O FC Porto vai encarar com maior robustez emocional a segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, na quinta-feira, considera o ex-futebolista e atual treinador Domingos Paciência, entregando a pressão ao Sporting.
“O FC Porto é uma equipa ‘super’ motivada, em função de o objetivo principal [a conquista do título de campeão nacional] estar a um passo e trazer da primeira mão um resultado positivo. Neste momento, a pressão está do lado do Sporting, atendendo àquilo que tem de fazer para alcançar o seu segundo objetivo a nível nacional”, frisou à agência Lusa o antigo avançado dos ‘dragões’ (1987/1997 e 1999/2001) e técnico dos ‘leões (2011/12).
FC Porto e Sporting, ambos com 17 troféus, voltam a lutar pelo acesso ao duelo decisivo da edição 2021/22 da prova ‘rainha’ na quinta-feira, às 20:15, no Estádio do Dragão, no Porto, um mês e meio depois do triunfo (2-1) ‘azul e branco’ em Alvalade (2-1).
“Não sei se o Sporting terá a estratégia de jogar no erro ou organizar-se defensivamente para, depois, tentar, de certa forma, condicionar o FC Porto. Para todos os efeitos, o duelo e o resultado estão em aberto, mesmo com a vitória do FC Porto em Alvalade. Agora, é evidente que o empate serve ao FC Porto e a vantagem está toda do seu lado”, notou.
Numa impressionante série de 58 jornadas seguidas sem perder na I Liga, os ‘dragões’ reforçaram no fim de semana para nove pontos a distância no topo face ao campeão nacional Sporting, segundo colocado, que perdeu o dérbi com o Benfica (0-2).
“Acho que não há muito por onde fugir e o FC Porto vai acabar por ser campeão. Jogou acima de todos os outros desde o início da temporada e isso prova a sua regularidade e consistência. O FC Porto teve uma identidade bem legível e, independentemente das alterações e das lesões, conseguiu mantê-la sempre”, enquadrou Domingos Paciência.
O vencedor de sete campeonatos, cinco Taças de Portugal e seis Supertaças pelo FC Porto admite ver adeptos “muito mais entusiasmados, contentes e tranquilos” na quinta época de Sérgio Conceição, que evoluiu de forma “totalmente diferente” das anteriores.
“Perante algumas ausências em determinados momentos, sobretudo no eixo defensivo, o treinador conseguiu improvisar, mas com muita segurança. Não duvidemos de que há momentos que marcaram esta época, mas, na minha opinião, o mais importante foi o aparecimento de Vítor Ferreira e Fábio Vieira. São dois futebolistas da formação e foram muito importantes depois da saída do Luis Díaz [para o Liverpool, em janeiro]”, lembrou.
Moralizados pela maior goleada da época (7-0 ao Portimonense), os ‘dragões’ caminham para o 30.º título de campeão nacional, logo após terem assinalado o 40.º aniversário da primeira eleição de Pinto da Costa, que rendeu Américo de Sá, em 17 de abril de 1982.
O ex-avançado, de 53 anos, assume que “já não há palavras nem adjetivos para descrever” o decano e mais titulado dirigente do futebol mundial em atividade, falando num clube redimensionado por alguém que “procurou resultados desportivos” dentro e fora do país.
“Não haja dúvida de que o FC Porto hoje tem uma dimensão internacional e é um clube sempre de Liga dos Campeões pela liderança de Jorge Nuno Pinto da Costa durante estes anos todos. Questionar aquilo que fez no FC Porto é de quem realmente não tem capacidade nem inteligência para reconhecer quem tem valor e competência”, atirou.
As relações entre FC Porto e Sporting ‘aqueceram’ nos últimos meses, face às reiteradas críticas de Frederico Varandas ao homólogo Pinto da Costa, mas Domingos Paciência espera um “jogo correto” e sem os desacatos no ‘clássico’ da 22.ª ronda da I Liga (2-2).
“O jogo de futebol tem de existir e ser falado dentro das quatro linhas. Depois, o público nunca se pode envolver naquilo que são os compromissos dos jogadores em campo. Às vezes, o problema é que os adeptos se envolvem de tal forma com aquilo que acontece num jogo que parece que todos querem saltar lá para dentro. Espero que não aconteça aquilo que se passou [em 11 de fevereiro], pois foi muito mau para o futebol”, lamentou.
Com quatro jornadas para o final do campeonato, os ‘leões’ podem assistir já na próxima semana à festa dos ‘dragões’, no ocaso da segunda época completa de Rúben Amorim, que já venceu Taça da Liga e Supertaça em 2021/22, após cessar o ‘jejum’ de 19 anos.
“O Sporting teria este ano uma responsabilidade de demonstrar que também ganha com os estádios cheios. Por exemplo, no dérbi de domingo, notou-se um Benfica tranquilo e muito mais maduro, mostrando muito bem a sua estratégia para conseguir desmontar o rival na sua própria casa. Não sei o que terá acontecido ao Sporting deste ano, mas o do ano passado jogava bem e não tinha tanta pressão de ter público nos estádios”, avaliou.
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