Um Benfica-Braga começa a ser tradição a vitória dos 'encarnados'. Pelo menos é assim há cinco anos, onde apenas por uma vez os minhotos não perderam. São 13 derrotas em 14 jogos e, esta quarta-feira, não foi exceção: a equipa de Sá Pinto até fez um bom jogo na Luz, marcou primeiro mas permitiu a 'cambalhota' no marcador e ficou pelo caminho na Taça de Portugal. A formação de Bruno Lage foi mais eficaz, marcou nos momentos decisivos e até podia ter construído um resultado mais volumoso.
Sá Pinto pode até estar a brilhar nas provas da UEFA mas começa a ficar sem espaço de manobras internamente: fora da Taça de Portugal e um 8.º lugar na I Liga deixa o técnico numa posição delicada. Já Bruno Lage vai batendo recordes: chegou à oitava vitória seguida na Luz em provas nacionais, lidera a Liga com quatro pontos de vantagem e pode carimbar o passaporte para a final-four da Taça da Liga no sábado, embora aí esteja dependente do que possa fazer o Vitória de Guimarães.
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O Jogo: Eficácia 'encarnada' ditou leis
O tempo de rodagem já lá vai. A época caminha para a sua fase decisiva e já não há tempo para experiências de laboratório de última hora. Bruno Lage vai, aos poucos, consolidando o onze do Benfica, dando primazia aos jogadores mais experientes em detrimento dos jovens que lançou no início de época. Tomás Tavares é excepção, tal como Vinícius que vem provando ser ele o verdadeiro reforço deste Benfica 2019/2020.
Já o mesmo não se pode dizer de Sá Pinto. Lá fora o Braga tem sido 'guerreiro' contra os melhores mas em terras lusitanas baixa as defesas e mostra-se piedoso na hora de acabar com o 'inimigo'. E essa irregularidade tem custado muito aos minhotos: na Luz, sofreram a terceira derrota consecutiva em provas nacionais.
Mas deixemos os números e vamos ao que deu volume aos mesmos. Sá Pinto entrou na Luz com um ataque mais móvel, com um meio-campo que sabe trabalhar a bola e causou problemas ao Benfica. A forma com Ricardo Horta e Fransérgio conduziam, com apoio de Trincão e Wilson Eduardo nos flancos e ainda com a ajuda dos laterais, quase sempre projetados, deixava o Benfica com problemas de marcação e colocava a nu algumas fragilidades desde Benfica a defender. Foi por aí que, aos 12, uma combinação simples a esquerda, com envolvimento de três jogadores, levou a bola até a área onde Ferro fez autogolo.
Sol de pouca dura já que este Benfica tem feito da eficácia uma das suas armas. E com um Pizzi na forma que está, é muito difícil para qualquer treinador. Ao primeiro remate do médio, surgiu o seu 19.º golo da época, num tiro de fora da área, quatro minutos depois do golo minhoto. Sempre que o Benfica conseguia envolver os criativos nas jogadas, criava perigo. A mobilidade dos da frente baralhava as contas da marcação e criava espaço para entrar no último terço.
O futebol era bonito, o perigo rondava as duas balizas, sempre com ligeiro antecedente do Benfica, mais eficaz no último terço.
No segundo tempo, o Benfica regressou diferente e para melhor. Lage corrigiu os posicionamentos de Taarabt e Gabriel no meio, o Benfica tomou a baliza de Tiago Sá de assalto até fazer o 2-1. Aí reagrupou as 'tropas' mais atrás, obrigou o Braga a arriscar mais e tentou 'matar' o jogo em contra-golpe. Seferovic teve duas oportunidades, Chiquinho também, Vinícius falhou outra, numa altura em que o Benfica jogava com gosta: espaço para atacar e profundidade para explorar.
O melhor que Sá Pinto conseguiu foi colocar mais unidades de cariz ofensiva que pouco lhe valeram. Paulinho ainda teve o empate nos pés mas...a falta de eficácia fez a diferença.
Continua a ser difícil para o Braga ganhar um jogo ao Benfica. Este foi o 14.º encontro entre ambos nos últimos cinco anos e não há um único triunfo minhoto para amostra. O melhor foi um empate, registado apenas numa ocasião. São 13 vitórias em 14 jogos. Uma curiosidade: este jogo disputou-se no mesmo estádio, no mesmo dia e teve o mesmo árbitro que há cinco anos, quando se registou a última vitória do Braga frente ao Benfica, na altura por 2-1, nos quartos-de-final da Taça de Portugal.
Momento-chave: 'Vai que é tua, Sá! Ou então não'
Um lance que parecia inofensivo ditou o resultado final, aos 62 minutos. Taarabt lançou Carlos Vinícius, o brasileiro foi prosseguido, apertado por um defensor, perdeu ângulo e quase sobre a linha de fundo, arriscou de pé esquerdo. O lance seria fácil mas o guarda-redes Tiago Sá conseguiu deixar a bola passar-lhe por entre as luvas, bater-lhe no corpo e entrar na baliza. Um 'frango' do jovem guardião bracarense.
Melhores: Só Trincão tentou lutar contra Pizzi e Vinícius
Trincão começa a justificar mais minutos no SC Braga. Os principais lances de perigo viera dos seus pés, sempre a levar a equipa para a frnte em condução com aquele fantástico pé esquerdo. Teve ajuda de um Fransérgio em bom plano (ficou mal no golo de Pizzi) e de um Sequeira que fez um excelente jogo no corredor esquerdo.
Seferovic e Raul de Tomás terão de 'comer muita sopa' para tirarem Vinícius do onze do Benfica. A produção ofensiva do brasileiro tem sido tremenda (15 golos esta época) e, esta quarta-feira, juntou o seu habitual golo uma assistência para Pizzi, outro jogador em grande destaque no Benfica, pelo que joga e faz jogar, pelo que marca e dá a marcar.
Os Piores: Tiago Sá mal, ataque pouco paciente nos derradeiros momentos
O SC Braga continua a cometer os mesmos pecados esta épocas nas provas caseiras: define mal no último terço. É uma equipa que tem bons jogadores tecnicamente, consegue chegar ao último terceiro adversário com alguma facilidade mas falha na hora de definir. Na Luz voltou a ser assim, com precipitações nos últimos passes. E quando consegue definir bem, não tem a arte e o engenho para colocar a bola no fundo das redes. Tanto desperdício tem saído caro à Sá Pinto.
Tiago Sá defendeu a baliza dos minhotos, em vez do veterano Eduardo. Estava a ter uma prestação aceitável até 'borrar a pintura' no lance do 2-1 do Benfica. Aquela bola nunca pode passar por aí.
Reações: Sá Pinto pede tempo, Lage já pensa no Setúbal.
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Rui Fonte: “O Benfica foi eficaz nas oportunidades que teve”
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