting de Braga crescer desta forma e é evidente que o clube está mais próximo de disputar os primeiros lugares do pódio do campeonato”, apontou.
Numa época em que falhou a revalidação do cetro de campeão nacional, ao finalizar a I Liga na vice-liderança, com 85 pontos, a dois do Benfica, o FC Porto poderá juntar um terceiro troféu à 23.ª Supertaça Cândido de Oliveira e ao inédito triunfo na Taça da Liga.
“O Benfica deu ânimo e permitiu que o FC Porto acreditasse até ao fim que iria conseguir resgatar o primeiro posto. Sabemos que ninguém desiste naquela casa e, por isso, esta fase final não surpreende. O Benfica foi um justo vencedor, porque foi a equipa que mais pontos fez, mas o FC Porto também fez um grande campeonato”, avaliou Nuno Campos.
Os ‘dragões’ deixaram de deter em simultâneo os quatro troféus nacionais devido ao 38.º cetro do Benfica, mas surgem pela 33.ª vez, e quarta nos últimos cinco anos, na final da Taça de Portugal, numa reedição das partidas decisivas de 1976/77, 1997/98 e 2015/16.
Depois de ter perdido as duas primeiras finais, o Sporting de Braga venceu o FC Porto à terceira tentativa, em 22 de maio de 2016, ao ganhar por 4-2 no desempate por grandes penalidades, depois do empate 2-2 no final do tempo regulamentar e do prolongamento.
“Acima de tudo, fizemos um jogo espetacular quando não era comum o clube ir às finais. 50 anos depois, erguemos a Taça de Portugal. Houve uma decisão por penáltis e, nesse momento, o nosso guarda-redes Marafona esteve em destaque, mas há que valorizar a equipa, que esteve na frente no marcador. Nunca é fácil quando se leva um jogo desses para os penáltis, mas a questão emocional resultou muito bem nesse naquele”, contou.
Rui Fonte e Josué adiantaram o conjunto de Paulo Fonseca, mas um bis’ de André Silva - incluindo um pontapé acrobático nos ‘descontos’ -, empurrou a partida para tempo extra, reacendendo um cenário vivido pelos minhotos na época anterior, quando, sob alçada do atual treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, permitiram que o Sporting ‘anulasse’ uma desvantagem de 0-2 já nos últimos instantes e, mais tarde, viesse a triunfar nos penáltis.
“Lembro-me de o Paulo Fonseca ter utilizado isso a nosso favor para dizer que não havia como repetir duas vezes a mesma situação. Passámos uma mensagem muito emocional de que aquele ano seria nosso e, nesse momento, os atletas começaram a retirar da sua cabeça aquilo que se tinha passado e ganharam forças para tornar as coisas diferentes”, concluiu Nuno Campos, que já se tinha estreado no Jamor em 1998/99, como médio, ao ser titular a tempo inteiro na final perdida pelo Campomaiorense face ao Beira-Mar (0-1).
Comentários