O Conselho de Arbitragem divulga, no programa 'Juízo Final' da Sport TV, mais comunicações áudio do VAR nos jogos da Liga
Um dos lances analisados diz respeito à segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, no Dragão, diante do Vitória SC.
Ao minuto 22, Francisco Conceição é derrubado na área pelo guarda-redes Bruno Varela. Fábio Melo, VAR do encontro, chama Artur Soares Dias, que não tinha assinalado grande penalidade.
O penálti acabou por ser convertido por Mehdi Taremi.
A conversa entre árbitro e VAR no FC Porto-Vitória SC:
Fábio Melo: Artur, daqui VAR, preciso que venhas à zona de revisão para analisar um possível penálti. Vou mostrar-te. O atacante joga a bola e o guarda-redes entra em slide e derruba-o.
Artur Soares Dias: Penálti claro. Sem cartão nenhum.
A explicação de João Ferreira (Conselho de Arbitragem): "Muito bem o Fábio Melo e o Artur Soares Dias"
"O lance é muito rápido e a interpretação no campo foi de que o guarda-redes joga a bola. Quando os guarda-redes jogam a bola, há uma tolerância maior para o contacto, dizemos que faz parte da ação de defesa do guarda-redes. Na verdade, de uma forma muito ágil, o avançado do FC Porto antecipou-se ao guarda-redes, tirou a bola de lá e foi rasteirado, quase abalroado. Infração de uma forma imprudente. Muito bem o Fábio Melo e o Artur Soares Dias. O VAR disse a determinada altura para parar o jogo, isto está previsto no protocolo. Deve dizer ao árbitro para parar o jogo numa zona neutra para evitar que acontece um outro incidente a seguir."
A partida seria vencida pelo FC Porto, por 3-1, depois do triunfo por 1-0 no jogo da 1.ª mão, em Guimarães. O resultado permitiu ao FC Porto carimbar a passagem à final do Jamor, onde vai encontrar o Sporting no dia 26 de Maio, às 17h15.
Dos nove lances analisados, sete tratam-se de penáltis. Um desses lances gerou alguma discórdia entre o VAR, Miguel Nogueira, e o árbitro Carlos Macedo, no Arouca-Boavista (2-1), por mão de Mujica.
A conversa entre árbitro e VAR no Arouca-Boavista:
VAR (Miguel Nogueira): Macedo?
Árbitro (Carlos Macedo): Sim?
VAR: Daqui VAR, eu recomendo que venhas à zona da revisão para analisares a falta que marcaste. Está bem?
Árbitro: Mas ele não jogou a bola com a mão?
VAR: Ele joga, mas não é ele que marca. Ele leva com a bola na mão, mas para mim a mão está numa posição completamente natural. Ele é surpreendido e a bola acaba por atingir o braço e sobre para outro jogador.
Árbitro: Vamos lá ver o que é que eu tenho de fazer aqui. Vamos lá ver. Ajuda-me aí, Miguel.
VAR: Ou seja, neste momento a bola...
Árbitro: A bola toca na mão.
VAR: A bola aqui toca-lhe na mão.
Árbitro: Sim
VAR: E depois, de seguida, quem vai marcar é o número 23. Não é ele. Ou seja, se fosse o jogador que joga a bola com a mão a marcar teríamos obviamente de invalidar.
Árbitro: Ou seja, é só se for ele, não é?
VAR: É. Como é o outro, para mim, não há infração de mão na bola. Antes de fecharmos a decisão deixa-me só validar a fase de ataque toda que não o fiz há bocadinho.
Árbitro: Então vê por favor. Ele joga a bola com a mão e o outro remata logo e é golo.
VAR: Certo, mas não é o mesmo jogador.
Árbitro: Mete esta imagem novamente. O braço está aberto, ó Miguel. Eu sei que ele não vê a bola.
VAR: Eu percebo a interpretação, Macedo. Para mim, ele é surpreendido e leva com a bola.
Árbitro: Ó Miguel... Vamos lá. Ok. Ou seja, é noutro jogador.
VAR: É outro jogador. Se for o mesmo jogador a marcar, claramente temos que anular, passa a ser factual.
Árbitro: E eu vou dizer o quê? Que isto é natural? Ajuda-me na comunicação.
VAR: Na minha opinião, a bola
Árbitro: É que toda a gente em campo quer... Olha eu vou manter a decisão.
A explicação de João Ferreira (Conselho de Arbitragem): João Ferreira: "Uma decisão incorreta"
"O árbitro entendeu que houve infração. Aqui temos de perceber que há uma mão acidental, em que a bola vem de trás, acerta na mão do jogador do Arouca, que até está meio flácida e completamente natural. Isto não constitui infração. Só o é se for ele a seguir a marcar golo, o que não acontece. O golo é legal. Leitura correta do VAR, isto é uma mão acidental. O Carlos Macedo teve todas as ferramentas para validar este golo que tinha invalidado inicialmente. A interpretação do árbitro foi de que o braço está numa posição não natural e aberto. Não está. O que poderá ter levado a esta decisão, pode ter sido o facto do árbitro já não ter tido o discernimento necessário. Uma decisão incorreta."
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