Os ex-futebolistas Filipe Falardo e Bruno Militão creem que a desistência do Alverca das competições profissionais em 2005 prejudicou as carreiras de vários campeões nacionais sub-19 de 2001/02, considerando a transição dos juniores para os seniores hoje melhor.
Ex-jogador de 39 anos, Filipe Falardo, que marcou três golos no triunfo por 5-2 sobre o Vitória de Setúbal que assegurou o inédito título aos ribatejanos, foi emprestado ao Benfica B e ao Lourinhanense nas duas épocas seguintes e ganhou espaço no Alverca de 2004/05, tendo contribuído para a permanência classificativa na II Liga, antes de o clube desistir das competições profissionais em 2005, devido a problemas financeiros.
“Foi uma grande facada, porque estávamos à espera de começar a época seguinte. Numa questão de duas ou três semanas, ligaram-nos a dizer que o Alverca não ia ter mesmo verbas e que ia fechar. E então, aqueles 20 e tal jogadores, com algumas perspetivas de fazerem uma nova época numa II Liga, ficaram sem clube. Foi complicado arranjarem clube à última hora. Foi quando eu depois rumei ao Olivais e Moscavide”, recorda, em declarações à Lusa.
Dos 25 elementos que constituíam o plantel campeão nacional sub-19 em 2001/02, Filipe Falardo foi um dos quatro jogadores que competiram na I Liga – 68 minutos no FC Porto–Alverca (1-0), de 25 de abril de 2004 -, a par de Amoreirinha, que somou 11.071 minutos em 140 jogos, de Artur Futre, que somou 828 minutos em 17 partidas, e de Osvaldo que participou num jogo (62 minutos).
Ao contrário de Filipe Falardo, o antigo defesa Bruno Militão nunca jogou no escalão principal, tendo representado o Lourinhanense nas duas épocas que se seguiram ao título, emprestado, antes de regressar ao Alverca para disputar 16 jogos em 2004/05 e de se ver sem clube no início da temporada seguinte.
“Foi um momento muito cruel, em que estava a fazer a minha caminhada normal, estive dois anos numa equipa B [Lourinhanense], depois vou para a II Liga e conseguimos manter a equipa. Tinha mais um ano de contrato. Seria um ano bom, um ano também de afirmação, e o clube entra na falência. A maioria de nós fica sem clube ou com clubes que depois tornam a nossa vida um bocado mais dura.”
O antigo defesa lembra ainda que “havia poucos plantéis abertos” para receberem jogadores, pelo que vários jogadores do Alverca ingressaram nos respetivos clubes como “segundas opções”, escolhendo destinos que “não deveriam ter escolhido”.
Integralmente formado no Alverca, Bruno Militão jogou depois em clubes como Carregado, Peniche, UD Rio Maior e Torreense, enquanto Filipe Falardo, um dos campeões dispensado pela formação dos ‘grandes’ – no seu caso, o Sporting – jogou na II Liga, pelo Olivais e Moscavide e pelo CD Fátima, e no terceiro escalão, no Atlético, no Farense ou no Cova da Piedade.
Ciente da “grande diferença de ritmo competitivo” entre o futebol de formação e o futebol sénior, o antigo médio crê que os juniores de agora têm “a vantagem das equipas B e sub-23, em existe tempo para crescer e para evoluir”, pelo que acredita numa maior percentagem de “sucesso” entre os atletas que garantiram o inédito título nacional sub-19 para o Famalicão, em 27 de maio.
“Destes jogadores todos que foram campeões, um maior número vai ter sucesso. Não estou a dizer que cheguem aos ‘grandes’, mas vão ter uma carreira mais consistente do que tivemos. (…) Têm tudo para que o resultado não seja igual aos jogadores do Alverca. É isso que espero”, reitera.
Também convencido de que hoje “não há tanto medo de apostar nos ‘miúdos’ como havia” e de que o Famalicão dá “infraestruturas e suporte” aos recém-consagrados campeões, Bruno Militão lembra que o Alverca, à época, também já tinha “uma estrutura muito profissionalizada” na formação, com psicólogo e “preocupações” quanto ao gabinete médico.
E o empréstimo dos jogadores saídos da formação ao Lourinhanense, “uma equipa B” do Alverca, onde dispunham de “casa, comida, e um ambiente também controlado”, permitiu-lhes evoluir sob o comando do treinador Carlos Pereira, que passara pelo Sporting, recorda o antigo defesa central.
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