Mais do mesmo no sábado, por favor. Será este o repto que os amantes do futebol deixarão a Benfica e Sporting, depois de o primeiro de dois duelos seguidos entre os grandes rivais de Lisboa ter proporcionado um espetáculo emotivo, com grandes golos, lances de grande requinte técnico e incerteza no desfecho até ao fim.
Desta vez, quem acabou por sorrir foi o Sporting. Mas teve de sofrer. E muito. Com uma ligeira vantagem trazida da primeira mão (que acabou por se revelar decisiva) a turma verde e branca viu o Benfica mostrar uma força que ainda não havia mostrado em nenhum dos dois anteriores embates da época entre os dois emblemas (mesmo tendo vencido um deles). E, ao mostrar essa força, o Benfica empurrou o Sporting para a sua área praticamente durante todos os 45 minutos. Foi infeliz ao sair para o intervalo com o nulo ainda no marcador, tendo feito por merecer outro resultado no primeiro tempo, ao enviar uma bola à trave e ver Franco Israel brilhar na baliza leonina.
O futebol, porém, é assim. E também se joga nos bancos. Amorim mexeu na equipa e surpreendeu o adversário nos instantes iniciais do segundo tempo. Gyokeres até estava apagado, mas o sueco só precisa de um instante para aparecer e fazer a diferença. Desta feita não marcou, mas assistiu Morten Hjulmand (que bela exibição fez o dinamarquês na Luz) para um grande golo. Estava aberto o marcador e dado o mote para uma segunda parte de loucos.
Apesar do duro golpe, que terá sabido a injustiça, o Benfica não se deixou ficar. Respondeu e empatou, por Otamendi, de cabeça. Só que, logo a seguir, novo golpe na águia. Numa altura em que a Luz ainda festejava o 1-1, Paulinho mostrou os dentes e fez o 1-2, recolocando o Sporting na frente do jogo e ainda mais na liderança da eliminatória. O Benfica, por breves instantes, sentiu esse golpe e Gyokeres quase infligiu outro, definitivo, mas a bola raspou na trave e saiu para fora. Recompôs-se a turma da casa e voltou a marcar. Numa jogada coletiva deliciosa, Rafa encostou para o 2-2. Mas não chegou. O terceiro ainda esteve à vista num remate de Di Maria defendido por Franco Israel, mas o Sporting acabou mesmo por resistir e segurar o empate que lhe chegava. A 26 de maio os leões vão estar no Jamor, onde não estavam desde 2019.
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O jogo: Luz verde para o Jamor, depois de sofrer a bom sofrer
A jogar em casa e a precisar de inverter o resultado da primeira mão, o Benfica - que desta feita apostou em Tengstedt como homem mais avançado - assumiu as despesas do jogo e praticamente a partir do apito inicial (a excelão foi um cabeceamento por cima de Hjulmand aos 5 minutos) remeteu o Sporting ao seu meio-campo. Os leões - que voltaram a ter Daniel Bragança no meio-campo e apostaram em Esgaio para a ala direita - não conseguiam colocar no relvado o seu futebol habitual . Mal a bola passava dos seus defesas, o Benfica, com uma pressão intensa no centro do terreno, recuperava o esférico. A turma de Rúben Amorim sentia-se sufocada.
Com tanta pressão e um domínio crescente, as oportunidades de golo para o Benfica foram surgindo. Duas delas bem claras. Na primeira, Tengstedt, isolado, tocou a bola com classe por cima de Franco Israel, mas o esférico bateu na barra. Na segunda, Di Maria, solicitado por um grande passe de Aursenes, surgiu isolado ao segundo poste, mas permitiu a defesa do guarda-redes uruguaio. E o nulo persistiu.
Ao intervalo, Rúben Amorim lançou St.Juste para o lugar de Diomande (em noite não) e mudou os alas: Matheus Reis por Nuno Santos, Catamo por Esgaio (a entrada do moçambicano mexeu, e muito, com o jogo, criando dores de cabeça até então inexistentes à defesa encarnada). O Benfica demorou uns minutos a ajustar-se. O suficiente para o Sporting marcar dois golos. No primeiro, St.Juste, com um grande passe, desmarcou Gyokeres na direita e este assistiu Hjulmand para um golo de belo efeito. No segundo, também pela direita, Catamo entrou na área, cruzou de trivela, Trubin defendeu para a frente e Paulinho não perdoou na recarga.
Pelo meio o Benfica até marcou, por Otamendi, no seguimento de um canto, após cruzamento perfeito de David Neres, mas os danos estavam lá. E, apesar de as águias até ainda terem voltado a marcar, por Rafa, na conclusão de uma bonita jogada entre Neres e Bah, e de Di Maria ter visto Israel voltar a negar-lhe aquele que seria o 3-2 e o igualar da eliminatória, esses danos - causados pelos dois golos do Sporting em dez minutos a abrir a segunda parte - acabaram por se revelar mesmo irreparáveis para a turma de Roger Schmidt que, ainda assim, se despediu da Taça de cabeça erguida e aplaudida de pé. Uma eliminação amarga que, ainda assim, terá servido para reconciliar a equipa com os adeptos, em vésperas de mais um importantíssimo duelo com o mesmo rival.
O momento: Israel segura o empate
A segunda parte estava a ser de loucos. A cada golo do Sporting, o Benfica respondia com outro. E, empolgadas pelo seu segundo golo e pelos seus adeptos, as águias voltaram a encostar os leões à sua área à entrada para os 20 minutos finais. Aos 72 minutos esteve à vista o 3-2. Mas Franco Israel não deixou. Remate em arco de Di María, ao seu estilo, colocadíssimo, a tentar tirar a bola do alcance do guarda-redes uruguaio que, contudo, voou para a sua direita e defendeu para canto. Uma defesa importantíssima, numa das últimas reais oportunidades que o Benfica criou para igualarem a eliminatória.
O caso: Coates derruba Di María?
Num jogo com tantas emoções e incertezas no marcador, não podia faltar a polémica. E o lance mais polémico surgiu aos 72 minutos: Rafa caiu na área do Sporting num duelo com Coates, João Pinheiro deixou seguir e, depois de conversar com o VAR, manteve a decisão.
O melhor: Dinamarquês sereno tranquilizou mar revolto
Franco Israel brilhou na baliza leonina com duas grandes defesas. Coates foi imperial pelo ar. João Neves esteve, como sempre, em grande e em todo o lado no Benfica e a seu lado teve um Florentino que recuperou muitas e muitas bolas. Mas ninguém terá sido mais determinante para o desfecho da eliminatória e para o suado êxito do Sporting do que Morten Hjulmand. Num Sporting que se viu em águas revoltas, o dinamarquês acabou por ser muitas vezes um porto seguro. Ajudou a defender, tentou transmitir tranquilidade e, claro, marcou um golo de belo efeito, num bonito e indefensável remate, determinante para uma segunda parte um pouco mais tranquila por parte dos leões.
As reações
- Amorim reconheceu supremacia do Benfica, Paulinho destacou o espírito de união
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