Foi preciso ir ao banco buscar um dos 'patinhos feios' para resolver um jogo que estava a ser complicado. Bruno Lage viu Seferovic resolver frente ao Rio Ave com um bis, num jogo onde se destacou Vinícius, o outro avançado do plantel, com duas assistências. Os vila-condenses criaram muitos problemas ao Benfica no primeiro tempo mas foram perdulários. Lage pode ter perdido Ferro para o dérbi com o Sporting para a 17.ª jornada da Primeira Liga em Alvalade, estando neste momento com apenas um central. A boa notícia foi o regresso de Rafa à competição, após muito tempo lesionado.
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O Jogo: Grande 1.ª parte do Rio Ave, Lage obrigado a ir às 'poupanças'
O Rio Ave voltou a colocar o Benfica em sentido, tal como já tinha feito no campeonato em novembro, quando perdeu na Luz por 2-0. Desta vez, Carlos Carvalhal já pode contar com todos os jogadores disponíveis, por isso, teve mais soluções para implementar um plano que parecia perfeito. Mas, para isso, seria preciso ser muito eficaz na frente e solidário atrás. Ficou entre uma coisa e outra.
A forma como a equipa conseguiu condicionar o jogo do Benfica a meio-campo é de louvar. Os cinco homens nesse sector (Tarantini, Felipe Lopes, Diego Lopes, Piazón e Nuno Santos) superiorizavam aos quatro do Benfica. Sempre a construir por Felipe Augusto, o Rio Ave atraia os médios do Benfica para depois poder soltar Tarantini ou Nuno Santos nas costas dos mesmos. Os constantes movimentos de Mehdi Taremi, a fazer diagonais para atacar a profundidade ou a recuar para arrastar marcação e depois atacar o espaço, deixava a defensiva 'encarnada' confusa.
Foi assim que, com a defesa mais subida, Matheus Reis descobriu o iraniano nas costas da defensiva 'encarnada' e obrigou Rúben Dias a fazer falta e travar o avançado. Do lance nasceu o 1-0 aos quatro minutos, num livre superiormente marcado por Piazón. Foi assim que surgiu o 2-1, por Taremi, agora a fugir a Ferro mesmo no limite do fora-de-jogo, à passagem da meia hora, depois de Cervi ter empatado aos 13 minutos.
Sem bola e com muita dificuldade em travar o jogo do Rio Ave, o Benfica tentava sair sempre rápido quando recuperava o esférico. Pizzi, Chiquinho, Cervi e Taarabt aceleravam sempre que podiam, numa tentativa de esticar o jogo e fazer o Rio Ave recuar. Os de Vila do Conde podiam explorar melhor essa dificuldade do Benfica em controlar a profundidade mas Felipe Augusto parava o jogo em demasia e não respeitava os constantes movimentos de Taremi, sempre a procurar as costas de Ferro.
Depois do intervalo, quando o Benfica já perdia por 2-1, Lage foi obrigado a apostar tudo no ataque. Ferro sentiu uma indisposição física e pediu para sair. Sem centrais, a solução foi recuar Julien Weigl para jogar ao lado de Rúben Dias, entrando Seferovic para fazer dupla com Vinícius.
A solução deu frutos até porque o Rio Ave já não sair com tanta facilidade. O cansaço começou a tomar conta dos jogadores, a circulação deixou de ser tão eficaz como na primeira parte até porque o Benfica reajustou nas marcações e na forma de pressionar.
E quando o Benfica deu a volta em apenas oito minutos, com um bis de Seferovic (dois remates, dois golos), Carlos Carvalhal tentou resgatar a equipa, dando mais frescura atacante. Mas aí o Benfica já estava em vantagem e já tinha baixado o seu bloco defensivo, retirando a profundidade tão bem explorada pelo Rio Ave no primeiro tempo. Os vila-condenses continuavam a ter paciência na construção mas agora havia mais dificuldades em furar o bloco defensivo do Benfica.
O Benfica até podia ter marcado mais, em contra-ataque, mas o remate de Chiquinho bateu com estrondo na barra.
Ao Rio Ave, voltou a faltar eficácia, tal como no jogo da Liga. O Benfica voltou a dar a volta a um jogo em que esteve a perder em duas ocasiões. Lage fez regressar Rafa mas pode ter perdido Ferro para o dérbi com o Sporting. Sobra apenas um central, Rúben Dias, pelo que se Ferro não recuperar, é quase certo que será o médio alemão Weigl a fazer dupla com o internacional português
Momento-chave: Seferovic bisa na reviravolta 'encarnada'
Jogava-se o minuto 71 na Luz, com o Benfica a pressionar muito para chegar à vantagem. Pizzi foi a linha e cruzou em esforço, o suíço estava sozinho na área. Rematou de primeira, de pé direito, fazendo a reviravolta. A defensiva do Rio Ave, atraída pela bola, deixou o suíço sozinho.
Polémicas: Soares Dias e VAR com muito trabalho
Começou logo aos três minutos, no derrube de Rúben Dias a Taremi quando este ia para a baliza. Soares Dias marcou falta e deu amarelo, os jogadores do Rio Ave queriam vermelho. A proximidade de Ferro no lance pode ter levado o árbitro a considerar que o lance não seria para expulsão.
Aos 30 minutos, Chiquinho caiu na área do Benfica em lance com Felipe Augusto. Na sequência do lance, o Rio Ave fez o 2-1. Depois de escutar o VAR, Soares Dias mandou seguir.
Aos 42, marcou penalti para o Benfica por suposta falta de Felipe Augusto sobre Taarabt mas, alertado pelo VAR, foi ver a jogada no monitor e reverteu a decisão, já que o médio do Rio Ave não fez falta.
Aos 69, novo pedido de penalti por parte do Benfica, num lance entre Pizzi e Felipe Augusto mas, mais uma vez, o árbitro mandou seguir.
Os Melhores: Avançados a brilhar, Cervi aplaudido de pé
Cervi saiu com queixas e foi aplaudido de pé pelos adeptos do Benfica na Luz. Os adeptos 'encarnados' cantaram o nome do argentino, algo que não se via na Luz desde Jonas. Excelente exibição, um golo e muita disponibilidade para defender. Lutou por cada bola como se fosse a última.
Os dois avançados do Benfica merecem destaque: Vinícius pelas duas assistências para golo, Seferovic por ter bisado no encontro e resolvido o jogo para o Benfica. Taremi, do Rio Ave, também esteve em evidência, ao arrancar a falta que esteve na origem do 1-0 e ao fazer o 2-1.
Os Piores: Ferro e Rúben Dias com problemas
A dupla de centrais formada por Ferro e Rúben Dias teve muito trabalho para travar os atacantes do Rio Ave. Taremi foi um dor de cabeça constante para ambos. Fugiu a Ruben Dias no lance do 1-0 e obrigou o central a fazer falta; fugiu a Ferro no lance em que faz o 2-1. O Benfica nunca esteve estável a defender porque a dupla de centrais raramente conseguiu controlar a profundidade.
Reações: Carvalhal queria mais, Lage lamenta calendário apertado
Carlos Carvalhal: "Podíamos ter feito muito melhor"
Tarantini: "Nesta altura, os pequenos erros pagam-se caros"
Lage: "72 horas para o dérbi com o Sporting? Não foi uma crítica"
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