Treinadores e futebolistas do Estrela da Amadora acreditam que as equipas podem terminar a presente época desportiva, apesar de o Tribunal de Sintra ter decretado a liquidação do clube, e lamentam a indefinição quanto ao futuro.
Com o fim da equipa de seniores devido aos vários problemas financeiros que afectaram o clube, o Estrela da Amadora vive hoje da formação de jovens atletas, distribuídos nos vários escalões etários.
Carlos Henriques é actualmente a cara do emblema que já lançou para a ribalta futebolistas com carreiras internacionais, como o actual seleccionador nacional, Paulo Bento, o aposentado Abel Xavier ou o atleta do Valência Miguel.
Reformado, o responsável pelas camadas jovens dedica o seu tempo, por “amor ao clube”, na organização e planificação dos jogos dos mais de 180 jovens que alinham nas nove equipas do Estrela da Amadora.
Com o futuro do clube ainda incerto, Carlos Henriques acredita que as várias equipas vão terminar esta época desportiva, até porque ainda há verbas que o permitem, «e depois se verá» se continuam a existir.
«Fala-se que o clube vai fechar no fim do mês, mas não há nada em concreto. Penso que, pelo menos, acabamos a época e até já tenho viagem marcada para a Madeira, a 5 de Março, onde vamos jogar contra o Nacional», disse o responsável à agência Lusa.
Na quinta-feira, foi dia de treinos dos infantis e alguns pais deslocaram-se à Reboleira para deixar os seus filhos no treino. Alguns disseram à agência Lusa estarem preocupados com a indefinição que gira em torno da falência deste emblema.
«Não sabemos se o clube acaba agora, se no final da época, ou se é que alguma vez vai acabar. Espero que não, porque é muito importante os jovens deste concelho terem ocupação e poderem jogar futebol», disse um dos pais.
Também os treinadores admitem a preocupação. Tiago Ventura treina actualmente a equipa b dos infantis, e espera continuar o trabalho de formação. Ainda jovem, espera um dia atingir os grandes palcos e, a par dos miúdos, também a sua formação técnica está em risco.
«O futuro é incerto e se o clube fechar tem um impacto social muito grande. Os miúdos não falam muito nisso, mas os pais querem saber o que é que fazem aos filhos se o clube acabar», disse.
Aos 18 anos, o júnior Ricardo Pinto sabe que esta será a última época a envergar a camisola do Estrela. Com o fim da equipa de seniores, é obrigado a continuar a profissão noutro clube.
«Se não fossem estes problemas todos, se calhar para o ano estava a treinar com a equipa de seniores. Isso prejudicou as minhas perspectivas de carreira, porque quando vim para aqui o Estrela era um grande clube», sublinhou o jovem.
Ricardo Pinto é um dos muitos jovens que treinam no Estrela da Amadora e que residem fora deste município. As duas e três deslocações semanárias de Sintra para a Amadora «valiam a pena», uma vez que o estatuto do clube abria portas ao sonho de um dia atingir outros patamares.
O plano de recuperação do Estrela da Amadora foi chumbado pelos credores, pelo que o Tribunal do Comércio de Sintra determinou a liquidação do clube, cujo património será colocado em hasta pública para venda.
Por não cumprir os requisitos estabelecidos pela Federação Portuguesa de Futebol no processo de inscrição nas provas de seniores, o Estrela da Amadora, 10.º na II Divisão Nacional na época de 2009/10, apenas compete nesta época nos escalões jovens, pela primeira vez desde que foi fundado, em 1932.
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