Do Sporting 1-2 FC Porto de quarta-feira salvou-se a segunda parte e os golos, dois deles de belo efeito. Após uma primeira parte pobre com apenas um remate à baliza, as duas equipas acordaram no segundo tempo, com o FC Porto muito melhor que o Sporting, graças as mexidas operadas por Sérgio Conceição. Taremi e Evanilson mostraram eficácia, contra o grande golo de Sarabia.
Os Dragões vão para a segunda-mão da Taça de Portugal, em casa, com vantagem, e até podem perder por 1-0 que seguem em frente na eliminatória. Isto porque na Taça de Portugal, ao contrário do que instituiu a FIFA e a UEFA, os golos fora continuam a valer mais.
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Do medo de perder à pressa de resolver tudo
Sérgio Conceição explicou, na análise ao jogo, que as mudanças que fez no onze visavam condicionar a saída do Sporting. Com Otávio a descansar devido ao acumular de jogos, o técnico apresentou um 4-4-2 diferente, com quatro médios (Uribe, Vitinha, Grujic e Fábio Vieira), embora em muitos momentos fosse mais um 5-2-3, com Uribe entre os centrais, a formar um trio que se encaixava nos três da frente do Sporting. Taremi fechava entre um ala e um defesa na esquerda do ataque, Fábio Vieira fazia o mesmo do outro lado, e os médios Grujic e Vitinha encaixavam em Ugarte e Matheus Nunes.
Este jogo de encaixes, de não deixar o adversário jogar, 'amarrou' as duas equipas nos primeiros 45 minutos. Se do ponto de vista tático era interessante de se ver, aos olhos do adepto que quer espetáculo, não foi nada bonito. E pior ficou com as constantes interrupções devido ao arremesso de material pirotécnico - tochas, potes de fumo, petardos -, para o relvado, por parte de alguns adeptos afetos às claques do Sporting, que levaram a que o jogo fosse interrompido várias vezes.
Das amarras promovidas, o FC Porto conseguiu travar a saída do Sporting para o ataque no primeiro tempo, embora os Leões, a espaços e aproveitando alguns erros individuais, assustassem Marchesín em duas ocasiões. Nos primeiros 45 minutos, quatro remates apenas, três deles do Sporting, e apenas um em direção à baliza, de Ugarte que Marshesín defendeu a dois tempos. O FC Porto, a nível ofensivo, estava a ser uma nulidade.
Nessa batalha tática, parece notório que Conceição levou a melhor sobre Rúben Amorim no segundo tempo. Porque foi capaz de ir ao banco e renovar o lado direito, com João Mário e Pepê nos lugares de Bruno Costa e Fábio Vieira, ganhando assim dois jogadores capazes de dar velocidade e profundidade nesse corredor, e Otávio, para ter mais capacidade de posse e criatividade no meio-campo.
O 'foguete' de Sarabia logo aos 49 minutos (que golaço!) 'acordou' o FC Porto já que, em desvantagem, acelerou o jogo, foi à procura da felicidade, e encontrou-a com a reviravolta alcançada em apenas cinco minutos (59 e 64 minutos), com o penálti de Pedro Porro sobre Evanilson que Taremi não desperdiçou, e com o golaço de Evanilson na melhor jogada ofensiva dos Dragões, criada exatamente pelo corredor direito pelos dois jogadores que entraram para a ala na segunda parte. O lance nasce de uma recuperação de Taremi que vai ainda à área assistir Evanilson com muita classe.
Quando se esperava a reação leonina, foi o FC Porto quem, curiosamente, esteve mais perto de fazer o 3-1 (oportunidades de Toni Martinez e Otávio) do que o Sporting o 2-2.
Rúben Amorim até tinha arriscado com Marcus Edwards por Nuno Santos e depois com Slimani no lugar de Neto, mas o Sporting 'morreu' ofensivamente. A equipa desequilibrou-se, tornou-se incapaz de travar as saídas do FC Porto, que passou a encontrar muito espaço para sair da pressão, ligar jogo e chegar à área contrária.
Uma segunda parte muito melhor do FC Porto, que fez todos os seus três remates à baliza nesse período, com dois deles a acabar em golo. Os Dragões acabaram mais rematadores que o Sporting, com oito tiros, depois de apenas terem feito um no primeiro tempo. O Sporting terminou com cinco remates, mas apenas dois no segundo tempo, todos em direção à baliza. Um deu golo, outro ficou no voo de Marchesín.
O jogo valeu pelo golaço de Sarabia a abrir o segundo tempo e pela bela jogada que terminou no 2-1 do FC Porto. A primeira parte é para esquecer.
Ao terceiro duelo entre FC Porto e Sporting esta época, finalmente tivemos um vencedor, após os empates no campeonato (1-1 em Alvalade e 2-2 no Dragão).
Dia 20 de abril fecha-se o capítulo das batalhas entre Dragões e Leões. O Sporting terá de marcar, no mínimo, dois golos porque, ao contrário do que acontece em todas as provas da FIFA e UEFA, por exemplo, na Taça de Portugal os golos fora continuam a ter peso na eliminatória. Logo, o FC Porto até pode perder por 1-0 que se apura para a final. Os Leões precisam de marcar dois e sofrer no máximo um para empatar a eliminatória, ou marcar dois e não sofrer nenhum e passar. Um 3-2 leonino em casa do Dragão também apura os homens de Amorim.
Momento-chave: Marshesín trava novo empate
O relógio marcava 90+3 minutos, ou seja, o terceiro dos oito de compensação dados por Artur Soares Dias quando Marchesín foi chamado para segurar a vitória portista. Livre lateral descaído para a esquerda de Pedro Porro, Coates a fazer-se valer dos seus 1.96 metros para um cabeceamento que levava selo de golo. Marshesín assim não quis.
Os Melhores: dupla atacante portista
A reviravolta do FC Porto passou pelos seus dois goleadores: Evanilson ganhou a grande penalidade que Taremi converteu para o empate. Evanilson carimbou a reviravolta após passe de calcanhar de Taremi. Um golo e uma assistência para cada um, num jogo que pouco prometia, principalmente na primeira parte. Os dois avançados dos Dragões tiveram poucas oportunidades mas as que conseguiram, converteram em golo.
Em 'noite não': Incapacidade do Leão em acordar numa noite com mais petardos que remates
Esperava-se que o Sporting fosse capaz de empurrar o FC Porto para perto da sua área, quando se viu em desvantagem, mas equipa desapareceu em campo. Muitos passes falhados, muita precipitação, pouco discernimento e capacidade para entrar no último reduto portista. Até foi o FC Porto quem esteve melhor, quando se apanhou a ganhar. Quem entrou - Slimani, Marcus Edwards e Daniel Bragança nada acrescentaram ao jogo do Sporting.
De negativo ainda o atirar de material pirotécnico para o relvado, assim como bolas de golfe, por parte de alguns elementos ligados às claques do Sporting. Começou logo após o apito inicial, continuou durante a primeira parte e ainda na segunda, mesmo quando o Sporting precisava de dar a volta ao resultado. Petardos, potes de fumo, tochas, tudo foi atirado para a baliza defendida por Adán na primeira parte e Marchesín na segunda.
Reações
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